Em primeiro
lugar, “Os Verdes” salientam a
importância da realização deste debate sobre a 2ª Circular, por ser uma matéria
fundamental para o desenvolvimento da cidade e para a qualidade de vida das
populações, e saúdam a Assembleia Municipal por mais esta iniciativa.
Concordamos,
por isso, com os objectivos propostos se tiverem em conta a melhoria da mobilidade,
com mais segurança e sustentabilidade ambiental nesta via estruturante da
cidade.
Pela 2ª
Circular passam diariamente 105 mil veículos, sendo neste momento a estrada da
capital com maior nível de sinistralidade, a que se juntam outros problemas,
como a poluição atmosférica e sonora, o pavimento danificado e a dificuldade no
escoamento do tráfego. Além disso, é uma barreira que divide a cidade e que não
permite que haja uma aproximação da vivência urbana.
Por tudo
isso, justifica-se uma intervenção urgente que dê resposta a estes problemas.
Não nos podemos conformar, como autarcas e como cidadãos, com uma via dentro da
cidade de Lisboa que apresenta tantos problemas sem se fazer nada para os
resolver.
No entanto,
temos algumas reservas que consideramos devem ser tidas em conta pelo Município.
Se a redução
de carros for de apenas menos 10%, como foi avançado pelo coordenador da equipa
que elaborou a proposta, em vez dos 19% anunciados, é pouco. E a nossa questão
aqui é: se finalmente se vai fazer uma intervenção na 2ª Circular, se estamos
aqui perante uma oportunidade de melhorar esta via, por que não assume a
autarquia que a prioridade é, porque tem mesmo de ser, a redução do número de viaturas?
Podemos
andar aqui às voltas com propostas, mas a mobilidade em Lisboa só se resolve
quando houver uma efectiva e eficiente rede de transportes públicos colectivos,
com qualidade, confortáveis, com uma oferta adequada e a preços socialmente
justos. Até lá, estamos a perder tempo e meios, sem encontrarmos soluções
sustentáveis.
É por isso
que defendemos que a Câmara deve promover e sensibilizar o Governo para a introdução
na 2ª Circular de um transporte público colectivo, por exemplo, eléctrico
rápido ou metro de superfície, ligando interfaces de transportes, eventualmente
do aeroporto até à estação da CP de Benfica, podendo ser prolongado até Algés.
Esta é, para “Os Verdes”, a questão
fundamental, porque só se resolve o problema do trânsito com uma rede de
transportes públicos adequada, a que se deve juntar, naturalmente, a criação de
bolsas de estacionamento nos limites da cidade.
Consideramos
também que as alterações a implementar na 2ª Circular terão impactos nas vias
adjacentes e, de uma forma geral, no conjunto da cidade, pois não nos podemos
esquecer que não há assim tantas alternativas a esta via. E defendemos, também,
que esta requalificação tem de ser enquadrada num plano, numa visão global da
cidade, algo que deverá ser articulado a nível da Área Metropolitana de Lisboa.
Em
conclusão, este ou outro qualquer projeto para a requalificação da 2ª Circular será
sempre incompleto e insuficiente se não tiver em conta reais alternativas ao
uso do transporte individual. Não basta apenas transferi-lo para outras vias já
congestionadas ou embelezar a 2ª Circular plantando árvores, sem primeiro
oferecer soluções de mobilidade alternativa para Lisboa e os concelhos
limítrofes.
Daí que,
para “Os Verdes”, deste debate devem resultar
recomendações à CML que não fiquem na gaveta, mas que o Município as tenha em
conta na versão final do projecto.
Cláudia Madeira
Grupo Municipal
de “Os Verdes”
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