11/08/2007

Lixo turístico

O jardim que existe entre as ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros, em frente à Casa dos Bicos, mais parece um depósito de lixo. Garantem os comerciantes da zona que os turistas que por ali transitam “até abanam a cabeça em sinal de desagrado”. E o cenário não é para menos. Em vez da relva, que já há muito secou, naquele espaço amontoam-se garrafas de vidro, plásticos, maços de cigarro vazios, papelão e até restos de cimento.
Situado a escassos metros das esplanadas que, principalmente no Verão, se enchem de clientes nacionais e estrangeiros, o jardim serviu, durante algum tempo, de suporte às obras que decorreram na Rua da Madalena. Se em Março o estaleiro foi desmontado, o relvado não foi reposto “como seria obrigação da empresa”, explicou o presidente da Junta de Freguesia da Madalena. “A Junta queria substituir a rede de rega, pois os tubos estão todos ferrugentos, mas a técnica responsável pela Divisão de Jardins da CML defende que é apenas necessário mudar duas válvulas”. E enquanto se mantém esta divergência “o local enche-se de lixo e serve de camarata aos muitos sem-abrigo que ali pernoitam”.
Também um dos residentes recorda que “há mais de dois anos que o espaço se encontra assim abandonado”, contrastando com “o tempo em que existia relva e que as crianças podiam ir para lá brincar”. Agora, para completar o cenário, até o gradeamento em ferro se encontra danificado. Indignados com a situação que marca de uma forma tão negativa “uma zona onde passam centenas de turistas”, os comerciantes resolveram dar alguma atenção às árvores. “Somos nós que as regamos, senão já tinham morrido”, por outro lado “esta rua só é lavada quando chove. É uma desgraça”.
As ruas dos Bacalhoeiros e dos Arneiros, que fazem esquina com o citado jardim, foram duas vias que o anterior executivo decidiu no ano passado fechar ao trânsito no dia europeu sem carros de 22 de Setembro. Chegou a pintar o asfalto mas... todos os dias estas vias continuam a servir de circulação de carros, impedindo os comerciantes de, por ex., estabelecerem esplanadas no referido espaço.
No outro extremo, a Rua da Alfândega desemboca na Praça do Comércio e, bem em frente ao Martinho, as arcadas dos Ministérios (MAI e Finanças) servem de ‘camarata’ aos sem-abrigo e a dejectos nauseabundos. Local curiosamente adoptado, durante os meses de Verão, pelas agências de turismo como tomada e largada de passageiros em longas filas de turistas. Lisboa no seu ‘melhor’ acompanhado por lixo ‘a la carte’.

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