19/05/2015

Intervenção do PEV na 3ª sessão do Debate Temático: Demografia e Migrações em Lisboa


Assembleia Municipal de Lisboa de 19 de Maio de 2015

Boa tarde,
em primeiro lugar quero saudar esta iniciativa da Assembleia Municipal e cumprimentar os oradores e todos os presentes.

Quando falamos de migrações não nos podemos esquecer que Portugal é um país simultaneamente de imigração e de emigração e as razões que determinaram a vinda para Portugal de milhares de imigrantes são, no essencial, as mesmas que determinaram na década de 60 e que determinam hoje a saída de muitos portugueses, ou seja, a esperança numa vida melhor e o direito a lutar por isso.

Há exepções, de quem pretende conhecer e viver num país diferente mas comparando com outros casos são raras excepções, e independentemente da forma, a essência destas migrações e da crise demográfica que afecta o país é estarmos perante políticas que atacam direitos, promovem o desemprego e aumentam a exploração. Porque são muitos, mesmo muitos, os que querem viver no seu país e não podem.

É preciso dizer que em Portugal, nos últimos anos, temos tido um Governo que além de ter aberto a porta a estas situações, ainda empurrou os portugueses para fora do país.

Também é preciso denunciar que há medidas altamente injustas por parte da União Europeia e adoptadas pelo Governo português, como se fosse aceitável categorizar os imigrantes entre os que interessam e os que não interessam, os que têm direito a tratamento Gold e os outros.

O que assistimos muitas vezes é que em vez de se trabalhar para que os imigrantes tenham direitos, há quem esteja mais interessado em gerir Frontex e  Eurosur, em vez de se focar em reais políticas de integração, de inclusão e de participação dos imigrantes.

«Os Verdes» rejeitam totalmente a construção de uma “Europa fortaleza”, que pisa os mais elementares direitos dos imigrantes e que cria novos e cada vez mais graves problemas relacionados com a legalização e integração dos imigrantes e dos seus descendentes, porque não há seres humanos ilegais.

É preciso denunciar e rejeitar orientações que são um embuste político e que assentam numa opção ideológica de mercantilizar os direitos de quem tem que emigrar.

Lisboa é o principal ponto de chegada dos imigrantes em Portugal e o objectivo da Câmara deve ser que os imigrantes se integrem e participem na vida da cidade e do país.

É importante que haja planos municipais para a integração dos imigrantes, sem nunca nos esquecermos da necessidade de promover a coesão social e o respeito pela diversidade e pela cidadania.

É preciso lutar contra equívocos, preconceitos, rumores e estereótipos, é preciso destruir rumores negativos em relação às comunidades migrantes. É preciso termos políticas a nível do poder central e do poder local dedicadas a melhorar a vida dos que agora chegam e dos que, há anos, escolheram Lisboa para viver.

O que se exige é uma política de imigração que respeite os direitos dos imigrantes e combata de modo firme a xenofobia e o racismo.

Os imigrantes nunca poderão ser olhados como invasores e como inimigos porque não o são e, por isso mesmo, não precisamos de muros de protecção. Precisamos de políticas integradas de migração e ainda há muito por fazer para que quem está longe do seu país, se sinta em casa.

Dizer ainda, para terminar, que quando falamos de migrantes, falamos de pessoas, e que basta de hipocrisias e que não chega andar a proclamar a importância da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que diz que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em direitos”, é preciso defender este princípio na prática e fomentar políticas que promovam a igualdade e essa igualdade tem que chegar a todos no que diz respeito aos direitos sociais, laborais, económicos, culturais e políticos.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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