24/02/2008

Consumo responsável

O comércio justo está em expansão em Portugal e esta forma de economia alternativa – que assenta no respeito pelos direitos humanos e pelo ambiente e supõe uma atitude de consumo responsável - inclui uma série de outras ‘actividades invisíveis’, explica um dos membros da Acção para a Justiça e Paz (AJP), Organização Não Governamental para o Desenvolvimento, quando afirma que “o comércio justo é uma forma de escoar produtos feitos pelos países mais pobres com justiça”.
Termos como solidariedade, sustentabilidade ou igualdade de géneros são familiares àqueles que se movem nesta rede. É que o comércio justo procura fixar uma relação de paridade entre os participantes na cadeia comercial produtores, trabalhadores, importadores, lojas e consumidores.
Mas “não é correcto colocar o comércio justo ao lado dos movimentos de caridade”, alerta a responsável de outra loja. Para a Cooperativa Planeta Sul, “esta é uma forma de comércio como outra qualquer, que apenas tem na base questões humanas. O preço justo de um produto é aquele que cobre os custos de produção e deixa uma margem considerável para levar as crianças à escola, por exemplo. No comércio tradicional paga-se o mínimo ao produtor para cobrar o máximo ao consumidor”, observa.
Mas pode o comércio justo ser viável? “Não é utópico. É uma questão de justiça e de menor ganância”, assegura-se ao balcão de uma loja onde abundam produtos alimentares (os mais procurados) e artigos de artesanato oriundos da América Latina, de África ou da Ásia. “As alternativas que tentam formas de fazer mais justas e dignas vão vingar. O comércio justo faz parte do futuro”.
A venda de artigos é a face mais visível do comércio justo, mas não a única. A AJP aposta, por exemplo, na vertente da educação para o desenvolvimento. Isto traduz-se em oficinas de sensibilização para as desigualdades entre os países e para as alternativas ao comércio convencional junto de escolas. As oficinas seguem um percurso pedagógico a que os mais novos não ficam indiferentes. “Tentamos que as pessoas percebam que há fenómenos que estão a manipular a pobreza. Ela não é uma fatalidade!”. E recorda o momento em que uma aluna desabafou: “Não sabia que o mundo era tão injusto!”.
Existem já cerca de dez as lojas espalhadas pelo país, além de outras organizações ligadas ao comércio justo, que chegou a Portugal há quase uma década. Apesar disso, “a maioria das pessoas ainda não tem hábitos de consumo responsável enraizados e compra o que é mais barato”. Mas há quem adquira, regularmente, artigos ‘justos’, porque “o consumo, no comércio justo, é um acto consciente”.

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