31/08/2007

Seca e escassez de água em debate

Começa nesta 6ª fª à noite no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, uma reunião entre os ministros do Ambiente, no âmbito da presidência portuguesa da UE. Em debate estarão “as ferramentas financeiras da Europa para lidar com os fenómenos da escassez de água e da seca” 1.
O documento em discussão, produzido em Julho, indica que a escassez de água afecta 33 rios, ou seja, 12% do território comunitário. Com efeito, perante as alterações climáticas em curso, pelo menos 20% da população europeia, ou seja, 100 milhões de pessoas têm sido afectadas por ocorrências severas de seca. Segundo o documento que servirá de base à discussão dos ministros do Ambiente europeus, estima-se ainda que o impacto económico da seca nos últimos 30 anos ultrapasse os 100 mil milhões de euros, dado que 37% do território europeu, pelo menos 800 mil km2, já foram prejudicados por esta situação. Recorde-se ainda que em Portugal, cerca de 40% da água potável é perdida ao longo do sistema público de abastecimento.
As soluções para o problema poderão porém não evoluir para posições socialmente sustentáveis, pelo que as associações portuguesas de ambiente reivindicam para já que as “verdadeiras soluções” passem pela adequação dos tarifários, a aplicação do princípio do poluidor-pagador, a preservação das águas subterrâneas e o aumento do uso eficiente do recurso água 2.
Para além disso, “Os Verdes” desejam “pôr os cidadãos a pensar no que vai acontecer se, desde a captação ao tratamento, a água for controlada pelo sector privado”. É que em Portugal, cerca de 600 mil pessoas ainda não têm garantia de acesso à água com qualidade, 44% dos nossos recursos hídricos de superfície, de acordo com dados do INAG referentes a 2005, estão em má ou muito má qualidade, com perda de vida selvagem e de biodiversidade, negando qualidade de vida e o direito ao desenvolvimento às populações ribeirinhas.
A situação de seca extrema que Portugal atravessou em 2005 e as previsões de se tornar uma situação recorrente e cada vez mais frequente, vieram igualmente lembrar que gerir a água de forma ambientalmente sustentável, acautelando o futuro, garantindo o seu uso eficiente e racionalizado mas igualmente sustentável do ponto de vista social, assegurando a sua repartição de forma justa e equilibrada, é porventura um dos maiores desafios que se coloca à humanidade e uma das mais indeclináveis tarefas do poder político, nos seus mais diversos níveis.
A água - o Ouro azul - e os recursos hídricos, pela sua escassez e pela sua preciosidade, são bens extremamente apetecíveis para os grandes senhores do dinheiro, que em tudo põem um preço, que de tudo querem fazer um negócio e uma oportunidade de lucro, não conhecendo limites o seu apetite voraz e sem escrúpulos, que só compreende a lógica de chegar primeiro que a concorrência, vender ao mais alto preço e com o mais baixo custo, para obter o máximo rendimento.
Face a esta situação, de escassez mundial e nacionalmente reconhecida como uma ameaça e uma grande preocupação, seria fundamental que se agisse no sentido, por um lado, de melhorar os actuais sistemas de abastecimento e de tratamento de águas residuais, e os serviços prestados às populações, combatendo as fugas e os desperdícios, salvaguardando a qualidade dos recursos de superfície e os lençóis subterrâneos, e por outro lado no sentido de tomar medidas que respondessem à necessidade de tornar os consumos e utilizações mais eficientes e racionais e simultaneamente acessíveis a preços justos e socialmente adequados” 3.

1. Ver
www.eu2007.pt/NR/rdonlyres/A9083BF8-F19E-4E15-9BB6-657FD015C5C0/0/WSDBackgroundText25jul07_PT.pdf
2. Ver http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=53236
3. Intervenção do deputado Francisco Madeira Lopes na A.R. em 2007-03-22, sobre o dia Mundial da Água

Fujam, vêm aí os Ecologistas!

O Encontro da Juventude do Partido Ecologista “Os Verdes” - a Ecolojovem - começa hoje sob fortes medidas de segurança, com a fragata Álvares Cabral fundeada ao largo da Figueira da Foz e preparada em ângulo de tiro direccionado ao acampamento ecologista.
O tema da erosão costeira faz prever ataques contra explorações locais de aquacultura, temendo-se que os activistas tentem enviar para o oceano milhões de trutas, berbigões, enguias, douradas, mexilhões, ostras, tainhas, e outras espécies encarceradas em tanques.
O relatório do SIS classifica o evento como “um encontro de koalas fofinhos”, o que levou o ministro Rui Pereira a destacar dois aviões pesados Canadair, o Estado Maior da Força Aérea a elevar a prontidão da esquadra 201 da Base Aérea de Monte Real para ‘alerta verde’ e cerca de 80% dos efectivos da Guarda Nacional Republicana da Figueira da Foz a apresentarem já atestados médicos. Não vá o diabo tecê-las.
Ah, não é 1º de Abril, mas quase… O bom humor no seu melhor.
Ver ‘Inimigo Público’ 2007-08-31

Mais uma da Fundação D. Pedro IV

"Membros da Comissão de Moradores do Bairro das Amendoeiras, em Lisboa, vão ser ouvidos sexta-feira pela PSP, na sequência de uma queixa-crime movida pela Fundação D. Pedro IV, que os acusa de difamação. “A queixa-crime visa os elementos da Comissão de Moradores acusando-os de difamação e de porem em causa a credibilidade, prestígio, o bom-nome e a imagem quer da Fundação quer do ofendido Vasco Canto Moniz´”, afirma hoje em comunicado a Comissão de Moradores. Contactado pela Lusa, Carlos Palminha, da comissão, adiantou que já tinha conhecimento da queixa-crime apresentada pelo presidente da Fundação D. Pedro IV, Vasco Canto Moniz, mas confessou: “nunca esperámos que chegasse a este ponto. “Não estamos a difamar ninguém, mas vamos ver quais são as acusações”, frisou, justificando que “tudo o que disseram sobre a fundação foi dito por toda a gente na Assembleia da República”. " (Lusa)

Inacreditável....

30/08/2007

Nova legislação para o património imobiliário

Foi publicado o Decreto-Lei (DL 280/2007) que corporiza a reforma do regime do património imobiliário público, assinala o Cidadania Lx. A ter em atenção (considerando o património imobiliário existente em Lisboa)!

A importância dos corredores Bus

"No relatório de sustentabilidade de 2006, a empresa [Carris] explica que um dos contributos para a diminuição de 54,2% no número de quilómetros perdidos [por engarrafamentos, etc] foi a criação de 2270 metros de corredores Bus em Lisboa. A isto juntam-se a pintura de sinalização horizontal e a colocação de pilaretes dissuasores do estacionamento desordenado, acções desenvolvidas com a Câmara de Lisboa." (Público)

Medidas em que será bom apostar ainda mais (há corredores Bus por implementar), para promover o uso dos transportes públicos.

28/08/2007

Parques e Jardins de Lisboa III

O Parque Florestal de Monsanto é o maior espaço verde de Lisboa, com cerca de 900 hectares, ocupando quase a quarta parte da área do concelho, que juntamente com a Tapada da Ajuda, são o "pulmão" da cidade.
O parque inclui inúmeros espaços verdes como a Alameda Keil do Amaral, a Mata de S. Domingos de Benfica, o Parque do Calhau, o Jardim dos Montes Claros, assim como parques infantis e recreativos. Existe ainda um Centro de Interpretação e há dinamização de iniciativas de educação ambiental. Existem também vários polos de actividades de aventura e desporto. De âmbito cultural, destacam-se o Anfiteatro Keil do Amaral e o Auditório Espaço Monsanto. Existem no parque cerca de 300 km de percursos pedestres e cicláveis. Quanto às árvores este parque tem principalmente carvalhos, cedros, ciprestes e eucaliptos.
Tem bandeira amarela no ranking da Quercus.
Um espaço a preservar, melhorar e dinamizar!

27/08/2007

Campo de tiro, Monsanto e decisões

"A concessão que o Campo de Tiro mantinha com a autarquia lisboeta terminou há cerca de um ano, embora tenham sido dados sucessivos prazos para que fosse apresentado um plano de melhoria, que prevenisse o ruído e a contaminação do solo pelo chumbo.
O último desses prazos venceu já depois de a Câmara de Lisboa cair, no processo que conduziu às eleições intercalares, e a resolução deste assunto foi herdada por José Sá Fernandes (BE), a quem foi atribuído o pelouro dos Espaços Verdes, pelo presidente da autarquia, António Costa (PS).
(...) «O campo de tiro como está não pode funcionar mas estou aberto a tudo o que não prejudique Monsanto», afirmou.
Se estiverem garantidas medidas para a minimização do ruído e a não contaminação do solo pelo chumbo, o vereador afirma que terá de «ponderar» a continuação do campo de tiro em Monsanto." (DD)

Como é que é?...

Ainda o novo aeroporto

"O Governo vai decidir no início do ano a localização do novo aeroporto deLisboa. Um anúncio feito no fim-de-semana pelo primeiro-ministro, e que revela uma certeza: as opções vão ficar-se pela Ota ou Alcochete. A exigência da Câmara de Lisboa, de ser incluída no estudo a opção Portela + 1 parece assim estar fora de qualquer plano, como tinha noticiado já o Diário Económico na sexta-feira, uma vez que o Governo irá decidir com base no relatório do LNEC que terá que estar pronto a 12 de Dezembro e cujo mandato se fica pelas duas primeiras hipóteses" (DE)

Ou sobre como o Governo considera as propostas da Câmara de Lisboa...

