08/03/2010

Dia da Mulher: Discriminações laborais são ainda realidade



Disparidades chegam a 30 por cento

Assinala-se esta segunda-feira os cem anos do estabelecimento do dia 8 de Março como O Dia Internacional da Mulher, importa lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres numa altura em que relatórios nacionais e internacionais continuam a demonstrar que as disparidades entre os dois sexos são ainda uma realidade.

O boletim estatístico do gabinete de estratégia e planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social português revela que, em Abril de 2009, 12,1 por cento das mulheres recebiam o ordenado mínimo nacional contra 5,3 por cento dos homens na mesma situação.
O mesmo documento, revela que em média os homens portugueses recebem 1 220 euros por mês enquanto os salários das mulheres rondam os 933 euros, quase 300 euros a menos.

Também segundo Lusa Natividade Coelho, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), as mulheres trabalham mais 16 horas por semana do que os homens, porque são ainda as responsáveis por cuidar dos filhos e das tarefas domésticas.

Fonte:Diário Digital/Lusa


Facto Histórico
Dia Internacional da Mulher
Com a revolução industrial há uma integração maciça da mulher no mundo do trabalho. De facto, desde os princípios do século XIX que as mulheres entram maciçamente na indústria têxtil, onde sofrem uma exploração violenta: os salários são metade dos salários dos homens, o horário de trabalho é de 16 a 18 horas por dia. A entrada das mulheres, no mundo do trabalho, veio influir fortemente no questionamento da relação homem/mulher, alterando o papel da família e, nesta, o papel da mulher.
Era a época das jornadas de trabalho de 16 horas na indústria do vestuário, com salários miseráveis. Aqui e acolá, há operários que conseguem a jornada de trabalho de 10 horas. Os primeiros sindicatos acabam de nascer. Depois desta data, haverá mais um sindicato, feminino desta vez.
O movimento sindical, em geral ainda considera o trabalho das mulheres fora do lar como um trabalho acidental e complementar. O trabalho da mulher é considerado concorrente ao do homem e defende-se a melhoria dos salários dos homens para que a mulher regresse ao lar. No entanto, o trabalho da mulher é cada vez mais uma realidade e as mulheres participam e desenvolvem lutas próprias para melhores condições de trabalho.
Em 1887, no Congresso Constitutivo da II Internacional Socialista em Paris, é proclamado o direito da mulher ao trabalho, em condições de igualdade com os homens. Na mesma época, finais do século XIX, na Grã-Bretanha, a luta das mulheres ganha nova força com uma palavra de ordem principal: direito de voto para as mulheres. Mas esse direito só lhes será dado, parcialmente, em 1918 e totalmente em 1928.
No dia 8 de Março de 1857, em Nova Iorque, algumas centenas de mulheres, operárias do vestuário e do calçado, desfilaram pelas ruas da cidade. Em vez das 16 horas de trabalho, reivindicavam "dia de 10 horas, oficinas claras e sãs para trabalhar e os salários iguais aos dos alfaiates". São carregadas pela polícia, espezinhadas, presas.
Em 1910, no Congresso Internacional Socialista de Copenhaga, Clara Zetkin propõe que seja comemorado, todos os anos, um dia como sendo o Dia Internacional das Mulheres, e que esse dia seja o dia 8 de Março: "Em nome das nossa irmãs americanas, para exigir os nossos direitos e exprimir a solidariedade e o amor pela paz que nos une".
Em 1911, mais de um milhão de mulheres celebram esse dia. Só em Berlim (Alemanha) fizeram-se 42 encontros que reuniram 40 a 50 mil mulheres.
Em 1914, na França e na Alemanha, o dia 8 de Março foi festejado como uma jornada de luta contra a guerra e pela libertação de Rosa Luxemburg.
Em 1915, Alexandra Kolontai organiza, em Berna, uma manifestação contra a guerra, enquanto Clara Zetkin faz uma conferência de mulheres. E por todo lado, mulheres italianas, russas, polacas, alemãs, holandesas, inglesas, apelam contra a guerra em plena guerra mundial.
Em 1917, as mulheres de Petrogrado descem, em massa, às ruas para reclamar o fim da guerra. Convidam o povo a unir-se a elas e a cidade subleva-se. Será o princípio da Revolução de Fevereiro.
Foram estes alguns dos primeiros passos de uma comemoração, que chega aos nossos dias como uma expressão mundial de mulheres em prol dos seus direitos.
Em Portugal, a preocupação pela situação das mulheres e defesa dos direitos foi uma preocupação latente e esporadicamente manifesta em várias épocas.
Actualmente, em Portugal, as mulheres constituem mais de metade da população e dos eleitores, quase metade da população activa, mais de metade dos trabalhadores intelectuais e científicos e a maioria dos contribuintes.

Fonte: MDM - Movimento Democrático das Mulheres












Sem comentários: