11/07/2008

Frutas e legumes nas escolas

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), deve-se consumir 400 gramas por dia de legumes e frutas. Na União Europeia (U.E.), o consumo per capita passou de cerca de 415 gramas, em 2000, para 380 em 2006. A manter-se a tendência, em 2010 estará numas escassos 360 gramas.
Talvez por isso a U.E. tem mais de cinco milhões de crianças obesas, outros 22 milhões com excesso de peso e uma tendência que continua a ser de subida - o aumento estimado é de 400 mil por ano.
“São muitas as crianças à nossa volta que não comem frutas e legumes em quantidades suficientes e que, frequentemente nem sabem apreciar o seu sabor. Basta passear em qualquer grande avenida da Europa para observar a dimensão dos problemas relacionados com o excesso de peso das crianças. Chegou o momento de tomarmos medidas”, justificou o comissário responsável pela Agricultura.
Os países da U.E. foram por isso convidados a fazer mais contra esta epidemia moderna, pondo os seus miúdos a comer fruta e legumes. Para o efeito, a Comissão Europeia vai disponibilizar 90 milhões de euros por ano para financiar um programa de distribuição gratuita nas escolas, destinado a crianças entre os seis e os dez anos, cujo número, na U.E., ronda os 26 milhões.
Com o aumento da ingestão de frutas e legumes não só se ingerem mais fibras, vitaminas e minerais, como o seu consumo tende a funcionar como bola de neve: alimentos saudáveis puxam por outros do mesmo tipo.
O programa, que deverá entrar em vigor no ano lectivo 2009-2010, parte do pressuposto de que as aprendizagens iniciais tendem a manter-se para a vida. Promover junto dos jovens “hábitos alimentares saudáveis” será assim uma aposta no futuro, já que pode fazer deles adultos com menos doenças. Dados de 2007 indicam que a obesidade é responsável por 6% das despesas de saúde, em especial nas doenças cardiovasculares e na diabetes tipo 2.
Estudos realizados em vários países, incluindo Portugal, mostram que a obesidade passou a ter maior incidência nas classes mais pobres, tendo por explicação que “os alimentos calóricos são mais baratos”. Segundo a Comissão Europeia, o programa ontem aprovado ajudará a alterar a situação: a distribuição gratuita de frutas e legumes nas escolas terá “um impacto social positivo, reduzindo desigualdades na saúde”.
No futuro, pretende-se que a sua distribuição seja gratuita, à semelhança do que em Portugal acontece com o leite e, noutros países, como a Irlanda ou a Espanha, passou também já a fazer-se com aqueles produtos. A adesão ao programa é, no entanto, voluntária.

Ver Público 2008-07-09, p. 18

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