24/06/2014

Assembleia Municipal de Lisboa, 24 de Junho de 2014 - “4º Debate sobre transportes - Os desafios para Lisboa”



Este debate entrou no momento final de sínteses, pelo que é chegado o momento de se removerem tabus e de se clarificarem posições. Em anteriores sessões, membros convidados para estarem na Mesa deste debate produziram declarações indesmentíveis.
Comecemos por recordar o que aqui afirmou logo na sessão inaugural o presidente do conselho executivo da Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa, órgão que que tem por incumbência definir redes, serviços, tarifários e de contribuir para reforçar a importância do sistema de transporte público colectivo. Disse ele, a Carris e o Metro não são hoje apenas de Lisboa, são-no de toda a região.
Com efeito, outros municípios da área metropolitana expressaram já também a sua posição junto da Administração Central:
- no sentido de as decisões relativas aos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa garantirem uma gestão metropolitana, em que os municípios tenham uma participação vinculativa e activa;
- no sentido de se manter na esfera pública as empresas de transporte da AML que são geridas pelo Estado;
- no sentido de ser revista a política de preços dos transportes e de circuitos e respectivas frequências de modo a promover a utilização dos transportes públicos;
- e manifestaram junto dos outros municípios da AML a sua disponibilidade e vontade em participar no processo em curso, tendo em conta os milhares de munícipes dos concelhos de Almada, Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Oeiras que são utentes do Metro e da Carris.
Outros participantes no debate afirmaram também que dificilmente as empresas ou os sistemas de transportes poderiam ser sustentáveis, se se colocasse em risco o seu sistema de financiamento. Pelo que para não o por em causa, o Estado teria que tender para o seu equilíbrio por meio de subsídios à exploração.
Aliás, a própria Área Metropolitana de Lisboa realizou um debate e não foi apresentado qualquer modelo, de cidade nenhuma do mundo, em que não houvesse uma comparticipação financeira por parte da tutela governamental, ou da tutela regional, ou da figura correspondente que existisse nesse país.
Passemos então à fase das clarificações. O Grupo Municipal de «Os Verdes» questiona os membros da Mesa desta 4ª sessão, concretamente, o sr. Secretário de Estado e o sr. presidente da CML sobre o seguinte:
1º É ou não verdade que a Carris e o Metro prestam serviços suburbanos, servindo os concelhos de Almada, Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Oeiras?
2º Confirma o Governo que todos estes municípios se encontram em pé de igualdade para terem uma participação activa e vinculativa perante o Metro e a Carris?
3º Assume ou não a CML uma posição de defesa dos utentes dos serviços de transportes colectivos e a sua manutenção na esfera pública?
4º Está a CML disponível para cooperar com os restantes municípios da Área Metropolitana de Lisboa, para melhorar o sistema de transportes e prestar um serviço de qualidade aos cidadãos?
5º Serão ou não auscultadas as Comissões de Utentes e os Sindicatos representativos do sector?
Finalmente, comprometem-se as partes envolvidas em actuar no âmbito da Autoridade Metropolitana de Transportes para alterar os seus estatutos, de modo a que não seja uma entidade governamentalizada, mas sim uma estrutura onde as autarquias tenham uma intervenção determinante, na coordenação dos diversos operadores, no planeamento e no financiamento de um verdadeiro sistema de transportes que assente no serviço público?
Por fim, esperemos que o relatório final deste debate reproduza não apenas a diversidade de opiniões como o pulsar dos anseios dos munícipes e dos utentes em particular.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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