01/03/2008

A Música é uma arma

Dezenas de alunos, professores e amigos do Conservatório Nacional de Lisboa voltaram ontem à Assembleia da República para tentar impedir que a questão da reforma do ensino artístico “caia no esquecimento”.
Pouco antes do começo do debate quinzenal com o primeiro-ministro, um quinteto de metais do Conservatório deu um pequeno ‘concerto de recepção’ à ministra da Educação junto a uma das entradas do Parlamento, mas esta não terá, no entanto, utilizado aquela porta para aceder ao edifício.
Entre os dois temas de Gershwin com que os cinco alunos animaram os transeuntes, um trompetista garantiu que todos estavam ali “de boa vontade”, na defesa da qualidade do ensino artístico em Portugal. “Os conservatórios são muito bons para a cultura em geral, educam e formam bons músicos. Não queremos que o Ministério destrua aquilo que eles querem construir. Temos de construir em conjunto”, defendeu o aluno do oitavo grau de trompete.
Em causa está a reforma do ensino artístico e a intenção do Governo de diminuir a oferta de cursos em regime supletivo (que permite ao aluno ter formação especializada no conservatório e formação geral numa escola à sua escolha), e de cursos de iniciação musical.
Os manifestantes entraram depois para o Parlamento para assistirem ao debate quinzenal, aproveitando a presença da ministra da Educação. Vários deles vestiam t-shirts cor-de-laranja com letras que, juntas, formavam a frase “Em defesa do ensino artístico”. “Isto não é uma manifestação, é mais uma presença simbólica”, garantiam duas alunas de violino, com orgulho em participar numa acção que tinha “muita gente, sem ter sido quase divulgada”. “É uma forma de chamar a atenção, já que o diálogo com a ministra tem sido difícil”, explicou uma das professoras.
Após vários meses de protesto de pais alunos e professores, o Ministério da Educação tentou argumentar que “não está escrito em lado nenhum que já não vai haver iniciação ou regime supletivo”.
Trata-se no entanto, segundo o Movimento de Defesa do Ensino Artístico - MovArte, de a ministra ensaiar “manobras mediáticas”, quando “na verdade a decisão já está tomada”, pois o relatório da Agência Nacional para a Qualificação, que serve de base para a reforma do ensino artístico, “demonstra absolutamente a intenção de terminar com estes regimes e a má fé da ministra”. “A ministra tem dito por várias vezes que o Conservatório falha. Por isso fazemos estes concertos: para lhe mostrar a qualidade do nosso ensino”.
“A música é a nossa arte e a nossa arma”, conclui a professora.

Ver Lusa doc. nº 8057633, 29/02/2008 - 16:40

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