Sr.ª
Presidente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Deputados e Estimado Público
Neste
debate sobre o Estado da Cidade, o balanço que “Os
Verdes” fazem é, inevitavelmente, de um mandato marcado pela
falta de medidas concretas e consistentes, que tenham representado melhorias a
nível da qualidade de vida dos lisboetas.
Aliás,
o debate a que temos assistido até agora, é bem ilustrativo da linha política
que o Partido Socialista tem seguido.
Logo
no início assistimos, não a uma análise do Estado da Cidade, mas a um elogio do
Sr. Presidente a si mesmo, falando de uma cidade que ninguém reconhece.
Continuamos
a ter mega operações e eventos de propaganda e marketing, que em nada resolvem
os problemas de quem vive na cidade.
Há
duas situações, que já marcaram o debate do ano passado, e que continuam a
marcar o debate de hoje.
Porque
a Câmara traçou um objectivo e, na sua opinião, o caminho para lá chegar, não
interessa.
Falamos
da reestruturação dos serviços e da reforma administrativa. Duas marcas que
assinalam este mandato, mas não por boas razões. De facto, estes processos
caracterizam bastante bem a gestão do Partido Socialista na cidade de Lisboa.
Nestas, e noutras matérias, o executivo tem trabalhado de forma atabalhoada,
pouco séria e sem consideração por nada nem ninguém.
Como
é sabido, estas são duas áreas em que “Os Verdes”
divergem em absoluto com o executivo.
A
reestruturação dos serviços municipais é, de caras, um desmantelamento e um
esvaziamento da estrutura e dos serviços da Câmara. Ainda hoje, não se sabe em
concreto o que foi feito e quais os custos reais desta operação. Apenas se sabe
que colocou vários postos de trabalho em risco e que trouxe instabilidade e
descontentamento entre os trabalhadores.
A
Reforma Administrativa, negociada com o PSD, é o que se sabe. Um processo
atrapalhado desde o início até hoje, pouco sério, pouco democrático e
inconstitucional. Uma evidente destruição das freguesias de Lisboa e um claro
ataque ao poder local democrático.
Falando
de falta de seriedade, também não nos parece muito correcto que se refira, em
vários documentos, que a CML elaborou a Carta Estratégica, como se tivesse
levado o processo até ao fim. É verdade que o iniciou, mas tratar das últimas
alterações para a trazer novamente à AML, começar a implementá-la, nada. Daqui
a pouco estamos em 2013 e nada se sabe da Carta Estratégica.
O
que nos conduz a outra questão. A falta de respeito e de consideração do
executivo por esta Assembleia Municipal. Porque frequentemente não responde às
questões colocadas, ou não implementa as propostas aprovadas, ou porque insiste
em omitir determinadas informações.
A
verdade é que o executivo não tem conseguido dar resposta aos problemas
levantados aqui nesta Assembleia. O diagnóstico está feito, os problemas estão
apresentados, são apresentadas propostas para resolver a maioria dos problemas
dos lisboetas e nada. A actuação do Partido Socialista na cidade de Lisboa tem
sido insuficiente e frequentemente ficam justificações por dar.
A
nível da gestão dos espaços verdes, a lógica do executivo é contratar serviços
externos, esquecendo os princípios da gestão pública. “Os
Verdes” defendem uma aposta e um investimento nos meios humanos
dentro da CML, como várias vezes temos proposto.
Também
a nível da limpeza e higiene urbana, é uma área em que a autarquia tem
desinvestido, levando a inúmeras queixas dos moradores e dos próprios
trabalhadores.
Depois
temos outra questão que é preocupante. O Sr. Presidente poderá dizer que estas
matérias não são competência da autarquia. Mas a autarquia tem uma palavra a
dizer e tem que defender os seus interesses e necessidades.
Falamos,
por exemplo, dos atentados que se têm visto a nível do encerramento, ou
tentativas de encerramento, de unidades de saúde. São Centros de Saúde,
Urgências, determinadas especialidades, Hospitais, Maternidades. É tudo para
fechar com a promessa de um novo hospital que sobre ele já nada se sabe.
Na
área dos transportes e da mobilidade, cortam-se carreiras, suprimem-se
horários, alteram-se percursos, corta-se o nº de carruagens, aumenta-se o tempo
de espera. E a Câmara vai assistindo passivamente.
Foi
para isso que o Sr. Presidente foi eleito? Para dar luz verde ao Governo? Ou
foi para defender a cidade e as populações?
Especialmente
nesta altura de crise, num momento tão difícil e delicado como o que estamos a
viver, seria de esperar outra postura e outras medidas por parte da CML.
É
impossível ignorarmos que o debate de hoje tem lugar num período muito
complicado para a generalidade dos portugueses, e os efeitos das políticas de
austeridade são bem visíveis em Lisboa. Não nos parece é que a linha seguida
pelo executivo tente, de alguma forma, contrariar essa situação.
Talvez
numa tentativa de equilibrar as contas, o Sr Presidente lembrou-se de fazer um
negócio com a EPAL, através da venda da rede de saneamento em baixa. “Os Verdes” contestam, desde o início,
esta intenção e muito gostaríamos que o Sr. Presidente fosse mais claro sobre
esta operação pois quase nada se sabe. E já agora que nos desse uma informação
muito importante. Quais os custos reais desta operação para os lisboetas?
E
outra coisa que é preciso dizer: esta proposta abre a porta à privatização da
gestão da rede de saneamento e à mercantilização de um serviço público
essencial.
Principalmente
nesta altura, o executivo devia lutar pela defesa dos serviços púbicos como
resposta às políticas recessivas do governo, mas não! Esvazia-se os serviços
camarários.
Para
terminar Sr. Presidente, o balanço que “Os Verdes”
fazem sobre o Estado da Cidade é negativo, não podia deixar de ser. A cidade
está degradada, esvaziada e descaracterizada, continua a ter prédios degradados
e abandonados, e a perder população, empresas e emprego.
Esta
Lisboa, é o espelho das políticas do PS. O Partido Socialista não pode mais
prosseguir este caminho que não nos vai levar a lado nenhum e só vai continuar
a trazer prejuízos para os lisboetas e para todos.
Lisboa
precisa de uma alternativa para andar para a frente, e deixar de estar
estagnada e adiada, assegurando uma melhor qualidade de vida para os lisboetas.
A Deputada Municipal do PEV
Cláudia Madeira