16/12/2015

Intervenção sobre a Informação Escrita do Sr. Presidente da CML, na Assembleia Municipal de Lisboa de 15 de Dezembro de 2015


 
Após a análise da Informação Escrita do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, respeitante ao período compreendido entre 1 de Setembro e 31 de Outubro, passamos a elencar um conjunto de questões sobre as quais este relatório é pouco claro ou mesmo omisso, e que Os Verdes consideram que é importante que sejam clarificadas:
A primeira questão é sobre o Complexo Desportivo Municipal do Casal Vistoso que foi alvo, muito recentemente, de um conjunto de obras com o objectivo de melhorar as condições de segurança, higiene e conforto dos seus utilizadores, tal como é referido no relatório dos serviços que compõe esta informação escrita.
Os Verdes recordam que este complexo desportivo é a instalação municipal com a maior taxa de ocupação e que é diariamente frequentado por centenas de desportistas das mais variadas modalidades, recebendo inúmeras provas desportivas.
Contudo, mais uma vez e passados sete anos desde que trouxemos pela primeira vez este assunto a esta Assembleia, este complexo desportivo  continua sem ter um espaço de cafetaria a funcionar, havendo apenas três máquinas de venda automática, sendo a única opção onde desportistas e funcionários podem adquirir alimentos, dentro do espaço desportivo.  Isto, quando se sabe que a prática desportiva pressupõe necessidades alimentares específicas e que os artigos disponibilizados através destas máquinas são, maioritariamente, pouco saudáveis, não possibilitando uma alimentação saudável e equilibrada.
Ora, se estas instalações têm um espaço de restauração equipado e pronto a funcionar, e se em 2008, por proposta de Os Verdes foi aprovada uma recomendação, por unanimidade, para a entrada em funcionamento deste espaço, por que razão sete anos depois continua tudo na mesma?
Recordamos também que em 2010 a resposta do executivo foi que se encontravam em curso os procedimentos preparatórios de lançamento da hasta pública para a concessão do espaço de restauração, prevendo-se a sua respectiva entrada em funcionamento no segundo semestre de 2011. Mas eis que, em 2012, perante novo requerimento à Câmara pois nada tinha sido feito, a resposta já foi que a Santa Casa da Misericórdia solicitou a possibilidade de se estudar a colocação naquele espaço de uma cantina social.
Desde esta resposta até hoje já passaram mais três anos e o espaço continua na mesma, fechado. 
Gostaríamos então de saber o que tem estado a falhar e o que efectivamente vai ser feito naquele espaço e quando, se é que a Câmara lá pretende fazer alguma coisa?
A segunda questão, sobre habitação municipal: apesar de neste relatório encontrarmos uma ou outra referência a obras e arranjos no Bairro do Condado, em Marvila, não encontramos rigorosamente nada sobre alguns lotes, mais concretamente sobre os lotes 536 e 538, que foram arranjados e que têm tubos novos mas cujos moradores estão há mais ou menos um ano sem gás.
Gostaríamos de saber, perante uma situação tão inaceitável como esta, quais as razões para que isto suceda e se prolongue durante tanto tempo e quando vão, finalmente, estas pessoas poder ter gás nas suas casas.
Passando a um terceiro assunto, temos também algumas questões sobre a Vila Ana e a Vila Ventura em Benfica.
Estas vilas, que são um dos últimos testemunhos das quintas e casas apalaçadas pelas quais esta freguesia era conhecida no século XIX, estão num avançado estado de degradação, apesar de ainda terem dois inquilinos que vivem sem o mínimo de condições porque a empresa proprietária nunca fez obras de manutenção.
Recordamos que estas vilas estão inscritas no Inventário Municipal de Património anexo ao Plano Director Municipal, assim como noutros documentos municipais referentes a Pátios e Vilas da Cidade de Lisboa.
Gostaríamos entãode saber se neste momento há alguma negociação entre a CML e a empresa proprietária das vilas e se o executivo está a ponderar alguma solução de modo a preservar as Vilas Ana e Ventura?
