02/12/2014

Intervenção sobre a Proposta nº 112/2014 - PU de Alcântara, na Assembleia Municipal de Lisboa de 2 de Dezembro de 2014


Desde Março de 2008 que a CML vem sucessivamente avançando e recuando no redesenho e afinação de uma proposta referente ao Plano de Urbanização de Alcântara.
Em primeiro lugar, “Os Verdes” defendem que poderia ter sido elaborado um Plano de Urbanização para todo o Vale de Alcântara, não concordando, por isso, com a actual restrição na delimitação territorial contemplada na proposta. Ou seja, consideramos que seria mais vantajoso um enquadramento do território mais abrangente, que englobasse, para além da área de intervenção do actual plano, a Pedreira e o Bairro do Alvito. Tal opção permitiria uma intervenção mais coerente ao longo da unidade que constitui o Vale de Alcântara, bem como a reconversão de antigas instalações industriais e armazéns obsoletos, a fixação dos índices e parâmetros urbanísticos e um traçado integrado para a estrutura da rede viária e das restantes infraestruturas de mobilidade e acessibilidades.
Por outro lado, o Plano de Urbanização do Vale de Alcântara poderia estabelecer, pelo menos, duas subunidades operativas de planeamento e gestão que servissem de base ao desenvolvimento de dois Planos de Pormenor: um incidindo na área da Pedreira e do Bairro do Alvito visando desenvolver, aprofundar e materializar a sua requalificação paisagística e ambiental; e um outro Plano de Pormenor para a zona de Alcântara com a finalidade de proceder à sua regeneração urbana e à melhoria das acessibilidades nas áreas adjacentes à centralidade da capital.
Quanto ao regime de usos do solo previstos no Plano de Urbanização de Alcântara, “Os Verdes” têm sérias reservas relativamente à operação urbanística prevista para a área compreendida pelos arruamentos Avenida da Índia, Avenida 24 de Julho e Rua de Cascais. Esta área, designada no Plano por “Triângulo de Ouro”, prevê edifícios com uma elevada volumetria face aos edifícios pré-existentes. Pelo que questionamos se não teria sido preferível que parte daquela área fosse destinada à criação de um parque ou jardim urbano incluindo uma bacia de retenção e integrando, assim, a Estrutura Verde da cidade.
Para além do mais, tratando-se de uma zona bastante vulnerável à ocorrência de inundações, em que a criação de uma bacia de retenção associada a um parque ou jardim urbano permitira ainda, para além da diminuição dos riscos de inundações através da redução dos caudais de ponta de cheia, permitira, dizíamos, o seu usufruto pelas populações residentes como uma zona de recreio e lazer, plenamente integrada no tecido urbano envolvente.
No Estudo de Impacto Ambiental é mencionado expressamente que o projecto de desnivelamento ferroviário em Alcântara terá que envolver um conjunto de intervenções que melhore as condições de saneamento existentes, ao nível da drenagem pluvial e doméstica, a jusante do chamado “Túnel de Alcântara” que implicará, inclusive, a duplicação da secção no troço final do Caneiro desde o início da Rua Cascais, para além da necessidade de construir a montante dois reservatórios enterrados na zona de Campolide e nas imediações do Bairro da Liberdade.
Já aqui muitas interrogações foram colocadas por outros grupos municipais e “Os Verdes” reconhecem que é necessário proceder a uma intervenção nesta zona da cidade. Porém, o conteúdo desta proposta faz-nos permanecer com um vasto conjunto de dúvidas e questões diversas que passamos a colocar ao executivo.
Permitirá o projecto de desnivelamento ferroviário previsto para Alcântara a ligação e circulação de comboios de passageiros entre as estações na Linha de Cintura (estações de Campolide, Sete Rios, Entrecampos, Areeiro-Roma, Oriente), mas mantendo a Linha de Cascais, as estações de Santos e Cais do Sodré?
Será possível que os comboios urbanos da Linha da Azambuja possam vir a ter como término a estação do Cais do Sodré?
Porque não se clarifica as consequências da previsível expansão dos transportes públicos, designadamente, do Metropolitano e do eléctrico rápido ou de outras formas de mobilidade suave até Alcântara?
Não poderá o projecto de desnivelamento ferroviário de Alcântara implicar uma maior frequência de ocorrências de inundações nesta zona da cidade de Lisboa?
Quem será a entidade responsável pela construção e exploração do Funicular ou Elevador do Alvito previsto no Plano? Será a Carris, a CP, a CML ou uma entidade privada?
E, finalmente, quem será ou serão aa entidades responsáveis pela execução das Propostas para Reabilitação do Caneiro de Alcântara e da execução do Plano de Drenagem da Cidade de Lisboa previstas para esta área urbana?
Ficamos a aguardar os esclarecimentos do sr. vereador.

J. L. Sobreda Antunes
Grupo Municipal de “Os Verdes

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