03/03/2015

Intervenção da Deputada do PEV Cláudia Madeira no Debate Temático: Erradicação da violência contra as mulheres, A Convenção de Istambul e o Direito Português


Assembleia Municipal de Lisboa, 3 de Março de 2015

Boa tarde a todas e a todos. Agradeço em nome do Grupo Municipal do Partido Ecologista «Os Verdes» as intervenções por parte das oradoras deste primeiro painel e os contributos que nos trouxeram.

Em primeiro lugar, saudamos esta iniciativa da Assembleia Municipal pela importância e pertinência do tema, pois enquanto houver violência contra as mulheres, qualquer forma de violência, é fundamental discutirmos as suas causas e consequências, para estarmos mais perto da sua prevenção e erradicação.

Este é um grave problema social, económico e político que põe em causa os direitos das mulheres no trabalho, na sociedade e na família, podendo nalguns casos pôr em risco a sua própria vida. É uma violação dos direitos humanos e um obstáculo à sua participação na vida social, na vida pública e no trabalho, impedindo a sua realização como cidadãs com plenos direitos. E é preciso nunca nos esquecermos de que quando vemos uma fase da violência, já muito se passou.

Para «Os Verdes» a violência contra as mulheres é um assunto de extrema importância pois o combate a todas as formas de violência está na génese do movimento ecologista. Nesse âmbito, e seguindo o princípio da promoção da dignidade dos seres humanos, temos tido uma actividade permanente nesta matéria.  

Quando falamos de violência contra as mulheres falamos de todas as formas de violência: a violência doméstica, a violência psicológica, o assédio sexual, a violência e a exploração sexual, a mutilação genital feminina o casamento forçado, entre outras.

É igualmente importante ter noção que as diversas formas de violência se vão alterando e vão surgindo sob novas formas, o que requer novas e eficazes formas de as combatermos.

Podemos dizer que se têm dado alguns passos no combate à violência contra as mulheres, como é exemplo a Convenção de Istambul, mas há ainda muito por fazer, persistem ainda muitas situações gritantes e inaceitáveis a que urge pôr um ponto final. Definitivamente.

Há ainda muito a fazer, coisas a melhorar no ordenamento jurídico português, é preciso coordenar os vários ramos de Direito (o penal, o da família e o civil) para que não apresentem soluções contraditórias, e para isso é preciso um grande conhecimento de terreno. Não pode haver vazios na lei, e tem de haver políticas pensadas de forma global através de uma estratégia, e não medidas avulsas.

Do ponto de vista político, é importante reforçar que esta é uma matéria que deverá unir todas as forças políticas, pois estamos a falar de direitos humanos, e não respeitar estes direitos é crime, portanto parece-nos inaceitável qualquer medida que contrarie este princípio e que ponha em causa a dignidade e a própria vida de uma mulher.

Também sabemos que as crises – económicas e sociais – aumentam a vulnerabilidade das mulheres, agravando situações como o desemprego, a pobreza e a marginalização, cabendo ao Governo a adopção de medidas que contrariem estes fenómenos. Não podemos ter gente que nos governa que, por um lado, vem dizer que a erradicação da violência contra as mulheres e a igualdade de oportunidades são uma prioridade, quando por outro lado, mais não fazem do que promover situações de desigualdade e de exclusão.

Um Governo anti-social não quer a igualdade, a inclusão e a plenitude de direitos.

Para «Os Verdes» impõe-se, assim, um reforço, mas um reforço sério, de meios financeiros e de políticas que valorizem o papel da mulher na sociedade, que promovam a igualdade de direitos, o combate a todas as formas de violência exercida contra as mulheres, que eliminem as discriminações que ainda persistem, políticas de protecção e apoio das vítimas, no acesso a cuidados de saúde e de apoio na procura de emprego.

Não pode haver falta de vontade política, não pode haver dinheiro para injectar em bancos e não haver para prevenir estes crimes e para apoiar as mulheres vítimas de violência.

Nenhuma vida poderá estar em risco por opções políticas. A vida de uma pessoa nunca deverá estar dependente da vontade política, ou da falta dela, para fazer mais e melhor.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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