24/08/2007

Ainda sobre o empreendimento na Infante Santo

"A Provedoria de Justiça fez este mês numerosas críticas às conclusões de um inquérito da Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) ao licenciamento das obras do condomínio privado que está em fase de acabamento no número 58 da Avenida Infante Santo, em Lisboa. Um dos pontos de discórdia é a inexistência de uma operação de loteamento, procedimento que a IGAT considera opcional mas que a Provedoria garante ser "necessário" e fazer a diferença entre a garantia da "prosperidade do promotor" e "a vantagem para o interesse público".
Essas críticas constam de um documento datado de 6 de Agosto, no qual a Provedoria lembra que foi exactamente o facto de a Câmara de Lisboa "ter consentido na edificação de um conjunto de edifícios sobre várias parcelas, todos com autonomia no acesso à via pública, sem ter estipulado como condição prévia o loteamento", que a levou a defender no ano passado a revisão da licença municipal respectiva.
Contrariando as conclusões do relatório da IGAT, de Março de 2007, a Provedoria afirma que o recurso ao loteamento não é "uma opção a que o promotor, querendo, poderia recorrer", nem tão-pouco "uma simples formalidade". O texto refere ainda que a IGAT "não se dá conta sequer de que, mesmo no interior dos serviços da Câmara de Lisboa, a objecção com a necessidade de lotear fora expressamente formulada por técnicos que apreciaram o pedido de informação prévia".
A inexistência de uma operação de loteamento, conclui a Provedoria, fez a diferença entre "a vantagem para o interesse público com um razoável equilíbrio nas contrapartidas do promotor ou a prosperidade do promotor como se da sua acção resultasse ipso facto uma mais-valia para o bem comum, sem nada ceder ao domínio público, sem encargos na urbanização de uma área cujas infra-estruturas serão intensamente sobrecarregadas".
Em relação às taxas municipais, quer a IGAT quer a Provedoria concluíram que "o município infringiu o regulamento municipal pertinente e se viu privado - durante mais de dois anos - de receitas que podia e devia ter arrecadado logo após ter deferido o licenciamento" (...)" (Público, 22/8)

Ou sobre como se vai pondo em causa o interesse público...

23/08/2007

Miradouros

"O Miradouro de Santa Luzia, no popular bairro de Alfama, um dos pólos de maior atracção turística da cidade de Lisboa, e também um dos mais visitados por estar situado na linha do roteiro do Castelo de São Jorge, está num estado de crescente degradação.
(...) o que mais impressiona neste miradouro é um enorme paralelepípedo de cimento que ali foi construído para servir de base a uma grua que, por sua vez, terá fornecido apoio a umas obras de restauro na Rua Norberto Araújo, mesmo por baixo de Santa Luzia. Acontece que essas obras, encomendadas pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), foram interrompidas por falta de financiamento.
(...) A história quase que se repete no que diz respeito ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, situado no topo do percurso do Elevador da Glória, na porta de entrada para o Bairro Alto. As obras de requalificação do seu jardim também foram interrompidas há quase um ano por falta de financiamento, da responsabilidade do pelouro de espaços verdes da CML, e por isso está até hoje vedado o seu acesso ao público. " (Público)

Obras que tardam...

Na reunião de ontem

"A reunião de ontem serviu para discutir a nona alteração orçamental de 2007, de sete milhões de euros, uma verba que se destina maioritariamente a retomar obras que se encontram paradas na capital. (...) O vereador comunista Ruben de Carvalho justificou o voto contra da CDU com o desconhecimento sobre o orçamento a que a alteração se refere, devido às três alterações feitas pela comissão administrativa e às cinco realizadas durante a presidência de Carmona Rodrigues." (Público)

"A câmara de Lisboa aprovou ontem, com a abstenção do PS, a sua estratégia em relação ao novo aeroporto, que contemplará sempre a manutenção da Portela, através da opção "Portela+1"." (Público)

"Num âmbito das medidas para controlar a derrapagem financeira do Município, António Costa informou a vereação da anulação de dez concursos para ingresso de trabalhadores no quadro. Uma medida criticada por todas as forças, com excepção do BE. Sá Fernandes viu ainda a sua proposta de realização de um orçamento participativo ser aprovada." (JN)

"A alteração ao regimento camarário que previa, por proposta do chefe do Executivo lisboeta, António Costa, a realização de reuniões públicas e sem ordem de trabalhos em diversas zonas da cidade, foi adiada." (JN)

22/08/2007

Terreiro do Paço

"O Terreiro do Paço, em Lisboa, vai ser cortado ao trânsito aos domingos. A iniciativa da câmara municipal entra em vigor já no próximo dia 26 e é para manter, com o presidente da câmara António Costa a admitir, ontem, na apresentação da iniciativa, alargá-la a outros dias da semana.

(...) O trânsito será cortado todos os domingos entre as 08.00 e as 20.00. Os automobilistas terão que contornar a praça pelas artérias que deverão estar devidamente assinaladas.As actividades na praça, organizadas com um investimento camarário de 5600 euros, contemplam música, aulas de yôga e thai-chi, ciclos de cinema, jogos tradicionais, venda de flores, visitas guiadas ao Supremo Tribunal de Justiça, aluguer de bicicletas, além de uma exposição de cartazes publicitários. A primeira será sobre a evolução da própria praça, com recurso a imagens do Arquivo Fotográfico de Lisboa." (DN)

Um iniciativa interessante. Mas por aquela zona alguns problemas susbsistem para quem se desloca a pé, como nos mostra esta fotografia publicada pelo blogue Menos um Carro.

21/08/2007

Amanhã há reunião de Câmara

"A Câmara de Lisboa reúne amanhã pela segunda vez desde a tomada de posse do novo executivo socialista. Em cima da mesa vai estar mais uma alteração orçamental, a nona este ano. No total, são sete milhões de euros, na sua maioria destinados ao pagamento de empreitadas paradas, muitas delas relativas a obras de reabilitação urbana.
Do montante global, 6,3 milhões destinam-se a "dotações orçamentais da direcção municipal de Projectos e Obras para permitir a cabimentação e posterior pagamento de algumas empreitadas paradas", explicou fonte municipal. Outros 406 mil euros destinam-se a um reforço do plano das iluminações de Natal" (DN)

Entretanto, há intenções do novo executivo que levantam já oposição, como a da suspensão de admissões de trabalhadores.

Governo recua e mantém poderes dos autarcas

"Os autarcas vão manter a maioria dos poderes que actualmente detêm nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. O Executivo dá, assim, um passo atrás na preparação do novo regime jurídico daquelas associações, numa tentativa de se aproximar das posições dos municípios - insatisfeitos com o teor da proposta apresentada em Maio, por considerarem que estavam a ser postos de lado na gestão das áreas metropolitanas.
As alterações têm, numa primeira análise, o acordo de Rui Rio, presidente da Junta Metropolitana do Porto, e de Carlos Humberto Carvalho, presidente da Junta de Lisboa, que ainda assim se mantém reticente em relação a alguns pormenores da proposta de Lei." (JNegócios)

Uma questão importante. Entre as divergências que permanecem, que não são apenas de pormenor, Carlos Humberto Carvalho considera que o órgão metropolitano deve passar por eleições directas. Outra crítica vai para como, apesar do órgão onde estão representados os presidentes de câmara continuar a designar-se junta metropolitana, é constituída uma comissão executiva, que deveria ser um órgão de apoio à gestão mas tem competências políticas.

20/08/2007

Lisboa em forma de donut: oca no centro e sobrepovoada no exterior

"Nos últimos 20 anos, os concelhos de Lisboa e do Porto perderam tantos habitantes quanto todos os outros concelhos do país em regressão demográfica. E para onde foram esses habitantes? Para os subúrbios, que não param de crescer. Para dar resposta ao crescente desequilíbrio das cidades, o Governo está a lançar um pacote legislativo e uma nova geração de planos de ordenamento do território que procuram a regeneração das áreas em decadência nos centros urbanos e prometem a contenção na expansão das áreas urbanas e da construção junto à costa. O objectivo é garantir um país mais bem arrumado, mas em organizações ambientalistas como a Quercus ou o GEOTA (Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e do Ambiente) há o receio de que o processo não conduza a grandes alterações no território, em parte devido às excepções previstas.

Se as ideias do Governo forem razoavelmente concretizadas, as cidades portuguesas deverão passar a ser mais compactas, com aposta na revitalização dos seus centros, o crescimento dos subúrbios será contido e a rede urbana contará com um maior peso das cidades médias. Para isso, conta-se muito como o Polis XXI, que define a política de cidades, e também com financiamentos do novo quadro comunitário de apoios para 2007-2013 (o QREN), que tem na valorização do território uma das suas três grandes prioridades. Está também em vista a alteração da lei de solos, com início de debate público prometido para Janeiro, e mudanças para breve nas mais-valias urbanísticas.

(...) Nos perímetros urbanos das principais cidades, há áreas vazias e abandonadas. É aqui que o Governo centra boa parte da sua aposta. Por um lado, propõe instrumentos que incitem à construção e à compactação; por outro, defende a necessidade de se reabilitarem edifícios devolutos para posterior colocação no mercado

(...) Carlos Costa, presidente do GEOTA, é crítico do que se perspectiva. No entendimento desta organização não-governamental, no PNPOT existe "uma visão dominante de planeamento urbanístico e não de ordenamento do território". E "nenhuma atenção é dada à reconversão das áreas industriais e à recuperação de terrenos industriais contaminados". A Quercus realça que a intenção de contenção dos perímetros urbanos pode ser torpedeada na prática, pois "todas as alterações e excepções introduzidas na lei vão permitir construir onde até agora não se podia construir". " (Público)

Reabilitar edifícios é uma boa ideia, que não é nova. A questão é o seu posterior destino. Aproveitar áreas abandonadas é outra boa ideia, que também não é nova. E a questão é quais e de que forma. E, se for tudo sendo feito em linha semelhante à seguida e tentada nos últimos tempos, ao mesmo tempo que se vai construindo um pouco por todo o lado (vamos lá ver em que se concretizam as mudanças na mais-valias urbanísticas) , as políticas de revitalização do centro de Lisboa arriscam-se a continuar a não ter grandes resultados...

