18/02/2016

Intervenção do PEV na Declaração política sobre a Maternidade Alfredo da Costa, proferida em 16 de Fevereiro de 2016


 
A Maternidade Alfredo da Costa é uma maternidade pública, com mais de 80 anos de funcionamento e onde já nasceram centenas de milhares de bebés, que continua a registar o maior número de nascimentos do país e onde é assistido o maior número de bebés prematuros e de grávidas de risco.

Ao longo destes anos tem desenvolvido importantes valências e especializações na área materno-infantil, apenas possíveis pela concentração de cuidados de saúde.

Mas a Maternidade Alfredo da Costa é muito mais. Tem um conjunto de serviços de excelência e é, também por isso, um contributo essencial para o progresso extraordinário que o nosso país tem tido a nível de indicadores de saúde materno-infantis.


No entanto, após o Estado ter investido milhões de euros a melhorar esta maternidade, o anterior Governo decidiu que a MAC iria fechar portas. Decidiu que ia desagregar e destruir todo o vasto trabalho construído e consolidado ao longo de décadas, dispersando os cuidados e profissionais de saúde por outras unidades hospitalares, quando até já se sabe que não terão condições para os receber.

Isto foi decidido revelando um completo desrespeito e desprezo pelos trabalhadores, pelos utentes e pela população em geral. O objectivo era cortar na despesa, mesmo que isso prejudicasse cuidados e assistência de qualidade, distribuísse os profissionais por vários hospitais, levasse alguns ao desemprego e, se fosse possível negociar o edifício, tanto melhor para o então ministro da saúde.

O anterior governo não tinha um só argumento válido para justificar esta opção. Até do ponto de vista económico seria um erro pois era preciso gastar muito dinheiro para reconstruir a excelência desta instituição. Por isso, o que se pretendia era desmembrar e destruir esta maternidade como a conhecemos.

Como é natural, nunca se percebeu como se poderia destruir uma instituição tão importante e valiosa, razão pela qual surgiu de imediato uma forte contestação a esta decisão.

De facto, o encerramento da MAC tem estado envolto em polémica desde o seu anúncio. Por vontade do governo PSD/CDS tinha fechado logo, não fosse um grupo de cidadãos ter entregue uma providência cautelar que acabou por estar na origem da suspensão de todo este processo, por decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa.

Na altura, o Ministério da Saúde invocou 116 argumentos para encerrar a Maternidade, mas não chegaram para convencer o Tribunal que decidiu, uma vez que parte dos serviços já estava a ser transferida para o Hospital D. Estefânia, que essa transferência devia ser suspensa de imediato, mantendo-se na Maternidade Alfredo da Costa.

É fácil perceber que este encerramento representaria graves consequências para o serviço de saúde pública, não só para Lisboa mas para todo o país e, para “Os Verdes”, a Câmara Municipal de Lisboa não deve pactuar com esse erro, devendo assumir uma posição clara e firme em defesa da Maternidade Alfredo da Costa.

Recentemente, o Tribunal Administrativo do Sul declarou extinta a acção relativa ao encerramento da maternidade, anunciando, portanto, que não deverá encerrar, pelo menos até que seja construído o novo hospital.

É certo que, por agora e até que seja construído o novo Hospital Oriental de Lisboa, a situação parece estar resolvida pois as decisões judiciais têm ido ao encontro do não encerramento da MAC, pois é inconcebível liquidar uma unidade de saúde de excelência e tão necessária para a população em geral e as mulheres e crianças em particular.

Para “Os Verdes” a questão fundamental é garantir que a MAC não encerra e que a construção do futuro hospital, que ainda não se sabe quando vai acontecer, não pode ser motivo para que a Maternidade feche portas.

Para nós, este novo hospital deve servir para dar resposta às necessidades já há muito sentidas a nível de cuidados de saúde na cidade de Lisboa e a MAC deve continuar a dar resposta às necessidades a nível dos cuidados de saúde materno-infantil.

Encerrar a MAC não é apenas uma simples reestruturação. Se a maternidade encerrar não vai ser possível, com a mesma capacidade de resposta, ter o mesmo número de camas e a qualidade do trabalho ali realizado.

Tudo isto é possível porque a MAC tem autonomia a nível de gestão e direção e até no plano financeiro, autonomia que lhe permite ter capacidade para desenvolver competências próprias.


A possibilidade de integração da MAC no Hospital Oriental, tal como estava perspectivado pelo anterior governo, não salvaguarda a maternidade nem tudo o que ela representa como unidade integrada, autónoma e com vocação específica para a saúde materno-infantil.

A construção do novo Hospital, caso venha a ser uma PPP, não pode justificar o fecho da Maternidade Alfredo da Costa, algo com que “Os Verdes” discordam totalmente, nunca terá as condições mínimas para substituir a MAC, e a maternidade, como a conhecemos, vai acabar.

Para “Os Verdes” é desejável e possível assegurar que esta instituição continuará o seu excelente trabalho, com resultados de referência no atendimento a grávidas, recém-nascidos e famílias, acautelando o interesse público e dos cidadãos.

Para concluir, com esta decisão do tribunal, esperamos que haja de novo alguma sensatez na gestão deste processo, e esse é também o objectivo desta declaração política de “Os Verdes”: contribuir para a sensibilização e para a necessidade de haver uma convergência de forças em defesa da MAC, como maternidade pública e de referência.

 
Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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