O quarto tema é sobre a loja da Fábrica Sant’Anna e não obstante o facto de sabermos que não é responsabilidade da Câmara, também é verdade que esta loja é de grande importância para a cidade de Lisboa.
Assim e uma vez que há uma acção de despejo para que esta loja na Rua do Alecrim feche portas, devido a uma decisão do Grupo Visabeira, que vai implicar o encerramento de uma loja que conta já com quase cem anos, a celebrar em Janeiro, o que gostaríamos de perguntar é se a autarquia já tomou ou pondera vir a tomar alguma diligência no sentido de se encontrar uma solução que possibilite que a loja da Fábrica Sant’Anna se mantenha naquele espaço ou que se encontre um espaço alternativo onde seja possível instalar esta loja. Ou afinal será que a promoção das lojas históricas do município não passa de novo engodo de falsas intenções?
O quinto tema que trazemos é sobre o Plano Pavimentar Lisboa 2015-2020. Ao longo da Informação Escrita encontramos algumas referências a este Plano, e a Câmara está a promover a repavimentação das faixas de rodagem e dos passeios de todo o Bairro do Arco do Cego, intervenção muito desejada já há muito tempo. Contudo, esta obra está a deixar os moradores preocupados com a possibilidade de haver infiltrações e inundações nas casas devido a uma alteração significativa na forma como é feito o escoamento das águas pluviais.
Até o próprio presidente da autarquia reconhece que a obra está a ser mal feita pelo que importa saber que medidas vão ser tomadas para remediar o erro da obra e qual a razão para este erro?
Finalmente e para terminar, o sexto tema refere-se ao debate sobre o Parque Florestal de Monsanto. Neste momento, a Conferência de Representantes dos Grupos Municipais está a fazer avançar uma proposta para a qual já enviámos contributos, mas sobre isto o que está a avançar é pela parte da Assembleia Municipal e não da Câmara porque, na realidade, temos cada vez mais dificuldade em perceber o que pretende o executivo fazer. Mas uma coisa é certa, o Sr. Vereador responsável anda a brincar com esta Assembleia e com os lisboetas e já o deixou bem expresso, porque por iniciativa do sr. Vereador nada se fazia.
Em Maio – há sete meses – o Sr. Vereador Sá Fernandes, no seguimento de uma proposta de Os Verdes, anunciou que a Câmara ia promover “um grande debate” (palavras do próprio vereador) sobre Monsanto em Setembro.
Disse o vereador, no dia 5 de Maio, que esta proposta seria concretizada com o objectivo de, e passo a citar, “serem debatidos em conjunto todos os projectos e iniciativas” para Monsanto. Ora, isto já não sucedeu!
Tendo em conta que a Câmara está a avançar com projectos para o antigo campo de tiro a chumbo em Monsanto e para o antigo Aquaparque (e não vamos agora pronunciarmo-nos sobre estas propostas), Os Verdes consideram que teria sido da maior importância e pertinência que o executivo respeitasse e cumprisse a deliberação aprovada nesta Assembleia sobre a realização do debate público alargado, permitindo que os projectos pudessem reflectir as necessidades, preocupações e prioridades da população e que os munícipes pudessem ser ouvidos e esclarecidos sobre os referidos projectos.
E exactamente por isso não percebemos por que razão a CML não procedeu previamente à realização deste debate, tal como proposto pelo Partido Ecologista Os Verdes.
Não achará o executivo que está a haver aqui uma inversão das coisas? Primeiro pensa-se, apresenta-se um projecto e depois, só depois e se tiver mesmo que ser, é que se ouve o que as pessoas têm a dizer?
Perante isto e uma vez que sobre este debate a Informação Escrita nas suas mais de 150 páginas nada diz, gostávamos mesmo de obter uma resposta verdadeira por parte do executivo:
Por que razão o executivo não achou importante fazer esse debate antes de apresentar os projectos para o antigo campo de tiro e o Aquaparque?

 
Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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