15/09/2015

Intervenção do PEV sobre a “Alienação da Quinta da Pimenteira” em Monsanto, na Assembleia Municipal de Lisboa de 15 de Setembro de 2015


 
O PEV considera que este é um assunto bastante pertinente. Aliás, Os Verdes têm alertado para a necessidade de fazer um debate específico sobre o Parque Florestal de Monsanto, tendo apresentado uma Recomendação no sentido de a CML promover esse debate público alargado, tendo sido aprovada por unanimidade em Abril passado. Até á data a CML ainda não o promoveu, apesar de ter anunciado com pompa e circunstância que o faria em Setembro.

Seria sensato, pensamos nós, que não houvesse propostas do executivo camarário referentes a licenciamentos de novas construções em Monsanto até à realização deste debate.

É preciso recordar que uma vasta área do Parque Florestal de Monsanto já se encontra alienada e construída, muitas vezes sob o pretexto de utilidade pública, através de meros despachos, ou mesmo suspensão do próprio Plano Director Municipal, acções estas que tem contribuído para que o parque actualmente compreenda uma área ocupada de cerca de 100 campos de futebol.

E eis que nos encontramos, mais uma vez, a discutir alterações de usos de solo, resultante de processos de concessões a privados de espaços em Monsanto.

Agora a CML prepara-se para permitir novas construções e usos numa propriedade municipal no Parque Florestal de Monsanto, nomeadamente a Quinta da Pimenteira, que possui uma área de 53 mil metros quadrados e onde se localiza um viveiro municipal.

Estamos a falar de obras de alteração e ampliação neste terreno municipal para a instalação no local de um hostel, com capacidade máxima de 120 camas, distribuídas por 39 unidades de alojamento, com salas de tratamento (SPA), ginásio, um restaurante, três lojas e um bar de apoio à tanque/piscina, além da construção de raiz de um edifício para alojamento turístico numa área ocupada por um viveiro municipal.

Este projecto implicará um aumento da superfície de pavimento de quase 3500 metros quadrados em pleno coração do Parque Florestal de Monsanto.

Ou seja, os privados pretendem converter áreas ambientalmente protegidas e sensíveis para outros usos e instalar unidades hoteleiras que vão aumentar a carga e a intensidade de utilização.

Os Verdeslamentam que a Câmara Municipal de Lisboa, contra todas as recomendações aprovadas nesta Assembleia Municipal, continue a apresentar propostas que delapidam o Parque Florestal de Monsanto, contrariando a política de protecção e preservação que deverá ser desenvolvida. E que, por outro lado, não tenha feito diligências no sentido de promover um debate público alargado em Setembro, como afirmara publicamente em Maio passado.

A Câmara não pode continuar a ver em Monsanto, o pulmão da cidade, como um banco de terrenos para projectos de índole privada. E não o pode continuar a fazer sempre às escondidas, sem que ninguém saiba de nada até aparecer uma notícia como se já estivesse tudo decidido.

É impensável que haja esta concentração de interesses de privados em pleno Parque Florestal, protegido por lei e onde a preservação e a protecção da natureza devem ser uma prioridade.

 A pergunta que se impõe é: o que anda a Câmara Municipal de Lisboa a fazer a Monsanto? Já se viu que a concessão de vários espaços e edifícios no Parque Florestal de Monsanto não protege o interesse da cidade nem dos lisboetas.

É que esta história de o Sr. Vereador dos Espaços Verdes dizer que esta concessão é um “bom exemplo de como a autarquia pode ter parcerias com privados, sem custos para a câmara e com benefícios para todos” é completamente mentira.

Para Os Verdes, este projecto de licenciamento deve ser indeferido para que se preserve Monsanto, para que este espaço se mantenha disponível para todos. É preciso acabar com esta venda a retalho.

 

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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