17/02/2007

Ainda as alterações climáticas


Foram dadas a conhecer as conclusões preliminares de um estudo elaborado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC em inglês), o qual apenas deverá ser divulgado em Abril.
Segundo a revista Plenitude nº 46 (Fev. 2007, p. 41), facto verdadeiramente dramático parece ser o de que o planeta se encaminha para um empobrecimento global, tão grave quanto o aquecimento que se vem verificando. No ano de 2080 este será o principal responsável pela falta de água que afectará cerca de 3,2 mil milhões de pessoas, bem como pela pobreza que inundará parte do globo, prevendo-se que esta poderá alastrar-se e afectar milhões de pessoas em todo o mundo. O cenário traçado para os próximos anos fica ainda mais negro quando se clarifica o futuro reservado à China, à Austrália e a algumas regiões da Europa e dos Estados Unidos. Estas zonas irão padecer de enormes períodos de seca, enquanto que nas suas margens litorais as inundações se vão suceder, podendo submergir cerca de 7 milhões de habitações.
Numa primeira conclusão, a tendência do aumento das temperaturas que se verificou nas últimas décadas levará a que até 2080 entre 200 a 600 milhões de pessoas venham a ser afectadas pela fome. Pense nisso.
Mas pense também que as previsões do IPCC são muito mais negras que as divulgadas há cinco anos, no último relatório do painel. Pela primeira vez os cientistas confirmam um aumento da temperatura global de três graus em cem anos, caso não sejam tomadas medidas eficazes e urgentes no corte das emissões de gases de efeito de estufa. Ou seja, a emissão de gases de efeito de estufa é visto pelo IPCC como a principal culpada da situação do clima.
Ontem mesmo o Comissário Europeu para o Ambiente apelou em Washington à comunidade internacional que inicie urgentemente negociações de um novo tratado contra as alterações climáticas, na véspera do segundo aniversário da entrada em vigor do Protocolo de Quioto.
Entretanto, há quem insista em ‘oferecer’ uma (?) central nuclear ao nosso país. Um grupo de investidores portugueses, liderado pelo empresário e ex-accionista da Galp Patrick Monteiro de Barros, pretende construir uma central nuclear em Portugal. Terá mesmo afirmado em 30 de Outubro de 2004 ao Expresso que “a opção pelo nuclear torna-se cada vez mais inevitável para os países que queiram garantir a independência energética” e que “Portugal só será independente em relação aos combustíveis fósseis se construir (não uma, não duas, mas…) três centrais nucleares”.
Em notícia de hoje, também do Expresso, a ”Procuradoria-Geral da República está a investigar o empresário Patrick Monteiro de Barros por suspeitas de informação privilegiada na compra de acções do BPI e BCP, antes da Oferta Pública de Aquisição (OPA)”. O empresário terá ganho mais-valias de um milhão de euros com a compra de acções.
Como recorda o dirigente nacional de “Os Verdes” Victor Cavaco, “a sociedade portuguesa está mobilizada para contestar qualquer intenção de central nuclear no nosso território (como demonstra) a manifestação em Ferrel no dia 19 de Março (do ano transacto), a assinalar os 30 anos da primeira manifestação anti-nuclear em Portugal”.


De país pobre a país rico pelo nuclear? Não obrigado!

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