06/08/2007

A adopção é a esperança dos animais abandonados

Todos os verões é a mesma história. A caminho do Algarve, abre-se a porta do carro e deixa-se o cão ou o gato à beira da estrada. Apesar de todas as campanhas e de uma nova legislação, o crime de abandono de animais cresce sempre na época das férias. Só em Lisboa, 2 mil cães e gatos são anualmente deixados à sua própria sorte. Mas se há quem os queira ver pelas costas, também há quem os queira ter por perto. São poucos, mas convictos de que fizeram uma boa escolha, aqueles que recorrem à adopção para encontrar um amigo de quatro patas.
É nas férias que ainda se ouve dizer, a propósito do assunto: “os cães não são bebés, são selvagens, sabem tomar conta de si”. Algo que está longe de ser verdade, já que o cão e as actuais raças de gatos apareceram exactamente pelo contacto com homem. A grande maioria dos cientistas defende que o cão doméstico nasceu há cerca de 10 mil anos atrás, fruto de uma selecção sucessiva de crias de lobos cinzentos. A estes, dóceis e obedientes, era permitida a permanência junto dos humanos, sendo então utilizados na caça e na guarda às comunidades. Quanto aos gatos, apesar de domesticados muito depois do cão e da perseguição que lhes foi feita na Idade Média, o Antigo Egipto garantiu e difundiu a sua qualidade de animais de estimação e caçadores de ratos que evitavam doenças.
É possivelmente devido a esta estreita convivência entre homens e animais que não são só os homens que têm direitos. Os animais também. O seu valor intrínseco, e a compaixão que nos suscitam, faz com que estes direitos se convertam em lei. O problema reside na incapacidade de provar maus-tratos e abandonos. Um voluntário no gatil da União Zoófila conta a história de um gatinho branco de listas castanhas que a União Zoófila conseguiu salvar. “Quando a gata tem bebés e estes já conseguem andar, o dono põe-nos a correr e mata-os a tiro”. É o resumo do caso, mas “o homem só seria punido se a polícia o apanhasse em flagrante”.
Por causa desses mesmos maus-tratos e abandono, as Câmaras vêem-se obrigadas a capturar cães e gatos vadios ou doentes por motivos de saúde pública. Muitos deles acabam em canis municipais, à espera de serem… abatidos.
Para reduzir o número de animais abandonados e garantir o seu bem-estar, foi criado o Programa de Intercâmbio de Animais nas férias do Canil Municipal de Lisboa, com a colaboração da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais e da SOS Animal. “Criou-se uma base de dados de detentores de animais que, em sistema de reciprocidade e durante o período de férias, aceitam acolher animais de outrem” 1. Denúncias e inúmeros apelos podem também ser encontrados no site ‘O meu melhor amigo’ 2.
O seu vizinho vai de férias? Faça a adopção temporária do seu animal de estimação. Os nossos amigos de quatro patas agradecem-lhe.

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