A floresta autóctone é composta por árvores com origem no
próprio território. No caso de Portugal, compreende árvores como os carvalhos,
os medronheiros, os castanheiros, os loureiros, as azinheiras, os azereiros ou
os sobreiros.
Este tipo de floresta está comprovadamente mais adaptada às
condições do solo e do clima do território e por isso é mais resistente a
pragas, doenças, longos períodos de seca ou de chuva intensa, em comparação com
espécies introduzidas. Além de muitas outras vantagens, exerce um importante
papel na regulação e melhoria do clima, no sequestro de carbono da atmosfera
contribuindo para a redução do efeito estufa e, por conseguinte, no combate às
alterações climáticas, sendo também mais resistentes e resilientes aos
incêndios florestais.
No seguimento dos trágicos incêndios que devastaram o nosso País,
que resultam em grande parte de opções políticas erradas que, ao longo dos
anos, têm contribuído para a total desertificação e despovoamento do mundo
rural, das nossas florestas e do nosso património natural, muito se tem falado
da necessidade urgente da reimplantação da floresta autóctone, assim como de
uma estratégia de ordenamento da nossa floresta, propostas que Os Verdes
reivindicam ao longo dos anos.
Também na cidade de Lisboa, e no que diz respeito aos
espaços verdes e jardins e particularmente ao Parque Florestal de Monsanto, as
espécies autóctones devem assumir cada vez mais importância, pois ao
conceber-se jardins integrados paisagisticamente no meio, utilizando espécies
autóctones, adaptadas às condições edafoclimáticas do espaço e à topografia do
terreno, com reduzidas exigências hídricas, mais resistentes a pragas e
doenças, fomenta-se a biodiversidade local, contribuindo também para uma melhor
eficiência ao nível da gestão dos espaços verdes na cidade.
Considerando que os espaços verdes de uma cidade desempenham
um papel fundamental na promoção da qualidade de vida, sendo o seu principal
objectivo a preservação da qualidade do ar, o recreio e o lazer e que, além
destas funções, também mantêm a permeabilidade dos solos e quebram a monotonia
da paisagem urbana, causada pelos grandes complexos de edificações, que cada
vez mais caracterizam as nossas cidades;
Considerando a grave situação de seca que o nosso País
atravessa, sendo que dados recentes apontam que no final do mês de Outubro,
cerca de 25% do território estava em seca severa e 75% em seca extrema,
mantendo-se a situação de seca meteorológica em todo o território de Portugal
Continental, prevendo-se um aumento da área em seca extrema;
Considerando que a Câmara Municipal de Lisboa anunciou no
dia 15 de Novembro medidas que se propõe implementar face à actual situação de
seca, como desligar provisoriamente as fontes ornamentais da cidade que usem
água da rede ou reduzir a rega nos espaços verdes, entende o Grupo Municipal do
PEV que a autarquia deve, além de dar o exemplo em situações extremas, adoptar
desde já medidas para que Lisboa dê o seu contributo e esteja preparada para
estas e outras ocorrências, que se prevêem sejam cada vez mais frequentes;
Considerando por fim, que no dia 23 de Novembro se assinala
o Dia da Floresta Autóctone.
Neste sentido, a Assembleia Municipal de Lisboa delibera, na
sequência da presente proposta dos eleitos do Partido Ecologista Os Verdes,
recomendar à Câmara Municipal de Lisboa que:
1. Na implementação de novos espaços verdes na cidade, ou
mesmo nos já existentes, assim como no Parque Florestal de Monsanto, seja dada
prioridade à plantação de espécies autóctones, mais resilientes e com melhor
adaptação a condições adversas.
2. Seja fomentada a produção de espécies
autóctones nos viveiros municipais.
Mais delibera ainda:
3. Saudar o Dia da Floresta Autóctone.
4. Enviar a presente deliberação à Associação
Lisboa Verde, à Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, à Liga dos
Amigos do Jardim Botânico de Lisboa e às Associações de Defesa do Ambiente.
Assembleia
Municipal de Lisboa, 21 de Novembro de 2017
O Grupo Municipal do Partido Ecologista Os Verdes
Cláudia Madeira J. L. Sobreda Antunes
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