16/08/2007

Uns vão, outros voltam

E o nosso blogue continua :-)

Há também os que ficam, os que mudam, enfim, os vereadores com pelouros e sem pelouros, os com funções executivas e os na oposição. E os pelouros e funções estão assim distribuídos (para quem ainda não sabe, para quem quer saber, para quem como nós quer intervir na cidade):

António Costa - Presidente:
Segurança. Actividades Económicas. Turismo. Também responsável por: Polícia Municipal, Regimento de Sapadores Bombeiros, Direcção Municipal de Segurança e Tráfego, com excepção do Departamento de Tráfego e Lispolis - Associação para o Pólo Tecnológico de Lisboa.

Marcos Perestrello - Vice-presidente:
Higiene Urbana. Espaço Público. Obras Municipais. Mercados. Desporto. Com responsabilidade também por: EMEL, EMARLIS, ligação CML / juntas de freguesia, SIMTEJO, Valorsul e MARL.

Manuel Salgado:
Urbanismo. Planeamento Estratégico. Responsável por EPUL e SRUs.

Cardoso da Silva:
Finanças. Património. Recursos Humanos. Tutela das finanças de todas as empresas municipais e participadas. Ambelis.

Rosália Vargas:
Educação. Juventude. Cultura. EGAC e Orquestra Metropolitana de Lisboa.

Ana Sara Brito:
Habitação. Acção Social. Ligação entre a câmara e a Assembleia Municipal.

José Sá Fernandes:
Espaços Verdes e Plano Verde. Agência Municipal de Energia e Ambiente, Lisboa E-Nova.

15/08/2007

Vamos ali e já voltamos

Enquanto a Ecolojovem - a juventude do Partido Ecologista “Os Verdes”- prepara as malas para um acampamento nacional na Figueira da Foz, que terá como tema principal a erosão costeira, com a realização de acções de praia e uma visita à Reserva Natural do Paúl da Arzila (na foto superior), por este blogue a época estival convida a algo difirente.
E não importa se o destino até for um local desconhecido. Por isso, informa-se que vamos 'ali'... à sua descoberta e já voltamos.


Desenvolvimento do conhecimento

As Nações Unidas propõem que os programas de apoio aos países mais pobres do mundo devam dar prioridade ao conhecimento e ao desenvolvimento tecnológico, para que sejam mais eficazes. Estes países tem até hoje sido incentivados a abrir as suas economias ao comércio internacional e ao investimento estrangeiro como via para o seu desenvolvimento, mas os resultados gerais ou foram escassos ou contraditórios. Por outras palavras, ficaram ainda mais marginalizados na economia global.
Este é o balanço do qual parte a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (CNUCD) no seu último relatório anual ‘Conhecimento, aprendizagem tecnológica e inovação’ sobre os países de pobreza extrema para justificar a proposta de uma mudança profunda do modelo: em vez de ‘desenvolvimento’, a palavra-chave deve ser ‘conhecimento’, defendendo que o primeiro, ‘na verdade’, não existe sem o segundo.
A CNUCD refere que a “rápida e profunda liberalização do comércio e do investimento” nestes países desde a década de 80 “não evitaram a sua marginalização em relação aos fluxos tecnológicos”, pois a “liberalização sem aprendizagem tecnológica resultará, no fim, numa marginalização acrescida”. Se os PMD “não adoptarem políticas de estímulo à convergência tecnológica com o resto do mundo vão continuar a atrasar-se e a enfrentar uma marginalização cada vez mais profunda na economia global”, alerta a organização.
Para os 767 milhões de pessoas que vivem nos países mais pobres do mundo, os especialistas antecipam dois futuros possíveis: ou agravam a sua situação ou entram num progressivo e sustentado crescimento económico, para o qual o contributo decisivo terá de vir do conhecimento e da tecnologia. “Os governos dos países mais pobres do mundo e os seus parceiros no desenvolvimento devem promover o progresso tecnológico como parte do seu esforço para desenvolver as capacidades produtivas domésticas”. Um país entra na lista dos PMD quando, entre outros critérios, tem um rendimento nacional bruto per capita inferior a 750 dólares, na média de três anos.
“A concessão de mais ajuda ao conhecimento, desde que dirigida para as áreas certas e nas modalidades apropriadas, pode ser a chave para a tornar eficaz”, acrescenta o relatório. É este, aliás, o triângulo que explica como países do Sudeste asiático deixaram de estar entre os mais pobres e são hoje designados por países ‘em desenvolvimento’.
Como a globalização não é a solução, e tal como na velha sabedoria oriental, ‘não dês peixe, dá antes a cana e ensina a pescar’.

Ver Público 2007-08-13, p. 31

Tempo legal de esperança de vida

Um cão que entra num canil municipal, recolhido na rua, tem uma esperança de vida de sete dias. É o tempo legal para ser reclamado. Findo este prazo, segue para abate. O principal trabalho de muitas associações de defesa dos animais é o de tentar evitar que este destino se cumpra. O que fazem, sobretudo, por via de campanhas de adopção. Os números são impressionantes. Quando um canil municipal com 22 boxes tem uma média de entradas de 40 cães por semana, “as instalações enchem muito rapidamente. Quando isso acontece, tem de haver abate”.
Duas faces da mesma moeda: não são só os abandonos que estão a aumentar, as adopções também estão em queda livre, alertam os voluntários. Entre estes voluntários das associações de defesa dos animais, a apreensão é total. Apesar de todas as campanhas já realizadas, dos apelos sem conta, o número de cães abandonados está a aumentar. “Neste momento, não há hipótese de colocar animais em lado nenhum. Todos os canis estão cheios”, informa a Liga Portuguesa dos Direitos do Animal.
Uma ideia importada dos países nórdicos, que a CML tem tentado implementar desde há quatro anos, não tem tido grande êxito. Trata-se de um programa de intercâmbio de animais domésticos, onde quem adere à iniciativa se compromete a ficar com o animal de estimação de outra pessoa quando ela for de férias, devendo ocorrer o inverso também. Mas até agora inscreveram-se apenas dez amigos dos animais.
As crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este pico de abandonos, dizem duas voluntárias das associações de defesa dos animais. Há pessoas a trocarem as vivendas por apartamentos, a irem à procura de trabalho para o estrangeiro e, em geral, vive-se com menos dinheiro. O abandono é um sintoma de crise, mas não apenas económica. A falência é mais geral, “somos um país que maltrata as crianças e abandona os velhos e os animais”.
“Isto não tem fim à vista. Uma pessoa até se sente desorientada”, a sucessão vertiginosa de abandonos ameaça “desestabilizar tudo”. Ou seja, rebentar com a reduzida estrutura de apoio existente no país, a maior parte a cargo de associações que vivem sobretudo de doações (poucas) e do trabalho de voluntários (poucos).
Com pouca esperança de vida, o cão está a tornar-se um bem descartável.

Fusão de recicladoras

A projectada proposta de fusão de duas empresas de deposição e reciclagem de resíduos da área da Grande Lisboa e concelhos limítrofes - a Resioeste e a Valorsul - poderá vir a reduzir para metade o valor das tarifas. A Resioeste serve cerca de 320 mil habitantes dos 14 concelhos do Oeste e a Valorsul 1,3 milhões de habitantes dos municípios de Amadora, Loures, Lisboa, Odivelas e Vila Franca de Xira.
Para o presidente da Associação de Municípios do Oeste, a ideia será fundir as duas empresas e passar a gerir em conjunto os seus diferentes equipamentos, nomeadamente a central incineradora de São João da Talha, o aterro de Mato da Cruz (ambos da Valorsul) e o aterro sanitário do Oeste (no concelho do Cadaval e gerido pela Resioeste). Porém, ninguém se refere às instalações da Valorsul na Estrada Militar, ao Lumiar. Adiantou ainda que os municípios vão ter um peso minoritário na nova empresa, mas haverá um acordo parassocial que definirá a evolução das tarifas nos próximos 25 anos.
Nos últimos dois anos, as Câmaras votaram contra os aumentos de tarifas propostos pela Resioeste, mas a posição do Estado prevaleceu. O Ministério do Ambiente adiantou que a fusão está numa fase de recolha de pareceres de diversas entidades, como o Instituto Regulador de Águas e Resíduos, e que não há um prazo para as decisões finais. Os municípios do Oeste esperam que o novo sistema resultante da fusão com a Valorsul vigore já em 2008.

