11/10/2016

1ª Intervenção no Debate Temático – A Economia na Cidade e o Trabalho, na Assembleia Municipal de Lisboa em 11 de Outubro de 2016


 
             Pelas várias intervenções dos oradores do painel, comprova-se que, contrariamente ao que muitas vezes se quer fazer crer, a economia não tem que estar acima dos interesses das sociedades, colocando em primeiro lugar a economia e só depois as pessoas e as suas necessidades. Este é o pensamento que considera legítimo despedir trabalhadores, violar direitos adquiridos e promover a precariedade.

            Os Verdes rejeitam por completo esta ideia e, em oposição, colocam as pessoas no centro da economia e defendem que esta deve servir as pessoas e não o contrário.

            Lisboa tem mais de 600 mil trabalhadores, sendo que mais de 400 mil vêm de concelhos vizinhos. Lisboetas desempregados, estima-se que sejam mais de 30 mil.
 
            É evidente que o modelo económico que se instalou não serve o bem-estar da humanidade nem garante o seu futuro. Estrangulou-se a produção nacional, esqueceu-se o direito ao trabalho com direitos, deslocalizaram-se empresas
em busca de mão-de-obra mais barata. A pretexto de pôr Lisboa a funcionar, visando atingir sempre mais lucros a qualquer preço, elitizaram-se determinados locais, desertificaram-se partes da cidade, empurrou-se para fora da cidade quem cá nasceu e queria continuar, ou quem aqui decidiu viver. Planeou-se e ordenou-se a cidade para gerar lucro. O que verdadeiramente importa, já há muito ficou para trás.  

            Lisboa tem assistido ao encerramento do comércio tradicional, à privatização de empresas públicas com sede na cidade e ao encerramento de serviços públicos, à diminuição de postos de trabalho, com a própria redução da actividade e do serviço público da autarquia, através da externalização de alguns serviços municipais, nomeadamente nas áreas da higiene e limpeza, dos espaços verdes, da cultura e do espaço público.

            Contratos a termo, falsos recibos verdes, bolsas de investigação, estágios profissionais, e Contratos de Emprego-Inserção não são políticas de emprego com futuro, são uma forma precária para suprir necessidades de trabalho permanentes.

            Também já aqui se falou do turismo. O sector do turismo pode ser uma oportunidade, mas não pode estar desregulamentado e promover a precariedade nas relações laborais, favorecendo os interesses dos grandes negócios em detrimento dos direitos dos residentes e comerciantes.

            A criação de empresas que não promovam a sustentabilidade no emprego, mas apenas postos de trabalho precários não é de todo desejável. Não é aceitável, porque não evita situações de insegurança, de precariedade e de falta de apoios para que as empresas possam crescer e contratar de forma mais permanente. Se o futuro for incerto, cria-se mais instabilidade laboral.

            Perante tudo isto, Os Verdes consideram urgente promover um desenvolvimento sustentável, assente na humanização da economia e orientado para a satisfação das necessidades reais das famílias.

            E isso só se consegue com a economia ao serviço das pessoas.
            Para terminar, deixamos ainda uma pergunta para reflexão: até que ponto isso está a ser precavido em Lisboa?


Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

Sem comentários: