Chegam
hoje a Portugal 24 refugiados oriundos de África e Médio Oriente vindos de Roma
e Atenas, num esforço do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados) para solucionar a presente crise demográfica e o acolhimento de
refugiados fugidos da guerra, da morte e da fome.
Sabemos
que entre Janeiro e Novembro deste ano chegaram à UE perto de 1,5 milhão de
pessoas, o maior número de sempre. Até agora, oficialmente, mais de 3670
refugiados ou imigrantes morreram desde o início do ano no Mediterrâneo. As ONG
estimam que o número seja muito maior e que muitos mortos fiquem por
contabilizar. Hoje, faltam ainda rotas legais e seguras, o que leva famílias desesperadas
a pagar a contrabandistas e a arriscar a sua vida em perigosas viagens.
Porém,
ainda em finais da Primavera deste ano, o anterior primeiro-ministro de
Portugal se esforçava por apresentar uma contra-proposta à Comissão Europeia
sobre a redução da quota para acolhimento de refugiados, tendo chegado a enunciar
critérios para a sua fixação, e onde as questões humanitárias estavam excluídas
de qualquer equação. Ficámos apenas por saber qual teria sido a sua reacção se
a ‘maré migratória’ tivesse dado às costas nacionais e se na altura não teria antes
ficado aos gritos com a UE para uma urgente redistribuição e apoio aos
refugiados eventualmente entrados em Portugal.
E
o nosso País, que tinha uma quota para recepção de 15 refugiados em 2013, e de
45 refugiados em 2014, até então nunca as tinha cumprido. Ou seja, na altura o
anterior Governo português ainda andava a ‘regatear’ a redução da quota atribuída
a Portugal. Aliás, para quem promoveu a emigração forçada de tantos jovens
portugueses, não seria de esperar outra posição.
Foram
necessárias as sucessivas imagens chocantes de centenas de milhares de seres
humanos a chegarem à Europa ou a morrerem às suas portas, fugindo da guerra, da
pobreza, do desemprego e da destruição dos seus países, fruto de processos de
ingerência e de interesses económicos externos para captura directa dos seus
recursos naturais. Quando deveríamos estar a atacar as causas da destabilização
e pilhagem dos recursos desses países, pondo termo às agressões externas,
eis-nos que ainda recentemente tivemos de voltar a assistir a acções belicistas
e a exercícios militares da NATO em Portugal e outros países mediterrânicos,
para um hipotético ensaio de futuras ingerências.
O
debate na AML sobre ‘Demografia e Migrações’, que decorreu entre Abril e Maio
deste ano, só agora coligiu o seu excelente Relatório e respectivas conclusões,
mais de 6 meses depois. Mas já em meados de Junho “Os Verdes” haviam alertado para o problema
e apresentado nesta AML uma Recomendação sobre o candente tema dos refugiados.
É
que, para “Os
Verdes”, todos temos
de trabalhar em conjunto a nível nacional, sabendo que estamos a falar de
pessoas. Amanhã, poderemos ser eu ou tu.
J. L. Sobreda Antunes
Grupo
Municipal de “Os
Verdes”
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