Ver Público 2007-08-13

14/08/2007

Verão com menos gelo

A camada de gelo do Árctico deverá atingir, no final deste Verão, um novo mínimo recorde. De acordo com as medições efectuadas pelo Centro Nacional de Informação sobre Neve e Gelo dos EUA (CNING), a extensão de gelo a 8 de Agosto era quase 30% mais baixa do que habitualmente. Mas, como a época de degelo na região se prolonga, os cientistas prevêem que, até no final do Verão, o Árctico terá a menor camada de gelo de sempre.
“Se olharmos para os valores da primeira semana de Agosto, verificamos que são muito inferiores ao mesmo período em 2005”, explicou à BBC um investigador do CNING, Avançando como hipótese explicativa que, provavelmente, a camada de gelo na região polar estará a sofrer os efeitos das mudanças climáticas provocadas pela acção humana, em especial pela maior concentração na atmosfera dos gases responsáveis pelo efeito de estufa, onde “de uma maneira geral, o padrão será o seguinte: derrete cada vez mais gelo durante o Verão e recupera-se cada vez menos no Inverno”. O mais provável é que em 2040 não haja gelo nos verões do Árctico.
A superfície de gelo reflecte 80% da luz solar, devolvendo-a ao espaço. Mas à medida que o gelo derrete, durante o Verão, a recuperação torna-se mais difícil, pois a superfície negra do oceano absorve 90% da luz solar que recebe. Por este processo, as águas aquecem e contribuem ainda mais para o degelo das placas, com tendência a vir a ser cada vez mais rápido e com efeitos na vida selvagem da região, vindo a potenciar as alterações climáticas em todo o globo 1.
Também a Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirma que se verifica cada vez mais fenómenos climáticos extremos. De acordo com um relatório da entidade, o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas alerta que “precisamos de um sinal dos chefes de Estado e de Governo para lançar as negociações em Bali, em Dezembro deste ano”, precisando que “90% das tragédias naturais causadas ou agravadas” se devem aos fenómenos climáticos extremos 2.
Recorde-se que os cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas indicaram que é necessário uma urgente redução de 15% das emissões de gases para impedir o aquecimento global 3.

13/08/2007

Circulação de velocípedes

É ponto assente que a circulação de velocípedes obedece a regras e não pode ficar subordinada à facilidade ou destreza com que cada um domina este veículo. Desde logo, as regras gerais de condução e aquelas que são impostos pelos sinais de trânsito. O ciclista não pode entrar na zona regulada pela luz vermelha reguladora do trânsito ou circular na faixa de rodagem em sentido contrário como um peão.
As regras basilares da condução de velocípedes na via pública são as seguintes:
- A condução é feita com as mãos no guiador, excepto quando o ciclista assinala uma manobra que pretenda realizar, como por ex., uma mudança de direcção;
- Os pés devem permanecer nos pedais ou nos apoios;
- Os condutores de velocípedes não podem fazer-se rebocar;
- A roda da frente como a roda de trás não pode ser levantada tanto no arranque como em circulação e, embora a lei seja omissa, deve entender-se que a mesma proibição vigora para a paragem;
- Os ciclistas não podem circular a par, excepto se circularem numa pista especial e, ainda assim, se não causarem embaraço ou perigo para o trânsito;
- A circulação deve ser feita o mais próximo possível das bermas ou passeios, mesmo que, no mesmo sentido, seja possível formar duas ou mais filas de trânsito.
A infracção a estas regras é punida com coima de 30 a 150 euros. O uso de um capacete, ajustado e apertado, só é obrigatório quando o velocípede tem motor. Todavia, há regras que devem ser observadas mesmo que não sejam impostas por lei. É óbvio que o uso de capacete é um acessório de segurança que deve ser utilizado por qualquer ciclista, o qual poderá também utilizar outras protecções, como joalheiras e cotoveleiras, quando for mais vulnerável, designadamente uma criança.
As pistas destinadas ao trânsito de velocípedes favorecem uma condução mais tranquila e segura mas, mesmo nestes casos, importa ter em atenção algumas regras. Desde logo, os veículos que nelas não podem circular 1: velocípedes com mais de rodas não dispostas em linha ou que circulem com reboque, bem como qualquer outro veículo, excepto quando se trate de aceder a garagens, propriedades ou locais de estacionamento e ainda, quando a sinalização o permitir, para mudar de direcção no cruzamento ou entroncamento mais próximo.
As pistas especiais destinadas a velocípedes, não esquecendo as restrições da circulação a par, são partilhadas, por direito próprio, por aqueles que transitam com patins, trotinetas ou outros meios de circulação análogos. Os peões apenas poderão utilizar estas pistas quando não existam locais especialmente destinados à sua circulação 2.

1. Não faz por isso qualquer sentido que “um grupo de criadores e praticantes de hipismo (tenha contestado) a proibição de circular a cavalo na ecopista de Évora, através de um abaixo-assinado, com cerca de 500 subscritores, entregue no município local”, por se sentirem “discriminados por, agora, não podermos passear a cavalo na ecopista ecológica”. Ver
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/Uw43Ta234KVdjt80ArpKlw.html
2. Fonte: Revista ACP, nº 677 (Jul.-Ago.), p. 74

Capacetes de criança para bicicleta

Os capacetes são indispensáveis para proteger os ciclistas, e designadamente as crianças ciclistas, no caso de se cair enquanto se anda de bicicleta.
Uma vez colocado, o capacete não deve reduzir o campo de visão, nem, com eles ajustados, correia e fecho não podem ceder ao mínimo puxão, nem entalar a pele do queixo ao fechar as molas das correias.
Também os elementos almofadados no interior jogam um papel importante, permitindo o uso de óculos ou de cabelo comprido. Não devem também limitar a audição e os sistemas de ventilação devem permitir reduzir a temperatura interior.
Tenha atenção na sua escolha e siga os conselhos sugeridos na imagem.

Ver ‘Proteste’, nº 282 (Jul.-Ago. 2007), p. 13-15

Vias dedicadas

Devia ser também assim nas nossas avenidas, não era?
Vias para peões, para ciclistas, para transportes públicos, eléctricos ou autocarros, outras viaturas e, ainda, para passear animais domésticos ou para quem se queira sentar num banco à sombra de uma árvore. Em qualquer pequena cidade do interior dos Países-Baixos é assim, por ex., Utrecht.
Vias para todos, menos para parqueamento selvagem e abusivo. Certo?

12/08/2007

Plasticomania

Nos hipermercados, supermercados, farmácias e boa parte do comércio retalhista embalam-se em saquinhos de plástico - com o logótipo da loja bem visível, claro - todas as compras que passam pela caixa registadora, não importando o tamanho do produto que se tenha à mão.
O pior é que esse gesto já foi incorporado na nossa rotina como algo normal, como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo viajar num saco plástico. Nossa dependência é de tal ordem que quando ele não está disponível costumamos reagir com reclamações indignadas. Quem se atreve a recusar a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico.
Mesmo que adquira uma simples caixa de comprimidos, uma esferográfica ou um CD que lhe cabe perfeitamente na sua mala de mão, a/o funcionária/o regista a compra e rapidamente lhe enfia a mísera caixinha num saco de plástico onde caberiam seguramente outras dez embalagens.
A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês Alexander Parkes inventou o primeiro plástico em 1862. O novo material sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista da civilização moderna. Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornaram-nos, como consumidores, colaboradores passivos de um desastre ambiental de grandes proporções.
Feitos de resinas sintéticas originadas do petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto tempo levam para desaparecer no meio natural. No caso específico das sacolas de supermercado, por exemplo, a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade (PEBD). Abandonados em vazadouros, esses sacos plásticos impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis e dificultam a compactação dos detritos.
Essa realidade já justificou mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus.
Na Alemanha, a ‘guerra’ contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovada uma lei que obrigou os produtores e distribuidores de embalagens a aceitá-las de volta e a reciclá-las após o respectivo uso. E o que fizeram os empresários? Viraram imediatamente os custos para o consumidor. A plasticomania deu então lugar à ‘sacomania’, em que cada consumidor transporta o seu próprio saco, e quem não o faz é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos. Para além de anti-ecológico, ficou bem mais caro usar sacos plásticos na Alemanha.
Na Irlanda, desde 1997 paga-se um imposto por cada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicar o número de irlandeses indo às compras com os seus próprios cestos de palha, sacolas de pano ou mesmo mochilas.
Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP mobilizou a atenção dos consumidores com uma campanha original e ecológica: todas as lojas da rede terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis, que, segundo testes em laboratório, se decompõe dezoito meses depois de descartados. Com um detalhe interessante: se por acaso não houver contacto com a água, o plástico se dissolve assim mesmo, porque serve de alimento para micro organismos encontrados na natureza.
Não há desculpas para não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos na natureza. Se ainda não acordamos para o problema do descarte das embalagens em geral, e dos sacos plásticos em particular, o planeta exige-o.
Em Portugal, “Os Verdes” bem procuraram fazer aprovar em seio da A.R., no início do ano passado, um projecto de lei visando a redução do excessivo uso de embalagens, sua dimensão e resíduos, mas que acabou por ser rejeitado.
Entre outros objectivos, o projecto alertava para sempre que um cidadão se desloca a uma superfície comercial paga e transporta consigo, sem que o tenha solicitado, um conjunto significativo de embalagens que têm uma origem imediata assim que os produtos são arrumados e guardados em casa: o lixo. Para além disso, a dimensão de muitas embalagens é, por norma, exagerada em relação ao volume dos produtos embalados, o que se traduz numa maior quantidade e volume de resíduos de embalagens.
Este amontoado de embalagens podia ser substancialmente reduzido, especialmente se essas embalagens não tiverem qualquer objectivo de conservação do produto em causa, mas apenas campanhas comerciais de promoção da atractividade do produto, ou técnicas comerciais que visam que o consumidor em vez de uma unidade de produto seja obrigado a adquirir mais unidades. A proposta pretendia assim dar um destino inteligente às embalagens e consequente redução do volume de lixo, e para que produtores e comerciantes assumissem novas responsabilidades em relação aos resíduos que libertam na natureza, assumindo a redução de materiais que degradam o meio ambiente e a qualidade de vida.
Haverá algum poderoso ‘lobby’ no mercado interessado na produção e no comércio de embalagens? É preciso declarar guerra à plasticomania e ao excessivo uso de embalagens. Parece haver alguns interesses em jogo. Qual é o seu? Não é o do equilíbrio ambiental?

