19/12/2012

Intervenção da Deputada Municipal do PEV, Cláudia Madeira, sobre a apreciação da Informação Escrita do Sr. Presidente da CML acerca da actividade municipal, proferida na reunião da AML de 18 de Dezembro de 2012



Sr.ª Presidente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Deputados
Sobre a informação escrita do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, referente ao período de 1 de Setembro a 30 de Novembro, gostaríamos de começar por referir a informação sobre a Semana Europeia de Mobilidade, dizendo que mais do que um conjunto de medidas, algumas delas avulsas, que acontecem apenas uma vez nesta data, é preciso que a Câmara assuma um papel verdadeiramente defensor e reivindicativo de uma efectiva política de mobilidade. E isto passa, necessariamente, por uma rede de transportes públicos colectivos eficaz, capaz de dar resposta às necessidades das populações, e a preços socialmente justos.

Ou seja, precisamente o contrário do que se passa em Lisboa, onde as operadoras fazem o que lhes apetece, prejudicando sempre os utentes, e não temos conseguido ver, por parte da autarquia, uma posição firme em defesa do direito à mobilidade, apesar de várias, e têm sido muitas, propostas de «Os Verdes» irem nesse sentido.

Também sobre o papel pouco activo e nada defensor dos interesses e direitos das populações, temos a questão da saúde. Lisboa está prestes a ficar sem hospitais.

Estamos, Senhor Presidente, perante uma aniquilação dos hospitais de referência em Lisboa, algo que esperamos que a autarquia combata e não permita, assumindo uma forte posição de defesa.

Temos, por um lado, o desaparecimento de vários hospitais de Lisboa, ficando a capital do país bastante reduzida a nível de unidades de saúde, e os poucos que restarem, ficarão, por este andar, com os serviços completamente destruídos.

É o que se passa, por exemplo, com a falta de medicamentos e dificuldades na contratação de médicos que o hospital de Santa Maria enfrenta de há algum tempo para cá, desde que o novo hospital de Loures foi construído. Parece que vai mais verba para este novo hospital, do que para os públicos, e à semelhança dos restantes hospitais públicos do país Santa Maria sofre assim, de um grave subfinanciamento por parte do Estado.

Não nos esqueçamos que é assim que tem começado o processo de desactivação e desmantelamento de todos os outros hospitais. Há falta de pessoal, há falta de medicamentos, e depois vem a decisão, que afinal já estava tomada há muito, de desactivar o hospital.

Chamamos por isso a atenção para esta situação, devendo a Câmara defender firmemente o direito ao acesso à saúde na cidade de Lisboa.

Não querendo entrar na discussão propriamente dita sobre a extinção da EPUL, uma vez que a proposta está a ser analisada nas comissões e tendo também em conta que na semana passada apresentámos uma recomendação sobre esta matéria, queríamos apenas demonstrar a nossa preocupação relativamente à situação dos trabalhadores da EPUL. De facto, estamos apreensivos quanto à integração destes 149 trabalhadores, mas também à forma como vai a autarquia gerir o património da EPUL que passará para a Câmara.

Seria importante também referir que numa reunião da Assembleia Municipal, o Senhor Presidente afirmou que pretendia fundir a GEBALIS, a EPUL e a SRU Ocidental numa única empresa vocacionada para a Gestão dos Bairros Municipais e Reabilitação Urbana. Posteriormente, numa outra reunião, afirmou que a SRU Ocidental era a única empresa municipal que não cumpria os requisitos previstos no Regime Jurídico das Empresas Municipais. E agora, o executivo municipal decidiu tomar a decisão de extinção da EPUL.

Afinal qual é a estratégia e as orientações para as Empresas Municipais existentes na Cidade de Lisboa? Será que o executivo anda ao sabor do vento, sem saber o que pretende para o sector empresarial municipal?

Na parte da Direcção Municipal de Ambiente Urbano, sobre o Departamento de Reparação e Manutenção Mecânica, (DRMM) é dito que foram seleccionados 22 desempregados, distribuídos por diversas funções, que continuam a aguardar por autorização para início da actividade.

Neste momento, como está essa situação, tendo em conta que não nos podemos esquecer que existe um défice de pessoal nas oficinas dos Olivais I e II afectas a este departamento?
   
Ainda em relação ao DRMM, gostaríamos que o executivo nos informasse se já resolveu o problema da falta de materiais básicos, necessários ao normal funcionamento das oficinas, que provoca muitas vezes a paralisação de sectores.

