Segundo o Público de ontem, há cidades que procuram apertar o cerco à circulação automóvel. A realidade passa-se em Londres, que se prepara para duplicar, na sua zona de acção, a zona de entrada taxada à circulação automóvel.
Ah! De novo as portagens. Aqui há ‘lobby’…
Ah! De novo as portagens. Aqui há ‘lobby’…
Para o jornal, a prática londrina da "portagem" à entrada do centro tem sido bem sucedida, medindo-se o número de veículos em circulação naquela área taxada dez por cento abaixo dos valores contabilizados há quatro anos, quando a medida foi introduzida, acrescentando que “a ideia está na mente não só de outras cidades europeias (Lisboa e Porto têm falado com alguma insistência em adoptarem, mais tarde ou mais cedo, semelhante procedimento) e também norte-americanas”.
Muita insistência? O jornalista não deve ler as mesmas entrevistas que nós lemos. É que, ao contrário do Governo, exactamente Lisboa e Porto não vêem com bons olhos a introdução de portagens urbanas. Leiam-se as declarações do Presidente da Câmara do Porto ou os desmentidos da ANMP, ambos do passado dia 29 de Janeiro, mas também as da vereadora da mobilidade em Lisboa.
Mas a história vai mais longe. Para o jornal, “o governo inglês já vai admitindo a possibilidade de transportar essa taxa de limitação de circulação nas cidades para as estradas nacionais, a partir de 2015”.
É por isso que grupos de cidadania – para o jornalista são “grupos de oposição” – já se fazem ouvir, deixando no ar a pergunta: querem que paguemos por quilómetro? "A Grã-Bretanha está a forçar demasiado a questão da taxa de circulação, muito mais do que qualquer outra democracia mundial", admite David Begg, antigo conselheiro governamental de transportes. Até ao momento, 1,5 milhões de pessoas assinaram uma petição contra o hipotético plano do primeiro-ministro Tony Blair. A taxa de circulação no centro de Londres é de oito libras (cerca de 12 euros) por dia, e câmaras de vídeo identificam cada veículo que circula na zona interdita, detectando se o selo de pagamento está em dia.
Estranha-se (ou talvez não) que o articulista não refira uma única vez no seu texto a necessidade de implementação das Autoridades Metropolitanas de Transportes. Nem a melhoria das redes e das interfaces de transportes públicos, nem eléctricos rápidos, nem pistas cicláveis, nem o incremento de zonas pedonais.
Aqui há ‘lobby’ na promoção desta nova ‘área de negócio’. Aliás, ainda a semana passada um assessor, também ligado ao ‘lobby’ do nuclear, sustentava, explicitamente, a defesa das portagens como um eficaz instrumento regulador dos movimentos pendulares urbanos. Regulador das bolsas de quem? Mais modernidades? Desacelere-se essa ideia.
Muita insistência? O jornalista não deve ler as mesmas entrevistas que nós lemos. É que, ao contrário do Governo, exactamente Lisboa e Porto não vêem com bons olhos a introdução de portagens urbanas. Leiam-se as declarações do Presidente da Câmara do Porto ou os desmentidos da ANMP, ambos do passado dia 29 de Janeiro, mas também as da vereadora da mobilidade em Lisboa.
Mas a história vai mais longe. Para o jornal, “o governo inglês já vai admitindo a possibilidade de transportar essa taxa de limitação de circulação nas cidades para as estradas nacionais, a partir de 2015”.
É por isso que grupos de cidadania – para o jornalista são “grupos de oposição” – já se fazem ouvir, deixando no ar a pergunta: querem que paguemos por quilómetro? "A Grã-Bretanha está a forçar demasiado a questão da taxa de circulação, muito mais do que qualquer outra democracia mundial", admite David Begg, antigo conselheiro governamental de transportes. Até ao momento, 1,5 milhões de pessoas assinaram uma petição contra o hipotético plano do primeiro-ministro Tony Blair. A taxa de circulação no centro de Londres é de oito libras (cerca de 12 euros) por dia, e câmaras de vídeo identificam cada veículo que circula na zona interdita, detectando se o selo de pagamento está em dia.
Estranha-se (ou talvez não) que o articulista não refira uma única vez no seu texto a necessidade de implementação das Autoridades Metropolitanas de Transportes. Nem a melhoria das redes e das interfaces de transportes públicos, nem eléctricos rápidos, nem pistas cicláveis, nem o incremento de zonas pedonais.