Fonte: Jornalista e apresentador no canal Globonews, pós-graduado em meio ambiente e Projecto de lei do ‘PEV’ de Fev. 2006

Aquecimento global

Segundo estimativas feitas por uma equipa de cientistas do Instituto de Meteorologia Britânico é possível fazer projecções climáticas a uma distância de dez anos, com base nas correntes oceânicas e na actividade humana, bem como em outros factores de mais curto prazo.
O recente relatório do Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) referia que a actividade humana ‘muito provavelmente’ causa o aquecimento global. O método destes cientistas é o mesmo utilizado pelo IPCC, só que parte da observação do estado dos oceanos e da atmosfera, onde “o efeito de estufa e os aerossóis estão incluídos, mas para nós é mais importante prever as variáveis naturais”.
Para que possa oferecer previsões a uma década, e não a um século, o modelo compreende a observação dos oceanos e da atmosfera. Isto permite prever como é que fenómenos como o El Niño irão afectar o clima. Os cientistas esperam que estes dados, combinados com as erupções vulcânicas, resultem numa das mais completas previsões até hoje efectuadas. As pesquisas que existem estão dispersas e por isso de pouco servem para interpretar os oceanos. Mas algum incremento recente na colecta de dados, obtidos por satélite e por instrumentos implantados no mar, está a permitir aos cientistas aumentar a sua compreensão de como as dinâmicas dos mares podem influenciar o clima 1.
Os investigadores estabeleceram assim um cenário ao longo de dez anos em cujo modelo matemático entraram em linha de conta com factores que até agora não tinham sido equacionados. Eles integram informações sobre a temperatura à superfície dos oceanos, as emissões de gases com efeito de estufa provocadas pelas pessoas, as mudanças na actividade solar e o efeito de erupções vulcânicas ocorridas no passado, tendo estudado os efeitos do El Niño, bem como a Oscilação do Atlântico Norte.
A simulação que fizeram para o período de dez anos, entre 2005 e 2014, levou-os a concluir que haverá, a curto prazo, o arrefecimento de uma parte do Pacífico, embora o Oceano Árctico resista ao aquecimento, o que compensaria a tendência de aumento das temperaturas devido aos gases com efeito de estufa. No entanto, esse efeito de compensação será passageiro, avisam os cientistas. A partir de 2009, pelo menos metade dos anos até 2015 será mais quente e atingirá valores acima dos recordes anuais de calor até agora registados. Em 2015 as temperaturas estarão meio grau acima do valor médio dos últimos 30 anos.
O estudo acrescenta dois factores aos cenários até agora produzidos sobre alterações climáticas. Primeiro, centra-se num período mais curto. Em segundo lugar, socorre-se de dados que nos últimos anos vêm sendo recolhidos sobre os oceanos. O papel destes no clima foi ganhando importância junto de algumas escolas científicas que também têm desenvolvido tecnologias de observação. Presentemente, entre outros aparelhos de medição, funcionam cerca de três mil ‘bóias’ transmissoras de dados, que indicam a temperatura e a salinidade em outros tantos pontos dos vários oceanos 2.
O ano de 2014 terá assim uma temperatura média de mais 0,3 graus que 2004. Pode parecer pouco, mas o suficiente para aumentar o degelo e o número de catástrofes climatéricas. Até à data, o ano mais quente foi 1998, período em que a temperatura média global atingiu os 14,54 graus.

11/08/2007

Lixo tecnológico

Quando vamos despejar o caixote do lixo doméstico muitos cidadãos já pensam amarelo, azul e verde. Mas, na altura de se descartarem dos velhos electrodomésticos, a tarefa parece bem mais negra. Uma fatia anual de 4% do total de resíduos urbanos produzidos pelos europeus mostra que os ‘restos’ (leia-se matérias perigosas) destes equipamentos são uma ameaça para a nossa saúde e para o ambiente.
Ora ao comprar um novo aparelho electrónico já está a pagar o ‘EcoREEE’, uma taxa incluída no preço de venda como ‘Ecovalor’, desde Maio de 2006. Esta contribuição financeira visa cobrir os custos e operações dos centros de recolha de todo o País, bem como o transporte, tratamento e posterior valorização ou reciclagem desses resíduos.
Por isso, se tiver um ‘mono’ doméstico deve contactar os serviços municipais - Câmara ou Junta de Freguesia - e marcar um dia e hora para a recolha, mas nunca deve depositá-lo na via pública, fora do horário combinado. Também pode entregá-los em centros de recepção ou ecocentros, e até mesmo em empresas e distribuidores, como é o caso de alguns hipermercados, que aceitam retomas, normalmente na sequência de uma nova aquisição, e armazenam o lixo electrónico 1.
Alguns velhos computadores e outro material electrónico (com componentes de chumbo) seguem por vezes caminhos mais ínvios.
As empresas e os consumidores americanos enviam os seus equipamentos usados para empresas de reciclagem que o vendem a comerciantes estabelecidos nos EUA. Estes, por seu turno, cedem-nos a comerciantes da China que compram estes resíduos para recuperar os materiais susceptíveis de revenda e, em muitos casos, de caminho deitam fora os componentes tóxicos, agravando assim a poluição local. De seguida vendem o chumbo a fábricas de ligas metálicas que fornecem as oficinas de fabrico chinesas. Acontece assim que o chumbo vai parar, por vezes em elevados níveis tóxicos, aos artigos baratos que se podem depois encontrar nas lojas de ‘discount’ - vulgo lojas dos 300 - e aos centros comerciais americanos.
O ridículo da situação é de tal ordem que as autoridades americanas tiveram recentemente de retirar do mercado jóias baratas provenientes da China, por apresentarem concentrações elevadas de chumbo, chumbo que, na verdade, teve origem numa fonte no mínimo surpreendente e, quiçá, insuspeita: os velhos computadores e outros aparelhos electrónicos de que o Ocidente se desembaraça, mandando-os para a China 2.
É a chamada reacção ‘efeito borboleta’ originada pela não menos ínvia gula do negócio ou ‘o que despejas no meu quintal irás recebê-lo de volta’.

1. Ver ‘Proteste’ nº 282 (Jul.-Ago. 2007), p. 36-39
2. Ver Courrier internacional, 2007-08-03, p. 34

Lixo turístico

O jardim que existe entre as ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros, em frente à Casa dos Bicos, mais parece um depósito de lixo. Garantem os comerciantes da zona que os turistas que por ali transitam “até abanam a cabeça em sinal de desagrado”. E o cenário não é para menos. Em vez da relva, que já há muito secou, naquele espaço amontoam-se garrafas de vidro, plásticos, maços de cigarro vazios, papelão e até restos de cimento.
Situado a escassos metros das esplanadas que, principalmente no Verão, se enchem de clientes nacionais e estrangeiros, o jardim serviu, durante algum tempo, de suporte às obras que decorreram na Rua da Madalena. Se em Março o estaleiro foi desmontado, o relvado não foi reposto “como seria obrigação da empresa”, explicou o presidente da Junta de Freguesia da Madalena. “A Junta queria substituir a rede de rega, pois os tubos estão todos ferrugentos, mas a técnica responsável pela Divisão de Jardins da CML defende que é apenas necessário mudar duas válvulas”. E enquanto se mantém esta divergência “o local enche-se de lixo e serve de camarata aos muitos sem-abrigo que ali pernoitam”.
Também um dos residentes recorda que “há mais de dois anos que o espaço se encontra assim abandonado”, contrastando com “o tempo em que existia relva e que as crianças podiam ir para lá brincar”. Agora, para completar o cenário, até o gradeamento em ferro se encontra danificado. Indignados com a situação que marca de uma forma tão negativa “uma zona onde passam centenas de turistas”, os comerciantes resolveram dar alguma atenção às árvores. “Somos nós que as regamos, senão já tinham morrido”, por outro lado “esta rua só é lavada quando chove. É uma desgraça”.
As ruas dos Bacalhoeiros e dos Arneiros, que fazem esquina com o citado jardim, foram duas vias que o anterior executivo decidiu no ano passado fechar ao trânsito no dia europeu sem carros de 22 de Setembro. Chegou a pintar o asfalto mas... todos os dias estas vias continuam a servir de circulação de carros, impedindo os comerciantes de, por ex., estabelecerem esplanadas no referido espaço.
No outro extremo, a Rua da Alfândega desemboca na Praça do Comércio e, bem em frente ao Martinho, as arcadas dos Ministérios (MAI e Finanças) servem de ‘camarata’ aos sem-abrigo e a dejectos nauseabundos. Local curiosamente adoptado, durante os meses de Verão, pelas agências de turismo como tomada e largada de passageiros em longas filas de turistas. Lisboa no seu ‘melhor’ acompanhado por lixo ‘a la carte’.

Regras de despoluição aérea

A Comissão Europeia (CE) já agendou uma nova discussão sobre os objectivos de redução das emissões de dióxido de carbono definidos para as companhias aéreas. O encontro entre os ministros dos transportes da U.E. terá lugar a 17 de Dezembro, e definirá a inclusão das transportadores no comércio europeu de licenças de emissão, a implementar a partir de 2011.
O objectivo de Bruxelas é reduzir anualmente, e até 2020, 46% nas emissões de dióxido de carbono no sector de aviação, ou seja, as companhias têm de reduzir as emissões em 183 toneladas por ano. Qualquer companhia aérea que voe de e para o espaço europeu terá, por isso, de participar no programa de intercâmbio de emissões, mesmo que não seja europeia.
O programa, embora preveja incentivos financeiros para a redução de emissões, não agrada às companhias aéreas, que já começaram a contestar a decisão, alegando que ficarão em desvantagem competitiva e que a medida terá, como consequência, a subida de preços. Algumas das transportadoras já começaram a fazer propaganda contra a resolução de Bruxelas, através de filmes transmitidos a bordo dos aviões.
Como sempre, a estratégia do negócio a procurar sobrepor-se ao interesse público e a um desenvolvimento ambiental mais sustentado.