Há uns meses alertámos também para o facto de existirem mais de 100 trabalhadores das oficinas que continuam a aguardar formação necessária para a melhoria do desempenho profissional, envolvendo a reparação e manutenção de viaturas. Que foi feito entretanto em relação a isto?

Queríamos referir igualmente a questão dos guardas florestais, que também apresentam falta de meios e sendo o número de efectivos, ou seja 32 guardas florestais, é manifestamente insuficiente para o exercício das suas funções e a fiscalização do Parque Florestal de Monsanto. Como se justifica, por exemplo, que apenas haja vigilância ao parque durante os dias de semana, e apenas até às 17h30m?

Tivemos conhecimento que os guardas florestais tentaram entrar em contacto com a autarquia, mas sem resposta ou reacção por parte desta. Perguntamos, por isso, se o executivo já reuniu com estes trabalhadores?

Temos também outra questão que gostaríamos que o executivo nos esclarecesse. A Câmara Municipal de Lisboa, e também o Ministério da Educação, terão uma dívida para com a Voz do Operário, remontando uma parte ao ano de 2011. Ora, esta situação faz com que a instituição não consiga pagar atempadamente aos funcionários. Qual a razão desta dívida se manter e quando vai a autarquia liquidá-la?

Um outro assunto: a piscina dos Olivais vai começar a ser reabilitada por uma empresa privada, nomeadamente o Grupo Ingesport.

A questão de fundo que nos preocupa, e que sempre preocupou, desde a abertura dos concursos internacionais para a reabilitação das piscinas municipais, é o tipo de gestão e manutenção que será feita.

Os contractos realizados assentam em parcerias público-privadas que se irão prolongar por um período de 40 anos. Preocupa-nos os preços que irão ser praticados e, apesar de ser referido que serão cobrados ao público preços acessíveis, alertamos que estes preços poderão sofrer alterações ao longo dos anos de concessão, pois dependerá sempre da capacidade financeira dos parceiros privados. Voltamos a relembrar, como já o afirmámos nesta Assembleia, que a Câmara poderia muito bem ter concorrido a fundos comunitários.

Por fim, mais uma vez, e esperando desta vez obter uma resposta concreta, qual a posição da Câmara em relação ao campo de tiro e o que está a ser feito?

Começa a ser desagradável perguntar isto em todas as reuniões, mas continuaremos a fazê-lo, até termos uma resposta objectiva. Não podemos permitir que a Câmara brinque assim com a vida dos lisboetas e com as deliberações desta Assembleia.

Ou será que o senhor Presidente já não se lembra que foi aprovada nesta Assembleia uma deliberação para, com carácter de urgência, isto em Dezembro de 2010, se encontrar uma solução alternativa para o Campo de Tiro, minimizando os impactos resultantes do funcionamento deste equipamento e, obviamente, salvaguardando a situação laboral dos seus trabalhadores e para se iniciar, imediatamente propusemos nós, as diligências necessárias no sentido da efectiva saída do Campo de Tiro do Parque Florestal de Monsanto.

Até fomos mais longe, pedimos que esta Assembleia fosse informada periodicamente sobre os trabalhos efectuados e a efectuar no âmbito da retirada do Campo de Tiro de Monsanto e da requalificação desse espaço. Passaram exactamente dois anos, e onde estão essas informações?

A Câmara não pode fazer de conta que o campo de tiro não está lá. Este é um problema da cidade de Lisboa que tem que ser resolvido.

Por isso, de uma vez por todas, pedimos que o executivo seja sério em relação a esta matéria e nos responda a estas questões.

2ª Intervenção da Deputada Municipal do PEV
Sr.ª Presidente

Queria apenas chamar a atenção e lembrar o Sr. Vereador Sá Fernandes para o facto de termos colocado questões muito concretas sobre o Campo de Tiro, e o Sr. Vereador optou por falar na relação de amizade que tem com o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, e sobre o Campo de Tiro nada disse. Este silêncio é inadmissível e a Câmara não se pode continuar a desresponsabilizar, e «Os Verdes» apresentarão um requerimento, mais um, com estas questões.

Mas, Sr. Presidente da Câmara, Srs. Vereadores, também outras questões ficaram por responder, nomeadamente sobre a Voz do Operário, os Guardas Florestais ou o Departamento de Reparação e Manutenção Mecânica.

Compreendemos que o executivo não tenha interesse em responder, mas isto também faz parte da cidade, e não só o que o Sr. Presidente e o executivo decidem incluir na informação escrita.

A Deputada Municipal do PEV
Cláudia Madeira

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