26 de abril de 2015
Pavilhão José Gouveia, São João da Talha, Loures
Boa tarde
Companheiros e amigos
Em nome do Partido
Ecologista «Os Verdes» saúdo todos os presentes nesta grande iniciativa e
dirijo também uma saudação especial ao Partido Comunista Português e à
Intervenção Democrática. Estendo obviamente esta saudação a todos os independentes
e à Juventude CDU, a todos os que fazem da CDU este magnífico projecto.
Celebramos os 41 anos
da Revolução de Abril, que veio mudar a vida dos portugueses, que trouxe a
liberdade, a paz e a democracia. Que permitiu aos portugueses sonhar com um
futuro melhor, com um país livre, desenvolvido e sustentável. Que abriu caminho
à Constituição da República Portuguesa que consagrou os mais variados direitos,
com vista a uma vida digna e com qualidade.
Muito devemos aos
Capitães de Abril e aos homens e mulheres que, partilhando causas e valores que
consideravam justos, lutaram durante anos para que aquele dia, em vez de ser
mais um dia igual a tantos outros na penumbra, se enchesse de esperança e de cor.
Mas não basta estarmos gratos, também é nossa obrigação, faz parte do nosso
legado, resistir e lutar para manter os valores de Abril tão vivos e fortes
como em 74. Principalmente quando as políticas que se estão a praticar destroem
muito do que se conquistou.
Por tudo aquilo que
nos afecta no dia-a-dia, celebrar hoje Abril, tem cada vez mais
sentido.
Hoje, como há 41
anos, também precisamos de nos erguer contra os que nos impõem austeridade e
empobrecimento.Também hoje dizemos não à vida que nos querem impor, porque
sabemos que é possível mudar.
41 anos depois e
ainda estamos tão longe do que se sonhou e lutou para o país. E a
responsabilidade não é dos portugueses que honram a história heróica do nosso
povo e que respeitam Abril, mas sim daqueles que têm estado no Governo – PS,
PSD e CDS -, para servir os seus interesses e não os do povo português.
E qual é o resultado destas
políticas?
Os direitos não são
para todos e a igualdade de oportunidades não chega a todo o lado.
A dívida pública, de
2011 para 2014, aumentou 30 mil milhões de euros. E melhorou alguma coisa? O
emprego, a saúde, a educação, os transportes? Nada. A agricultura e as pescas?
Também não.
A justiça é só para
alguns. Encerram e privatizam serviços fundamentais para as populações.
O ambiente só é visto
como prioridade se der para fazer algum dinheiro, principalmente se forem as
populações a pagar.
Companheiros,
há um Abril inacabado
em cada desempregado, em cada reformado que tem que escolher se põe comida na
mesa ou se compra o medicamento de que tanto precisa. Há um Abril inacabado em
cada criança que se deita sem jantar. Em cada português que deixa a sua casa e
a sua família porque se tornou um fardo para o país, porque decidiram que
afinal há pessoas descartáveis.
E enquanto isto se
passa, há alguns que se mantêm intocáveis: são os grandes grupos económicos que
nunca viram a crise. Aquela que afecta todo o país? Nem sabem o que isso é. Onde
é que está aqui a justiça social?
Há quatro anos que
ouvimos ouvir falar de sinais positivos. Também dizem agora que a recuperação
económica tem sido notória. Mas depois olhamos à nossa volta e a economia está
parada. O dinheiro das famílias acaba e o mês continua. Mas os cofres afinal estão
cheios… mas de nada, porque o dinheiro não é nosso. É o dinheiro da dívida e
estamos a pagar juros sobre ele.
Ou seja, pagamos
juros pelo empréstimo que foi pedido e pelo depósito de dinheiro que não é
nosso.
De juros pela dívida
são entre 7 a 8 mil milhões de euros que estamos a pagar anualmente. Este valor
é superior ao orçamento anual para o Serviço Nacional de Saúde, e a saúde está
como está! Mas, desde o início, nós dissemos que a dívida era insustentável, e
que era preciso renegociá-la. Sem margem para crescer e para investir no país,
não se cria riqueza. E sem riqueza, não se consegue pagar.
PSD e CDS sempre
disseram que não havia dinheiro, mas para os bancos e os grandes grupos
económicos nunca faltou, e enquanto asfixiavam as famílias com brutais
impostos, baixaram o IRC para as grandes empresas.
Antes, disseram que
não defendiam a privatização da água. Depois, anunciaram a privatização da
Águas de Portugal, posteriormente fizeram uma aparente inversão de marcha, mas
a verdade é que não tiveram tempo para avançar como queriam. Mas mesmo assim,
com a reestruturação deste sector, deixaram a porta completamente aberta para o
sector privado. Enquanto isso, foram chumbando propostas de «Os Verdes» que,
essas sim, defendem a água como um bem público. E PSD e CDS não estiveram
sozinhos, o PS juntou-se a eles.
Há muitos mais
exemplos que poderia dar, mas por aqui já se vê que não é com estes Partidos
que vamos lá.
Estes partidos têm
estado sempre de mãos dadas na destruição do país, com a cabeça nos negócios
que podem fazer à custa do povo e de costas voltadas para as pessoas, sempe
submissos a uma União Europeia que apenas se guia pela lógica de mercado.
Depois, temos também
um Presidente da República que quer entendimentos e que critica ataques
pessoais no debate político. E perguntamos nós: entendimentos para quê? Para
reforçar este caminho de retrocesso? Pois não contam connosco. E os piores ataques a que temos assistido e que têm que
acabar são os ataques ao povo português, que merece muito mais.
Está na altura de dar
valor ao país que temos e às pessoas.
Temos um longo
caminho a percorrer mas se há 41 anos houve solução e alternativa, hoje também
há, e como disse, e tão bem, Ary dos Santos:
“Isto vai meus amigos
isto vai
o que é preciso é ter
sempre presente
que o presente é um
tempo que se vai
e o futuro é o tempo
resistente.
Depois da tempestade
há a bonança
que é verde como a
cor que tem a esperança
quando a água de
Abril sobre nós cai.
O que é preciso é
termos confiança
se fizermos de maio a
nossa lança
isto vai meus amigos
isto vai.”
E vai. Isto vai com a
CDU, que representa a mudança e a confiança necessárias. Uma mudança a sério que
ponha o nosso país a produzir, para nos podermos libertar de uma dívida que sem
ser renegociada não será possível pagar.
Amigos e
companheiros,
Para as eleições
legislativas deste ano, temos a responsabilidade de esclarecer sobre o que se
passa realmente no país, quem tem responsabilidades nessa situação e quem
sempre se apresentou como alternativa séria e responsável.
Para nós, CDU, fazer
política não é fazer negócios, não é mentir e enganar. É lutar por um bem comum
e por melhores condições de vida para todos.
Todos nós, que
integramos a CDU, usamos a política para fazer mais pelo país, em prol do
bem-estar das populações, do desenvolvimento. E fazêmo-lo de forma convicta e
empenhada. E é também este o nosso contributo e o nosso compromisso com Abril.
Comemoramos e
cumprimos Abril porque também somos Abril. Porque acreditamos, porque sentimos,
porque é urgente!
Viva o 25 de Abril!
Viva a CDU!