06/06/2007

Incineradora sai do Júlio de Matos

Na recente Assembleia Municipal de 15 de Maio, os deputados municipais do Partido Ecologista “Os Verdes”, apresentaram uma recomendação sobre a “Incineradora do Hospital Júlio de Matos”, na sequência de uma série de acidentes nas caldeiras.
Nela exigiam uma melhor “fiscalização e monitorização permanentes do funcionamento da Incineradora e dos níveis de emissões de poluentes, a instalação de uma Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, a divulgação dos resultados dos relatórios periódicos de monitorização da referida incineradora, publicitando os seus resultados nos painéis electrónicos informativos e na página web do município e, finalmente, que se pugnasse pela descentralização a curto/médio prazo da incineradora para uma zona não residencial, no sentido de proteger as populações, a qualidade de vida destas e consequentemente a qualidade do ar”.
A Moção foi votada favoravelmente por todas as forças políticas excepto pelos deputados do PS que votaram contra e nem deram justificação para tal facto 1. Acontece que a pressão do PEV e o destaque dado à notícia na comunicação social 2, levaram o Governo e o Ministério da Saúde a repensar a sua posição e a dar o mal ‘votado por não dito’.
De tal modo que o Expresso on-line de ontem referia já que “a única incineradora de resíduos hospitalares a funcionar no país - nas imediações do Hospital Júlio de Matos, no Parque de Saúde de Lisboa - vai ser transferida para a Chamusca e ficará localizada junto dos futuros Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER), no Eco Parque do Relvão”.
Segundo o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) ainda não está definida a data do encerramento final da incineradora que opera com problemas junto a uma vasta zona residencial em Lisboa. Mas prevê-se que a transferência para a Unidade de Tratamento do Eco Parque do Relvão, na Chamusca, aconteça em 2009.
O processo de transferência da incineradora ainda está a ser estudado. Segundo o secretário de Estado da Saúde, a decisão foi tomada pelo Ministério da Saúde em articulação com o ministério do Ambiente e inserida no Plano Nacional de Acção Ambiente e Saúde (2007-2013). Este documento foi hoje apresentado pele Ministro do Ambiente numa cerimónia realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Ambiente.
Esta incineradora queima diariamente cerca de seis mil toneladas de resíduos e a sua actividade já foi suspensa várias vezes devido a problemas tais como, ter ultrapassado os valores limite de emissão de poluentes nocivos para a saúde pública. O último encerramento aconteceu em Março por ordem da Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território (IGAOT), após detectar emissões de dioxinas e de furanos 30 vezes acima do limite admissível. Mas já fora fechada também em Novembro e em Junho de 2006, na sequência de uma explosão numa das caldeiras. Os resíduos foram então exportados para tratamento na Alemanha e em Espanha. Entretanto, desde inícios de Abril, a incineradora voltou a entrar em funcionamento (com emissões abaixo dos limites legais), mas mantendo uma licença provisória de actividade 3.
Depois de várias peripécias que colocaram em risco a saúde dos moradores, e no Dia Mundial do Ambiente, o Ministério deu a mão à palmatória, ouvindo as propostas de "Os Verdes". Mais vale tarde do que nunca. Pela nossa saúde.

1 comentário:

Miguel Carvalho disse...

Boa notícia!
Os níveis de dioxinas daquela incineradora eram de facto impressionantes