Os problemas ocorridos na maior central nuclear do mundo, no Japão, e em duas centrais na Alemanha, reabriram o debate sobre a indústria e estão a suscitar uma batalha política. Num país e no outro está em causa a informação incorrecta e/ou tardia prestada pelos responsáveis por estas infra-estruturas.
Ora acontece que a central no Japão teve de ser encerrada no mês passado devido à extensão dos graves danos sofridos na sequência de um sismo. E tratava-se de uma central relativa recente. Agora imagine-se o que teria acontecido se se tratasse de uma construção com instalações mais antigas.
O problema do envelhecimento das centrais conduziu já a que Berlim considere um programa de desmantelamento até 2021, tendo o próprio ministro do Ambiente ironizado que as “centrais nucleares alemãs são as mais seguras do mundo, excepto quando têm explosões ocasionais ou incêndios”.
Mas enquanto a Europa e o Japão atalham o passo neste ínvio caminho, nos EUA a indústria americana da energia nuclear tem planos para a construção de 19 novas centrais de produção, com 28 reactores. Alegam ainda os representantes do sector que a expansão do nuclear é virtualmente impossível sem o apoio financeiro do Governo. E o Senado, qual paladino do ‘aquecimento global’, acaba de aprovar um novo pacote legislativo da energia, abrindo a porta ao financiamento federal da construção de novas centrais nucleares, sobretudo na costa leste do país.
Os acidentes vêm causando enorme preocupação nos cidadãos daqueles países, enquanto os EUA correm para um pacote histórico (pela negativa) de subsídios. Perante a subida do preço do petróleo, não investem na investigação de energias alternativas. Os peritos mundiais alertam para um “declínio da cultura de segurança” e para os riscos do envelhecimento das centrais, enquanto os ‘donos’ do mundo o gerem a seu belo prazer.
Ver Público 2007-08-05, p. 35
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