26/07/2008

Invasão de medusas revela Mediterrâneo doente

Uma missão científica no Mediterrâneo de um grupo de especialistas detectou a presença de grande número de medusas junto às costas da ilhas Baleares, levando-os a concluir que são as actividades humanas quem estão na sua origem. O diagnóstico é de uma equipa de biólogos marinhos da organização Greenpeace e do Instituto de Ciencias del Mar (ICM), em Espanha, que fizeram nas últimas semanas uma campanha de observação a bordo do navio Artic Sunrise, da organização ecologista.
Cada vez em maior número, as medusas regressam todos os anos por esta altura às águas do Mediterrâneo. Nas ilhas Baleares, os veraneantes apercebem-se do problema, porque estes seres gelatinosos lhes estragam os banhos de mar. Mas a questão é mais profunda. A presença crescente destas criaturas marinhas na região denuncia, afinal, o desequilíbrio ecológico ali existente.
“As medusas são o paradigma do desequilíbrio ambiental das nossas águas”, afirmou a propósito uma bióloga do ICM espanhol. Mas há outras causas para a proliferação das medusas naquela, e noutras zonas, do Mediterrâneo, adiantam os ecologistas. Entre elas, com a maior fatia de responsabilidades, estão “uma maior afluência de nutrientes às águas do mar”, com a pressão da “urbanização costeira” e da agricultura intensiva a gerarem essa contaminação, a diminuição da entrada de água doce na bacia oceânica, devido aos caudais mais reduzidos dos rios que ali desaguam e outros desequilíbrios do ecossistema.
Esta campanha de observação pretendeu também chamar a atenção para “a necessidade de combater as causas que originam a presença crescente de medusas nas costas baleares a cada novo ano, como única forma de resolver o problema”. Entre essas causas está também a diminuição crescente, ao longo dos últimos anos, dos predadores das medusas. Esses predadores são espécies de maior parte, como o atum e as tartarugas marinhas.
Os primeiros têm sido sujeitos a uma pesca intensiva, o que acabou por provocar uma queda acentuada nos efectivos da espécie. As segundas, além de afectadas pela poluição, são também sensíveis ao aumento da temperatura das águas, registada nas últimas décadas devido às alterações climáticas. E esta é outra questão para a qual biólogos e ecologistas chamam agora inevitavelmente a atenção.
Desde o século XIX, as águas superficiais do Mediterrâneo sofreram um aumento de temperatura da ordem dos 0,6 graus, o que é outro incentivo importante para as medusas. É que estes seres gelatinosos, que são nocivos para outras espécies mais vulneráveis, como é o caso dos corais, “gostam” muito de águas quentes.

Ver
http://dn.sapo.pt/2008/07/25/ciencia/invasao_medusas_revela_mediterraneo_.html

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