Ver DEconómico 2007-08-10, p. 20

10/08/2007

Passadeiras elevadas

Uma das promessas do novo presidente da CML refere-se à repintura de algumas zebras na cidade. Porém, a nível da segurança rodoviária, designadamente, fomentando um desaceleramento da circulação automóvel e um atravessamento pedonal de vias sem pôr em risco a integridade física dos peões, seria fundamental incrementar algumas medidas complementares, tais como uma clara revisão dos tempos de passagem em zona semaforizada e o tipo de passadeira a instalar e sua sinalização.
Não basta voltar a caiar algumas zebras. È necessário voltar a definir a sua localização em locais de potencial uso, tal como em zonas habitacionais, comerciais, nos acessos a parques e jardins, nas vias circundantes das escolas e junto às entradas e saídas dos transportes públicos, mas também garantir que a chegada ao outro lado da rua permite o acesso a uma zona pedonal segura.
Por vezes, outros complementos de semáforos e zebras que são utilizados passam pela construção de rotundas, pela iluminação das zebras com reflectores, pelo recurso às lombas, mas a questão chave radica em outro tipo de elementos dissuasores da velocidade nas rodovias. O conceito deve por isso basear-se na prioridade ao peão e na ideia que é a viatura que atravessa um espaço àquele dedicado e não o contrário. Aliás a cidade é o local por excelência destinado à mobilidade do ser humano, sendo o carro um redutor de distâncias, mas sempre um seu invasor.
O espaço público deve por isso ser prioritariamente consignado à circulação do cidadão e não o contrário. Um modelo repetidamente encontrado em cidades no estrangeiro, mas também em algumas zonas do país, como Setúbal ou Vila Nogueira de Azeitão é o das passadeiras elevadas à altura do passeio.
A ideia foi já anteriormente apresentada pelos eleitos de “Os Verdes” em seio da própria AML à vereadora então responsável pelo pelouro e, mais recentemente, presidente da Comissão Administrativa, mas, infelizmente, jamais chegou sequer a ser ensaiada em Lisboa. Em comparação com a sequência de lombas tem a vantagem de o condutor não andar aos saltos com a sua viatura, necessitando apenas de reduzir a velocidade e prosseguir sobre uma única longa lomba em velocidade reduzida, e da facilidade de uso para um deficiente com mobilidade reduzida.
Finalmente, e a fim de evitar os obstáculos que o peão encontra após o atravessamento, com viaturas estacionadas em cima do passeio, uma segunda prioridade inclui a elevação dos lancis a uma altura em que os carros sejam desmobilizados a galgá-los.
Veremos em que novos exercícios de segurança rodoviária pretende o novo executivo apostar. Estará indelevelmente ao lado do cidadão?

Carro movido a ar

O Vasco, personagem infantil do Oceanário de Lisboa 1, sempre atento às novidades ambientais, divulga algo fantástico: um carro movido a ar! Parece impossível, mas não é!
A ideia foi desenvolvida pelo Guy Negre, da empresa MDI e ex-engenheiro da Fórmula Um. O motor é movido a ar comprimido e tem uma autonomia de 200 km, até precisar de ser reabastecido. O carro atinge 110 km/h mas o depósito pode ser cheio com meia-dúzia de tostões, o que é bastante simpático.
Já para não falar do facto de que a poluição associada a este tipo de motor é zero. Vamos lá ver se esta ideia vai para a frente e esperemos que não morra, como aconteceu com o carro eléctrico.
Para mais informações sobre o ‘Air Car’ consulte o URL Got 2 Be Green 2.
Para mais informações sobre o fim do carro eléctrico consulte o URL Who Killed the Electric Car 3, onde poderá descarregar o filme que até foi feito sobre este assunto, e que passou, infelizmente, bastante despercebido pelo público. Mas não passou despercebido pelo Vasco, que está sempre atento às macaquices anti-ambientais que se vão fazendo por aí !

09/08/2007

As ‘princesas’ do Sado

Também em Portugal, dos cerca de 50 golfinhos-roazes que residiam no estuário do Sado em 1992, restam apenas 27. Um número de tal forma reduzido que coloca esta população - uma das poucas no Mundo a viver em estuário e a única sedentária existente em Portugal continental - em risco de extinção.
Face a esta realidade, o Projecto Delfim submeteu no ano passado para aprovação à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) um estudo intitulado "Análise à contaminação e genética da população". O trabalho terá uma duração de três anos e contará com o apoio do Instituto de Psicologia Aplicada, do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação e a Universidade dos Açores. O projecto está orçado em 200 mil euros e, se for aprovado, será totalmente suportado pela FCT. O estudo consistirá na recolha de amostras de água, de peixes que constituem a base de alimentação dos golfinhos-roazes e de pele e gordura dos próprios golfinhos.
Actualmente, o perigo já não advém apenas da poluição química que se acumula nas algas e nos peixes de que se alimentam estes golfinhos ou da alta velocidade a que circulam muitas embarcações, mas do facto desta população ter apenas 27 membros. “Como são muito poucos, são como que uma família. Tios, primos, irmãos, avós. A variabilidade genética acaba por ser muito baixa e, por isso, as crias podem nascer mortas ou com malformações e acabar por não resistir”. Que medidas vai Portugal tomar para repovoar o Sado e o Tejo com novas ‘princesas’?

'Princesa' extinta por culpa da acção humana

Poderá estar extinta a última ‘princesa’ do rio Yangtzé. Este é o ponto final na história do ‘baiji’, um golfinho de água doce que vivia há mais de 20 milhões de anos no rio Yangtzé, na China. Após uma expedição de seis semanas, entre Novembro e Dezembro de 2006, uma equipa internacional de cientistas não conseguiu localizar nem um exemplar desta espécie (Lipotes vexillifer) ao longo de mais de 1600 quilómetros de rio. O ‘baiji’, que podia atingir 2,4 metros, está extinto graças à... acção do homem.
“Mesmo que ainda exista algum espécime, não o conseguimos encontrar e não podemos fazer nada para impedir a sua extinção”, afirmou à BBC um biólogo da Sociedade Zoológica de Londres, que participou na expedição. “Esta extinção representa o desaparecimento de um ramo completo na árvore da evolução e mostra que ainda não tomámos plena consciência do nosso papel enquanto guardiães do planeta”.
A confirmar-se o pior cenário, este é o primeiro grande vertebrado a desaparecer nos últimos 50 anos e a quarta família de mamíferos extinta em meio século. Será também o primeiro cetáceo (baleia, golfinho, boto) extinto devido à acção do homem.
Segundo os resultados da expedição, publicados ontem na revista Biology Letters, a culpa desta “tragédia chocante” é da pesca predatória e do aumento do tráfego fluvial, com barcos que afectavam o seu sonar. “O ‘baiji’ foi vítima não de uma perseguição activa, mas de uma mortandade resultante do impacto humano a grande escala”.
Na década de 1950, viviam milhares de golfinhos no rio Yangtzé e nos seus afluentes. Contudo, a industrialização da China transformou-o numa verdadeira auto-estrada fluvial: estima-se que 10% da população mundial viva junto ao “grande rio”. Um estudo de 1999 tinha encontrado apenas 13 exemplares deste animal e o último baiji em cativeiro, um macho chamado Qi Qi, morreu em 2002.
Durante a expedição, a equipa de cientistas da China, Japão, EUA e R Unido percorreu 1669 quilómetros do rio, entre a cidade de Yichang (abaixo da barragem das Três Gargantas) e Xangai. Foram usados dois barcos distintos, para garantir que nenhum pedaço de rio ficava por analisar. A observação com binóculos foi complementada com o uso de sonares.
Segundo a lenda, o ‘baiji’ é a reencarnação de uma princesa que recusou casar com um homem que não amava. Por envergonhar a família, a princesa morreu afogada às mãos do próprio pai. Uma lenda que agora poderá ser esquecida, como o próprio golfinho. À classificação “criticamente ameaçado” deverá agora juntar-se a expressão “possivelmente extinto” 1.
Um século atrás, a população destes animais ascendia a mais de cinco mil. Mas a última vez que um indivíduo da espécie foi avistado já foi há dois anos. O golfinho de água doce ou do rio que vivia por estas paragens era conhecido como ‘baiji’ na China. Quando nasce mede até 90 centímetros, alcançando em adulto até 2,40 metros. De cor branca azulada com matizes acinzentados, tinha uma visão muito pouco apurada 2. Terá assim desaparecido a última ‘princesa’ do rio Yangtzé.

