No corrente mês de Maio de 2016, o Governo veio reafirmar que um dos
sectores onde reforçará o investimento público radica na concretização do Plano
Estratégico dos Transportes e Infraestruturas (PETI3+), que poderá ascender a um
montante total de 6 mil milhões €, sendo boa parte do plano suportado por
fundos do novo quadro comunitário 2014-2020. Neste plano a prioridade vai para
a ferrovia e, em particular, para a expansão das redes de Metro, à qual se decidiu
afectar 400 milhões €, a dividir entre Lisboa e o Porto. De momento, falta a
apresentação de estudos que suportem e consubstanciem uma futura tomada de
decisões, sabendo-se, desde já, que deverão ser privilegiados novos pólos
geradores de tráfego.
Como actores, o próprio Ministro do Ambiente destacou, há dias, que
“independentemente da titularidade das empresas, têm de ser as áreas
metropolitanas a planear e definir as obrigações de serviço público”, perspectivando
“uma mobilidade onde os transportes colectivos ganham quota de mercado ao
transporte individual”, a fim de se obter “uma gestão da mobilidade urbana
pensada, naturalmente, para servir as pessoas, mas essencialmente pensada para
reduzir as emissões atmosféricas (…) e onde a mobilidade suave tem de ter uma
importância crescente nas cidades”.
Por isso, logo após a recente inauguração da estação do Metropolitano
na Reboleira, de novo começaram a ser abordadas possíveis futuras expansões das
linhas da rede de Metropolitano de Lisboa. O mesmo Ministro veio clarificar
que, independentemente de todas as opções merecerem a devida ponderação,
considera pertinente o “reforço da conectividade entre linhas já existentes”, indicando
que, quanto a um calendário de planeamento, “até ao final deste ano” seriam
“definidas as obras que irão ser feitas”.
Até aqui nada de novo pois, como chegou a ser anunciado em 2009, diversas
hipóteses se encontravam em cima da mesa para a continuação das Linhas de
Metropolitano. O Município da Amadora com a ambição de ver a Linha Azul
estendida até ao Hospital Amadora-Sintra, com estações intermédias na Atalaia e
na Amadora-Centro. Antiga é também a ambição do prolongamento da Linha Verde a
partir de Telheiras, fazendo interface na estação da CP em Benfica e a Linha
Vermelha até Sacavém. Já quanto à Linha Amarela, equacionava-se a hipótese de abranger
Loures e, ainda, a eventual alternativa de fecho no Cais do Sodré ou o seu natural
prolongamento para Alcântara, Santo Amaro, Ajuda e Belém.
Deste modo, visto que muito se vem debatendo nesta AML sobre a
estrutura dos sistemas de transporte na Área Metropolitana de Lisboa, julgamos
pertinente que a Casa da Cidadania continue a acompanhar as possíveis alternativas,
a fim de integrar o melhor planeamento e os estudos que o deverão
consubstanciar, contribuindo para as futuras prioridades de expansão da rede de
Metropolitano, que melhor sirvam os princípios de mobilidade e acessibilidade dos
munícipes da Área Metropolitana.
É neste contexto que nos parece de superior relevância olhar-se para o
mapa da rede e apercebermo-nos sobre quais as zonas hoje cobertas por um
transporte rápido - como o Metro - e aquelas que, apesar do seu índice
urbanístico, se encontram subalternizadas ou as que por disporem de potenciais
interfaces são candidatas a alcançar os desígnios expressos como prioridade
pelo Governo, das quais destacamos uma mais ágil mobilidade que sirva os
cidadãos e garanta a diversificação das necessárias ligações e transbordos
entre tipos diferenciados de transporte colectivo ao longo da malha urbana.
Várias têm sido as opções estudadas pela empresa Metro de Lisboa ao
longo dos anos e os projectos oficialmente apresentados a médio/longo prazo. Por
exemplo:
Em 17/07/2009 foi apresentado um projecto de expansão para as linhas
Amarela e Vermelha, com o objectivo de servir os concelhos de Odivelas e
Loures. Esta expansão contaria com 7 novas estações, 5 na Linha Amarela
(Codivel, Torres da Bela Vista/Frielas, Santo António, Loures e Infantado) e 2
na Linha Vermelha (Portela e Sacavém). Estas duas extensões deveriam ter sido
concluídas em 2014 e 2015.
