02/12/2014

Intervenção sobre a Proposta nº 648/2014 – Lançamento de uma hasta pública para a alienação de um lote, de uma parcela de terreno, de prédios urbanos e de fracções autónomas, na Assembleia Municipal de Lisboa de 2 de Dezembro de 2014


Nos últimos tempos, a Câmara tem, dentro de uma estratégia de alienação de património, lançado um conjunto de hastas públicas de edifícios e terrenos, e esta proposta vai precisamente nesse sentido, pretendendo o executivo arrecadar 22,5 milhões de euros até ao fim do ano.
«Os Verdes» consideram que esta alienação levanta alguns problemas e não garante que estejam salvaguardados os interesses municipais.
Relativamente ao terreno da Av. 24 de Julho, cujo preço base de licitação é de 20.350 milhões de euros, temos muitas reservas, uma vez que neste lote estão instalados serviços da Direcção Municipal de Ambiente Urbano.
Antes de mais, importa saber como será resolvida a situação dos trabalhadores e dos serviços aí desenvolvidos.
            Estamos a falar de mais de 300 trabalhadores e de uma área onde se guardam materiais. O executivo apontou como solução a possibilidade de se proceder à transferência para os Olivais, Baixa e Campo Grande, mas não apresentou nada de concreto.
Um outro aspecto prende-se com o facto de o terreno em causa estar situado numa zona da cidade que é bastante vulnerável à ocorrência de inundações, e em que o Plano de Urbanização de Alcântara prevê edifícios com uma elevada volumetria face aos edifícios pré-existentes. «Os Verdes» têm sérias reservas relativamente à operação urbanística prevista para a área compreendida pelos arruamentos Avenida da Índia, Avenida 24 de Julho e Rua de Cascais, designada no Plano por “Triângulo de Ouro”, defendendo que parte daquela área fosse destinada à criação de um parque ou jardim urbano, que permita a diminuição dos riscos de inundações, através da redução dos caudais de ponta de cheia, e o seu usufruto pelas populações residentes como uma zona de recreio e lazer, plenamente integrado no tecido urbano envolvente.
Uma vez que consideramos que não se pode alienar património municipal sem mais nem menos, importa ver esclarecidas e asseguradas as seguintes questões, que são para nós fundamentais:
1. Que fará a autarquia com os trabalhadores, com os serviços prestados e com os equipamentos? Irá depois a Câmara arrendar um espaço com esse fim, porque decidiu alienar este terreno?
2. A concretizar-se uma transferência de serviços e trabalhadores para outros locais, que custos terá esta transferência para o município?
3. Não considera a Câmara que a valorização do património pode e deve passar por outras operações que não apenas a sua alienação?
4. Falando numa zona tão crítica em relação a cheias, como é Alcântara, ponderou sequer o executivo transformar aquele terreno num espaço verde ou acha mesmo que o que aquela zona precisa é de mais construção? Ainda por cima, uma construção com uma altura de fachada elevada, de acordo com os termos de referência do Plano de Urbanização de Alcântara, que será incompatível com o determinado no Plano Director Municipal de Lisboa.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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