Pelas várias intervenções
dos oradores do painel, comprova-se que, contrariamente ao que muitas vezes se
quer fazer crer, a economia não tem que estar acima dos interesses das
sociedades, colocando em primeiro lugar a economia e só depois as pessoas e as
suas necessidades. Este é o pensamento que considera legítimo despedir
trabalhadores, violar direitos adquiridos e promover a precariedade.
Os Verdes rejeitam por completo esta ideia e, em
oposição, colocam as pessoas no centro da economia e defendem que esta deve
servir as pessoas e não o contrário.
Lisboa tem mais de 600 mil trabalhadores, sendo que mais
de 400 mil vêm de concelhos vizinhos. Lisboetas desempregados, estima-se que
sejam mais de 30 mil.
É evidente que o modelo económico que se instalou não serve o bem-estar da humanidade nem garante o seu futuro. Estrangulou-se a produção nacional, esqueceu-se o direito ao trabalho com direitos, deslocalizaram-se empresas em busca de mão-de-obra mais barata. A pretexto de pôr Lisboa a funcionar, visando atingir sempre mais lucros a qualquer preço, elitizaram-se determinados locais, desertificaram-se partes da cidade, empurrou-se para fora da cidade quem cá nasceu e queria continuar, ou quem aqui decidiu viver. Planeou-se e ordenou-se a cidade para gerar lucro. O que verdadeiramente importa, já há muito ficou para trás.
Lisboa tem assistido ao encerramento do comércio tradicional,
à privatização de empresas públicas com sede na cidade e ao encerramento de
serviços públicos, à diminuição de postos de trabalho, com a própria redução da
actividade e do serviço público da autarquia, através da externalização de
alguns serviços municipais, nomeadamente nas áreas da higiene e limpeza, dos
espaços verdes, da cultura e do espaço público.
Contratos a termo, falsos recibos verdes, bolsas de
investigação, estágios profissionais, e Contratos de Emprego-Inserção não são políticas de
emprego com futuro, são uma forma precária para suprir necessidades de trabalho
permanentes.
Também já aqui se falou do turismo.
O sector do turismo pode ser uma oportunidade, mas não pode estar
desregulamentado e promover a precariedade nas relações laborais, favorecendo
os interesses dos grandes negócios em detrimento dos direitos dos residentes e
comerciantes.
A criação de empresas que não
promovam a sustentabilidade no emprego, mas apenas postos de trabalho precários
não é de todo desejável. Não é aceitável, porque não evita situações de
insegurança, de precariedade e de falta de apoios para que as empresas possam
crescer e contratar de forma mais permanente. Se o futuro for incerto, cria-se
mais instabilidade laboral.
Perante
tudo isto, Os Verdes consideram urgente promover um desenvolvimento
sustentável, assente na humanização da economia e orientado para a satisfação
das necessidades reais das famílias.
E isso só se consegue com a economia ao serviço das
pessoas.
Para terminar, deixamos
ainda uma pergunta para reflexão: até que ponto isso está a ser precavido em
Lisboa?
Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes”
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