Aqui há ‘lobby’ na promoção desta nova ‘área de negócio’. Aliás, ainda a semana passada um assessor, também ligado ao ‘lobby’ do nuclear, sustentava, explicitamente, a defesa das portagens como um eficaz instrumento regulador dos movimentos pendulares urbanos. Regulador das bolsas de quem? Mais modernidades? Desacelere-se essa ideia.
7 comentários:
É bom saber que o Partido "Ecologista" Os Verdes é contra o princípio do poluidor-pagador...
As portagens não têm efeitos positivos se desligadas de políticas de transportes e mobilidade no sentido da promoção do transporte público (veja-se o caso já implementado para as deslocação margem Sul - Lisboa e avaliem-se os resultados não existentes), de frequência, intermodalidade e preços adequados. É também importante considerar uma política de habitação que não só revitalize a cidade como diminua as necessidades de deslocação. Poderá então ver-se, havendo essas políticas, se são ainda necessárias as portagens, e se podem ser implementadas de modo a não penalizar os com menos posses. As políticas ambientais não podem ser desligadas das sociais sob pena de não só se tornarem injustas como pouco eficientes, de parcos resultados.
Mas eu não disse o contrário! Agora como ambientalista considero que o princípio do poluidor pagador deve ser aplicado em qualquer situação, especialmente quando há alternativas não poluentes, que é claramente o caso.
E não posso concordar que se use o argumento de não penalização das pessoas "com menores posses"! Eu não sei qual a vossa definição de pessoas de menores posses, mas na minha não entra de certeza aqueles que usam o automóvel no dia-a-dia. Para mim o Estado deve ajudar as classe baixas e não as classes média-altas.
Outra coisa que não compreendo (e que também aparecia no texto do post) é como se pode usar o exemplo da margem sul, e do suposto fracasso das portagens, quando não há NADA com que comparar! A situação pode não ser boa, mas nunca saberemos se seria melhor, igual ou pior sem as portagens, porque essa situação nunca existiu.
(Espero que não levem a mal estas farpas! Sou um leitor e citador assíduo do vosso blogue, concordando com quase tudo o que escrevem. A democracia é feita de discussões ;)
Ainda agora elogiei um antiga proposta d'Os Verdes de taxar os produtos com duas ou três embalagens.
Isso é o princípio do poluidor-pagador a funcionar. Na altura, que me lembre, não houve argumentos a favor das pessoas de "menores posses", apesar das despesas do supermercado ter um peso muito maior no orçamento das pessoas de "menores posses" comparado com o orçamento dos mais ricos.
Dito de outra maneira, o supermercado é uma despesa a que é muito mais difícil fugir do que a do automóvel no dia-a-dia. Mas o argumento das "menores posses" aí não se aplicou.
uhm... cheira-me a lobby
Eu também acho que é bom ir tendo estas discussões, é salutar e positivo para definir ideias, etc e tal (e dou-lhe os parabéns pelo seu blogue, que divulga diversos aspectos da mobilidade).
Já agora: eu cá não ando de carro (nem o tenho) mas de transportes públicos. Mas o passe combinado que tenho é de elevado preço. Agora imaginando que tinha de ir levar alguma criança à escola, etc e tal, a questão do carro colocava-se, não é? (esclarecendo: não sou pelo uso do transporte individual, apenas acho que não há aposta suficiente no transporte público)
Quanto às portagens da margem Sul não percebi a questão: há portagens na Ponte sobre o Tejo e a Fertagus é um bom exemplo de transportes públicos de elevado preço, pelo que a questão se coloca, de facto.
Na questão dos produtos embalados duas a três vezes: normalmente há opções mesmo na prateleira do lado de produtos com menos embalagem, pelo que a opção alternativa existe e até é mais barata (o aspecto social e o ambiental estão em sintonia).
Margem Sul: o que eu dizia é que não se pode defender que as portagens não funcionam baseado no caso da margem sul. Isto porque pura e simplesmente não fazemos a mínima ideia de como seria a situação seria sem portagens.
E não vale comparar com linhas de sintra, cascais ou azambuja porque a geografia, os acessos, as alternativas, etc.. é completamente diferente.
Embalagens: Lá está, a situação é a mesma. Há alternativas ao transporte privado, e como os passes são caros, o aspecto social e ambiental também estão em sintonia.
Na questão das portagens per si, o lado social e ambiental não estão em sintonia (pôr tudo mais caro não é estar em sintonia), há a terceira opção de transportes públicos mais baratos, há essa exigência a ser feita.
Enviar um comentário