03/08/2007

Plano Verde? Eu explico

Tanto se tem falado do Plano Verde nos últimos dias que nada melhor do que ouvir o ex-presidente da Quercus de Lisboa, o engº Carlos Moura.
O Plano Verde não é uma novidade. Plano Verde e Parque Periférico são realidades de que já se fala e escreve desde os anos 90 e que estão incluídas no Plano Director Municipal de 1994.
De facto, tendo sido desenvolvido durante a vigência das Coligações de esquerda, Por Lisboa e Com Lisboa. Representava uma interrelação entre as várias categorias de Espaço Verde, criando um todo coerente que garantia o estancar do crescimento do betão na cidade e da sua impermeabilização, garantindo ao mesmo tempo um fluxo ecológico dentro da cidade que se reflectiria na periferia.
Com efeito procurava-se a ligação entre a Estrutura Verde Principal - constituída pelos grandes Parques Urbanos, de que o Parque Periférico é um exemplo - e a Estrutura Verde Secundária constituída pelos Parques de menor dimensão, os de proximidade e os logradouros dos quarteirões.
O Parque Periférico constituiria assim neste todo uma espécie de anel que impediria a ligação betonizada entre Lisboa e as cidades limítrofes, permitindo que o contínuo urbano de facto existente ganhasse em qualidade de vida nos vários municípios.
O Plano Verde da Cidade de Lisboa foi então vertido para o PDM, constituindo pedra de toque desta realidade, e aí o Parque Periférico, como elemento chave deste continuo foi também vertido para o PDM, pese embora algumas das suas limitações.
O facto de não ter sido cabalmente realizado, ainda que respeitada a sua existência até 2001, permitiu que, após esta data, uma visão de espaço urbano como recurso explorável e de valorização mercantil, pusesse em grande parte em causa a concretização desta peça fundamental do Plano Verde, prevendo novas cedências territoriais. Inviabilizar este Parque, que pertence à estrutura fundamental, equivale a inviabilizar também o Plano Verde e por consequência criar uma situação em que a revisão do PDM apenas verificará a incapacidade de prosseguir os objectivos traçados em termos de qualidade de vida 1.

Nota: “O Parque Periférico é constituído por uma estrutura contínua reticulada que vai desde o Parque de Monsanto até à Ameixoeira”, conferir artigo de Gonçalo Ribeiro Telles no boletim ‘Lisboa Urbanismo’, de 1998, ver
http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/003/001/artigo.php?ml=2&x=b2a1pt.xml e “faz parte de um dos corredores do Plano Verde”, segundo a formulação de Ribeiro Telles na mesma revista em 2001, ver http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/003/004/artigo.php?ml=3&x=b16a1pt.xml

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