Rolhas de cortiça são amigas do ambiente

Ao consumir 15 mil milhões de garrafas vedadas com rolha de cortiça por ano poderemos estar a reter a poluição provocada por 45 mil viaturas/ano que circulem 15 mil quilómetros por ano cada uma.
Por outro lado, “as cápsulas de alumínio emitem quatro vezes mais CO2 do que as rolhas de cortiça” e “as cápsulas de alumínio são mais prejudiciais para o meio ambiente” foram dois dos títulos publicados em duas conceituadas revistas de vinho, Harpers e Decanter, respectivamente, e que dão conta dos resultados de um estudo realizado pela empresa Cairn Environment sobre o impacto da produção de vedantes para o meio ambiente.
As vantagens da rolha de cortiça para o ambiente não se ficam por aqui. A indústria de cortiça garante ainda a sustentabilidade do montado do sobro e contribui para a preservação das espécies da fauna e flora que aí habitam. Mas há ainda mais um motivo que torna esta indústria realmente única: a sua notável auto-suficiência.
De facto, ao longo de todo o processo produtivo todos os desperdícios resultantes do fabrico de rolhas naturais são transformados em produtos úteis e de excelente qualidade. Desde rolhas técnicas a aglomerados, a painéis para pavimentos e revestimentos, artigos decorativos para o lar e escritório, peças de arte e design, solas para sapatos, aplicações no sector automóvel, aplicações nas indústrias militar e aeroespacial, produtos químicos para fins farmacêuticos, entre muitos outros. Até mesmo o pó de cortiça é utilizado na co-geração de energia eléctrica.
E, finalmente, as rolhas de cortiça podem ser recicladas e re-utilizadas. Como as rolhas usadas podem ser trituradas e reaproveitadas para o fabrico de outros produtos aglomerados, isto significa que a rolha de cortiça é o único vedante natural, renovável e reciclável. Uma indústria de que muito beneficia a economia portuguesa.

08/08/2007

Comboio a biodiesel

O transporte ferroviário é reconhecidamente o mais amigo do ambiente, mas os fabricantes procuram não ficar atrás da indústria automóvel, que também tem vindo a fazer progressos nesta área.
Um operador britânico pôs recentemente em circulação um comboio cujo combustível inclui uma mistura de 20% de biodiesel (diesel produzido a partir de óleos vegetais) que permite reduzir até 14% as emissões de CO2. A iniciativa é pioneira na Europa e está a ser feita em conjunto com o fabricante Bombardier, que forneceu há cinco anos aquela transportadora privada 78 comboios que operam na sua rede. Este operador, que tem uma frota de comboios eléctricos, introduziu alterações técnicas de forma a que a energia acumulada durante a frenagem (os comboios não travam, mas frenam porque têm freios em vez de travões) seja devolvida à rede eléctrica para ser novamente aproveitada.
Segundo um comunicado daquela multinacional, quando toda a frota estiver apta a receber biodiesel, menos 345 mil toneladas de dióxido de carbono serão lançadas na atmosfera por ano, o que equivale a retirar 23 mil automóveis das estradas. Ao resultar de óleos feitos a partir de plantas, este tipo de combustível não só diminui a poluição do ar como o milho, o girassol, ou a cana do açúcar que lhe estão na origem absorvem CO2 e libertam oxigénio.
Em Portugal, de resto, os suburbanos da CP de Lisboa e Porto, os pendulares e algumas locomotivas também têm este sistema. A Bombardier anunciou ainda que desenvolveu uma nova geração de comboios Turbostar que são mais rápidos e eficientes no consumo de energia do que a série anterior, graças à introdução de ‘bogies’ (rodados onde assentam as carruagens) mais leves e que reduzem também o desgaste sobre a via.
Com uma opinião pública mundial cada vez mais sensível às questões ambientais, a Bombardier está por isso a tentar produzir um ‘comboio verde’ que seja 20% mais leve, que consuma 20% menos de combustível, que produza 20% menos de emissões CO2 e que seja 90% reciclável.

Ver Público 2007-08-06

Insegurança nas centrais nucleares

O acidente em Kashiwazaki, no Japão, voltou a suscitar receios sobre a tecnologia nuclear. O caso levou o sector a repensar os padrões de segurança 1.
A maior central de energia nuclear do mundo, no Japão, que deixou escapar material radioactivo depois de um forte sismo, vai agora receber uma equipa de inspectores para avaliar as condições da infra-estrutura. É uma missão “importante para identificar as lições aprendidas que podem ter implicações para o regime de segurança nuclear”, notou o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA) no sítio web da Agência.
O acidente, provocado por um sismo de magnitude 6,8 na escala de Richter, abalou a confiança dos japoneses relativamente à indústria nuclear, numa altura em que a luta contra o aquecimento global servia de alavanca para o desenvolvimento do sector, após anos de oposição, desde o desastre de Chernobil em 1986.
Para além de ter morto dez pessoas e ferido 1100, o tremor de terra de 16 de Julho gerou mais de 50 disfunções na central de Kashiwazaki-Kariwa, desde então encerrada. “Os problemas provam que o Japão não está preparado para um desastre nuclear, especialmente se for causado por um sismo”, afirmou ao Asia Times um especialista em segurança nuclear da Universidade de Quioto.
A proprietária da central admitiu que Kashiwazaki não tinha a estrutura adequada para suportar um sismo tão forte. Pior ! Tentou encobrir marcas de vários acidentes e forjou registos de segurança, referiu a Reuters.
Felizmente voltaram as certezas relativas à insegurança do nuclear: uma semana depois do sismo no Japão a associação francesa Sortir du Nucléaire - ‘Sair do Nuclear’ - divulgou que 42 dos 58 reactores nucleares franceses também não podiam ter suportado um incidente da mesma dimensão. A IAEA não quis entretanto proferir comentários antes do final das inspecções, a 11 de Agosto, altura em irá revelar as conclusões às autoridades competentes 2.
Após todas estas evidências, quem se atreve a duvidar da óbvia insegurança do uso da energia nuclear?

1. Ver
http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/08/acidentes-nucleares.html
2. Ver artigo de Rute Barbedo IN Público 2007-08-07

07/08/2007

Bicicletas em desuso ?

A mobilidade é uma componente essencial da vivência moderna. Inspira infra-estruturas de uso exclusivo que sorvem volumosos orçamentos dos Estados, invenções de veículos motorizados e fundamenta a construção de auto-estradas, de linhas de metro e aeroportos. Construir uma estrada, encher de alcatrão as existentes ou possuir uma viatura de determinado modelo é ainda um ícone que dá votos e um pretenso estatuto social.
Talvez por isso é que os veículos motorizados são o principal meio de transporte usado pelos portugueses. Num estudo recente sobre a mobilidade na Europa é revelado que 58% dos portugueses utilizam carro ou motociclo nas suas deslocações. Portugal, apesar de não produzir petróleo e do preço do combustível ter uma enérgica carga fiscal, que faz deste produto um luxo no espaço europeu, utiliza mais o carro do que a Alemanha, a Holanda ou a Espanha e fica cinco pontos percentuais acima da média europeia, na utilização de veículos motorizados.
A motorização das deslocações dos portugueses relegou para o esquecimento outros meios de transporte, como a utilização da bicicleta em distâncias curtas e em percursos planos. De tal modo que, de acordo com o estudo do Eurobarómetro de Julho deste ano, a bicicleta é apenas utilizada por 1% dos inquiridos portugueses. Um dos valores mais baixos da Europa 1.
Há porém quem confesse que chegou a pedalar e que caiu imensas vezes, algumas vezes com violência, e que acompanhava com emoção as voltas velocipédicas a Portugal. Mas que ouvir alguns políticos fazer a apologia da bicicleta o deixa nervoso e cansado só de pensar no País e na cidade das sete colinas 2.
Com base nesta filosofia (barata) algumas administrações autárquicas ou fazem ‘orelhas das moucas’ das propostas aprovadas unanimemente 3, ou preferiram moldar as empresas municipais de transportes para a gestão de bilhetes, autocarros e parques de estacionamento, em vez de desenhar projectos de mobilidade sustentável que incluam a construção de pistas cicláveis e condições de compatibilização da bicicleta com os restantes meios de transporte. Especialmente quando temos condições climatéricas excelentes e uma indústria de bicicletas com presença internacional, onde existe espaço para inovar e que pode criar condições que permitam superar as subidas mais íngremes.
Ao contrário dos carros e autocarros, dos comboios e dos metros, as bicicletas não têm organismos de gestão dedicados. Os serviços municipais ocupam-se dos transportes colectivos urbanos, do trânsito, dos sentidos proibidos e dos estacionamentos, a CP dos comboios e os ‘metros’ dos trens ‘mais pequenos’.
O uso da bicicleta e o andar a pé são pois as medidas que os portugueses entrevistados para o estudo referido adoptariam, num cenário de poupança de combustível. Esta atitude é, actualmente, um desafio. É preciso consumir menos combustíveis fósseis para inverter a poluição do ar das nossas cidades e o aquecimento do nosso planeta. Os portugueses preferem usar a bicicleta do que alterar os métodos de condução, usar transporte público ou trocar de viatura por uma menos poluente. Face a estes dados, urge criar vias pedonais e cicláveis, que integrem o sistema existente, tendo em vista a mobilidade sustentável das nossas cidades 4.
Desde quando são as bicicletas em Portugal um veículo em desuso ?

