16/03/2008

Grémio sem acordo

Fundado a 26 de Outubro de 1842, o Grémio Lisbonense foi distinguido com o grau de comendador da ordem de benemerência pelo então Presidente da República, no ano em que comemorou o primeiro centenário (1942), e com a medalha de mérito Grau Prata da cidade de Lisboa pelos serviços prestados à comunidade.
O edifício onde estava instalado o Grémio Lisbonense destaca-se pela “varanda da Santa Inquisição”, por cima do Arco do Bandeira, virada para a praça do Rossio, que foi mandada construir pelo Marquês de Pombal, após o terramoto de 1755.
Da história da instituição fazem parte nomes como os de Agostinho da Silva, Sam Levi, Mestre Lagoa Henriques, Mestre Lima de Freitas, Maestro José Atalaia, Ferreira da Silva e do pedagogo João Lopes Soares, que tem uma placa comemorativa da sua passagem pelo Grémio em 1970.
Porém, no dia 8 de Fevereiro, as autoridades selaram as portas da instituição por ordem do tribunal, originando uma manifestação popular de apoio à instituição, onde a polícia foi chamada a intervir.
O Grémio e os herdeiros vinham negociando, desde há algum tempo, a possibilidade de manter a instituição nas instalações que ocupou desde 1842 até dia 8 de Fevereiro de 2008. Porém, os herdeiros do senhorio, que ganharam em todas as instâncias legais a ordem de despejo movida pelo proprietário, enviaram agora uma carta a comunicar “que não pretendem mesmo celebrar novo arrendamento com o Grémio Lisbonense”. Na referida carta os herdeiros do imóvel mencionam ainda que “não existem condições para realizar esse arrendamento perante o controverso historial de mau relacionamento” entre as partes.
O Grémio Lisbonense rejeita todas as acusações, com a direcção da instituição a garantir que “fizeram todos os esforços para chegar a acordo, que apresentaram propostas alternativas para o valor da renda e que o anterior proprietário quis celebrar novo contrato”.
Diversas entidades públicas, incluindo a CML, demonstraram preocupação pela perda do património histórico, cultural e social da instituição, levando mesmo o assunto a órgãos oficiais onde manifestaram o apoio e preocupação pelo problema 1.
Recorda-se que a AML aprovou, em 19 de Fevereiro, uma moção defendendo a manutenção do Grémio Lisbonense nas mesmas instalações, a qual apenas recebeu a abstenção de PS e CDS 2.

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