Depois, a 30/07/2009, uma nova apresentação expôs o projecto de
expansão da Linha Azul para o interior do concelho da Amadora, consistindo no
prolongamento da linha com três novas estações na Atalaia, Amadora-Centro e
Hospital Amadora-Sintra. Em 2011, foi anunciada a expansão da Linha Amarela,
ligando o Rato ao Cais do Sodré, com abertura de duas novas estações em São
Bento e em Santos.
Em complemento destes projectos, surge, finalmente, o ‘Plano de
Expansão do Metropolitano de Lisboa 2010/2020’, apresentado em 2/09/2009 pela
então Secretária de Estado dos Transportes (Ana Paula Vitorino). Ao todo, neste
plano, o alargamento do Metropolitano iria contar com 33 novas estações, sendo
duas delas construídas em linhas já existentes, estações Alfândega, na Linha
Azul, entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, e Estação Madrid, na Linha
Verde, entre Areeiro e Roma. Ao todo, a rede de Metropolitano de Lisboa continuaria
a dispor de quatro linhas, com uma extensão total de 102 km, passando a contar,
em 2020, com 89 estações, sendo 7 duplas e uma tripla.
O plano incluía ainda, para a Linha Vermelha, o prolongamento a sul de
São Sebastião até Campo de Ourique, passando por Campolide e Amoreiras, e a
norte para além do Aeroporto, unir-se-ia à Linha Amarela ou na estação Lumiar
ou na estação do Campo Grande e à Linha Azul, na do Colégio Militar/Luz, daí
ligando ao Hospital Amadora-Sintra. Anteriormente, a expansão para norte da
Linha Vermelha contemplava também um ramal que partia de Moscavide rumo à
Portela e a Sacavém, o que, a concretizar-se, corresponderia à terceira
expansão da rede do Metro para fora da cidade de Lisboa.
Na Linha Amarela havia a possibilidade de um prolongamento para Sul
desde o Rato até Alcântara-Mar, passando pela Estrela e pela Infante Santo.
Na Linha Verde estava em estudo o prolongamento a norte desde
Telheiras, passando pela Horta Nova, para se unir à Linha Azul na estação Pontinha
ou em Carnide, prolongando-se até à estação da CP em Benfica.
Na Linha Azul previa-se a construção de duas novas estações
provisoriamente denominadas Uruguai e Benfica.
E já em 29/01/2016, o novo presidente do Metro de Lisboa (Tiago
Farias), para além de considerar que em algumas zonas da capital havia
necessidade de reforçar o serviço do Metropolitano, logo clarificou que para
reavaliar a expansão da rede a longo prazo "estão a ser equacionados quais
são os caminhos possíveis, mas não há nenhum plano concreto", pois
"há zonas em que faz sentido, outras que não", acrescentando que
qualquer projecção "tem de ser avaliada de forma integrada" com os
restantes modos de transporte.
Ou seja, vários têm sido os projectos e os anúncios, os avanços e os
recuos, quando, para “Os Verdes”, o mais
importante é estabelecer-se uma estratégia prévia para a expansão das linhas de
Metro que tenha em consideração os pontos de ligação em interfaces diversificados
de transportes, que garantam uma mais ágil interconexão na rede, potenciando a
mobilidade dos utentes de transportes colectivos.
É um facto que a rede actual se encontra desequilibrada, abrangendo maioritariamente
a metade central e oriental da cidade. Além disso, embora linhas circulares
entrelaçadas aparentem melhorar o serviço prestado, tal não é de todo verdade -
é um erro -, pois acabam por não aumentar nem o número de passageiros nem, por
consequência, as próprias receitas da empresa. Donde, para haver equilíbrio
espacial na rede, aliado ao necessário aumento das receitas, o futuro
prolongamento da rede do Metro deve dirigir-se para ocidente e para a
periferia, isto é, procurar novos passageiros, e convergir, por exemplo, com os
transportes suburbanos e as estações da CP.
Toda a opção política requer uma mais sustentada abordagem técnica de
suporte. E é isso que “Os Verdes” propõem que sejam atempadamente
produzidos os devidos estudos técnicos que garantam uma gestão bem mais eficaz
de toda a rede, tendo em vista as necessidades de mobilidade dos utentes da
Área Metropolitana de Lisboa.
J. L. Sobreda
Antunes
Grupo Municipal de “Os Verdes”