Sustentabilidade ecológica

Consolidar e desenvolver a sustentabilidade física e ecológica do concelho de Lisboa, através do Plano Verde, é uma tarefa “que não tem nada a ver com arranjar jardinzecos”, recordou o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, que há uma década coordenou a equipa responsável pelo projecto 1.
Para já é preciso “fazer um levantamento rigoroso dos constrangimentos urbanísticos que entretanto surgiram e que podem dificultar a concretização dos corredores verdes”.
Por exemplo, a construção de “uma biblioteca municipal no Vale de Santo António, as intervenções urbanísticas no Vale de Alcântara e em Campolide e as pressões sobre os terrenos da freguesia da Ameixoeira que integram o denominado Parque Periférico” são alguns dos locais que o arquitecto apontou como sendo necessário analisar, recordando que “ao mudar, há uns tempos atrás, o nome de Parque Periférico para Coroa Periférica, a Câmara já tinha mostrado as suas intenções, reduzindo a área em questão”.
Relativamente ao Vale de Alcântara, para onde a intervenção proposta no Plano Verde assenta na “necessidade de regularização do regime hídrico do vale, com a criação de uma nova linha de água que funcione como alternativo ao caneiro de Alcântara”, Ribeiro Telles realçou o facto de nada ter sido feito nesse sentido, o que leva à manutenção dos problemas provocados pelas inundações no local. Por outro lado, “verificou-se a impermeabilização dos solos com a construção de prédios”. Dois factores que terão de ser profundamente estudados.
Outro potencial imbróglio no desenvolvimento do Plano Verde - cujo cenário de acção é exactamente a Estrutura Ecológica Municipal - é a zona ribeirinha. “O Plano Verde gaguejou sempre nessa zona, principalmente no troço situado entre Belém e Algés”. Além do sempre difícil diálogo entre a APL e a CML quanto ao aproveitamento das potencialidades daquela margem ribeirinha, perfilam-se no horizonte projectos que podem colidir com o desenvolvimento do Plano Verde.
A zona da Docapesca, em Pedrouços, a área monumental de Belém e o percurso entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré são os troços em causa. Para Santa Apolónia está prevista (como garantiu José Miguel Júdice, que deverá presidir às três sociedades encarregues da reabilitação da margem ribeirinha) a criação de um terminal de cruzeiros e para Belém o novo Museu dos Coches. Já para Pedrouços aponta-se um maior índice construtivo.
A Estrutura Ecológica Municipal deverá ainda “concretizar-se em articulação com as estruturas ecológicas dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa”. Garantindo que as respectivas Câmaras “têm os planos todos feitos”, defende que “as estruturas ecológicas são fundamentais, principalmente onde existem grandes extensões urbanísticas”. Finalmente, tudo isto terá se ser integrado ao nível do PNPOT - Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território.
Particularmente sensível à questão do abastecimento de uma população que, na AML, atinge cerca de quatro milhões de pessoas, o arquitecto considera urgente a criação e desenvolvimento de uma grande área de produção, onde o Oeste será “fundamental para alimentar Lisboa de produtos frescos, assim como a Margem Sul. E isto tem mais importância do que a questão dos aeroportos”. Por outro lado, “há anéis de hortas sociais, como as que existem entre Carnide e a Charneca 2, que deveriam merecer toda a atenção”. O Plano Verde, por si, não será relevante se não forem consideradas as “diversas vertentes que têm de ser articuladas. É uma intervenção global”, rematou 3.

06/08/2007

Acidentes nucleares

Os problemas ocorridos na maior central nuclear do mundo, no Japão, e em duas centrais na Alemanha, reabriram o debate sobre a indústria e estão a suscitar uma batalha política. Num país e no outro está em causa a informação incorrecta e/ou tardia prestada pelos responsáveis por estas infra-estruturas.
Ora acontece que a central no Japão teve de ser encerrada no mês passado devido à extensão dos graves danos sofridos na sequência de um sismo. E tratava-se de uma central relativa recente. Agora imagine-se o que teria acontecido se se tratasse de uma construção com instalações mais antigas.
O problema do envelhecimento das centrais conduziu já a que Berlim considere um programa de desmantelamento até 2021, tendo o próprio ministro do Ambiente ironizado que as “centrais nucleares alemãs são as mais seguras do mundo, excepto quando têm explosões ocasionais ou incêndios”.
Mas enquanto a Europa e o Japão atalham o passo neste ínvio caminho, nos EUA a indústria americana da energia nuclear tem planos para a construção de 19 novas centrais de produção, com 28 reactores. Alegam ainda os representantes do sector que a expansão do nuclear é virtualmente impossível sem o apoio financeiro do Governo. E o Senado, qual paladino do ‘aquecimento global’, acaba de aprovar um novo pacote legislativo da energia, abrindo a porta ao financiamento federal da construção de novas centrais nucleares, sobretudo na costa leste do país.
Os acidentes vêm causando enorme preocupação nos cidadãos daqueles países, enquanto os EUA correm para um pacote histórico (pela negativa) de subsídios. Perante a subida do preço do petróleo, não investem na investigação de energias alternativas. Os peritos mundiais alertam para um “declínio da cultura de segurança” e para os riscos do envelhecimento das centrais, enquanto os ‘donos’ do mundo o gerem a seu belo prazer.

Ver Público 2007-08-05, p. 35

A adopção é a esperança dos animais abandonados

Todos os verões é a mesma história. A caminho do Algarve, abre-se a porta do carro e deixa-se o cão ou o gato à beira da estrada. Apesar de todas as campanhas e de uma nova legislação, o crime de abandono de animais cresce sempre na época das férias. Só em Lisboa, 2 mil cães e gatos são anualmente deixados à sua própria sorte. Mas se há quem os queira ver pelas costas, também há quem os queira ter por perto. São poucos, mas convictos de que fizeram uma boa escolha, aqueles que recorrem à adopção para encontrar um amigo de quatro patas.
É nas férias que ainda se ouve dizer, a propósito do assunto: “os cães não são bebés, são selvagens, sabem tomar conta de si”. Algo que está longe de ser verdade, já que o cão e as actuais raças de gatos apareceram exactamente pelo contacto com homem. A grande maioria dos cientistas defende que o cão doméstico nasceu há cerca de 10 mil anos atrás, fruto de uma selecção sucessiva de crias de lobos cinzentos. A estes, dóceis e obedientes, era permitida a permanência junto dos humanos, sendo então utilizados na caça e na guarda às comunidades. Quanto aos gatos, apesar de domesticados muito depois do cão e da perseguição que lhes foi feita na Idade Média, o Antigo Egipto garantiu e difundiu a sua qualidade de animais de estimação e caçadores de ratos que evitavam doenças.
É possivelmente devido a esta estreita convivência entre homens e animais que não são só os homens que têm direitos. Os animais também. O seu valor intrínseco, e a compaixão que nos suscitam, faz com que estes direitos se convertam em lei. O problema reside na incapacidade de provar maus-tratos e abandonos. Um voluntário no gatil da União Zoófila conta a história de um gatinho branco de listas castanhas que a União Zoófila conseguiu salvar. “Quando a gata tem bebés e estes já conseguem andar, o dono põe-nos a correr e mata-os a tiro”. É o resumo do caso, mas “o homem só seria punido se a polícia o apanhasse em flagrante”.
Por causa desses mesmos maus-tratos e abandono, as Câmaras vêem-se obrigadas a capturar cães e gatos vadios ou doentes por motivos de saúde pública. Muitos deles acabam em canis municipais, à espera de serem… abatidos.
Para reduzir o número de animais abandonados e garantir o seu bem-estar, foi criado o Programa de Intercâmbio de Animais nas férias do Canil Municipal de Lisboa, com a colaboração da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais e da SOS Animal. “Criou-se uma base de dados de detentores de animais que, em sistema de reciprocidade e durante o período de férias, aceitam acolher animais de outrem” 1. Denúncias e inúmeros apelos podem também ser encontrados no site ‘O meu melhor amigo’ 2.
O seu vizinho vai de férias? Faça a adopção temporária do seu animal de estimação. Os nossos amigos de quatro patas agradecem-lhe.

05/08/2007

Ondas de calor

Um estudo publicado numa revista científica demonstra que nos últimos 100 anos as temperaturas na Europa subiram 1,6 graus centígrados. O estudo aponta para um futuro com verões ainda mais quentes. Estas ondas de calor, que nos últimos anos foram consideradas directamente responsáveis pela morte de centenas de pessoas em toda a Europa, estão a tornar-se mais frequentes e mais prolongadas.
De acordo com o estudo de um grupo de investigadores suíços que analisou à luz de novos métodos temperaturas máximas diárias de mais de 200 locais na Europa, as ondas de calor extremo são um sinal inequívoco de um progressivo aquecimento global.
A investigação, publicada numa revista da União de Geofísica Americana, vem demonstrar que desde 1880 as temperaturas subiram 1,6 graus centígrados e não 1,3 como até aqui era aceite pela comunidade científica. Segundo os investigadores, esta disparidade reside no facto de até 1930 o método de medir a temperatura não ser suficientemente fiável.
Por essa razão, concluem os cientistas, as estimativas de alterações nas temperaturas mais altas entre Junho e Agosto têm sido conservadoras. As ondas de calor, que em 1880 duravam, em média 1,5 dias, têm agora a duração de três dias 1.
E nós, o que fazemos no dia a dia para reduzir as causas das alterações climáticas? Pode-se aprender a ser neutro em carbono ou evitar contribuir para o avanço do aquecimento global e salvar o nosso Planeta?
As emissões de dióxido de carbono estão a alterar o clima da Terra, que está cada vez mais quente. Este fenómeno terá efeitos catastróficos se não o travarmos rapidamente. As emissões de dióxido de carbono são hoje 40% mais altas do que eram antes da Revolução Industrial e são as mais altas da história, em mais de 650.000 anos estudados.
Os efeitos da subida da temperatura já são visíveis. Os glaciares estão a retroceder a taxas nunca vistas, pedaços inteiros da calote de gelo Antárctica estão a quebrar-se, as estações quentes são cada vez mais longas e as tempestades cada vez mais violentas 2.
A compensação de carbono é uma forma prática e eficiente de contribuir para a protecção do ambiente e uma forma de se tornar uma parte da solução de um problema que afecta o planeta inteiro. Veja como neste link 3.