O quotidiano em Lisboa um ano após as eleições intercalares vive-se entre o “estado lamentável das ruas” e um “novo espírito” para a cultura, o património e o ambiente, de acordo com personalidades ligadas à capital. Reconhecem que “uma cidade não muda num ano” e que o executivo camarário liderado pelo PS eleito a 15 de Julho de 2007 enfrenta constrangimentos financeiros, mas reclamam as pequenas coisas que marcam a qualidade do quotidiano, como a limpeza do espaço público e a disciplina do trânsito.
Apesar do “estado calamitoso” das finanças camarárias, Appio Sottomayor, antigo jornalista do jornal ‘A Capital’, considera que “há tarefas que, pelo menos aos olhos do alfacinha - de certidão ou simples uso da cidade - parecem fáceis e não muito dispendiosas e que tardam”. “O trânsito continua caótico, as prometidas passadeiras para peões esmoreceram, há ainda descoordenação entre os transportes, os buracos pululam em muitas ruas, há jardins com ar triste e de abandono”, aponta o olisipógrafo.
A socióloga Maria Filomena Mónica que raramente sai do ‘perímetro Estrela-Lapa’, onde reside, queixa-se do “estado lamentável das ruas” mas enaltece o Jardim da Estrela, “que está cada vez mais bonito” e assume que algumas das “coisas positivas” que reconhece na cidade não se devem necessariamente à nova liderança da CML. É o caso dos concertos a que tem assistido na Basílica da Estrela e na Igreja dos Mártires, locais onde, como não é crente, não entrava há muito tempo e ficou “satisfeita” ao constatar que estão “maravilhosamente restaurados”.
Porém, “preocupa-me o estado do Terreiro do Paço. A ideia de que possam vir a transformar a praça numa zona com hoteizinhos, boutiquezinhas e cafezinhos horroriza-me. Sendo a sede e o símbolo do poder, deve continuar como está. Não precisa de mais nada, devendo apenas ser reposto o que de lá tiraram, as colunas”, defende.
O sociólogo Luís Salgado de Matos aponta, por seu lado, que “o emblema de Lisboa 2008” seja a “substituição do projecto Ghery para o Parque Mayer por um concurso de ideias”, lançado pela autarquia para a realização do plano de pormenor que sirva de base à reabilitação da zona.
Já Luísa Schmidt entende que o concurso de ideias pelo qual a autarquia optou “é um processo ainda com incógnitas”, mas aplaude a “solicitação à participação pública" que tem envolvido. Esta socióloga, especialista em Ambiente, e uma das impulsionadoras da iniciativa cívica ‘Um dia por Lisboa’, diz que “a cidade continua suja”, permanece uma “imagem de desmazelo” do espaço público e que na ausência de “um plano de mobilidade” e “apesar da operação das passadeiras, o peão continua a ser o parente pobre”.
Este diagnóstico é agravado por Luís Salgado de Matos, para quem Lisboa é ainda uma cidade de “obras que nunca acabam, engarrafamentos nas horas de ponta, prostituição de rua nas ruas de sempre, venda de droga aos estudantes do secundário, carros a atravancarem os passeios ou as passagens de peões ou em dupla fila, calçada intransitável, jardins públicos sujos, alcatroados e abandonados, recipientes colectivos de lixo que são lixeiras, árvores que adoecem e não são tratadas, falta de flores, excesso de mendigos, 'arrumadores' de automóveis”.
Para Luísa Schimdt, é um “óptimo sinal” que tenha sido “retomado a sério o Plano Verde”, acompanhado de “medidas cautelares” que protegem de operações urbanísticas áreas da cidade, como a frente ribeirinha, não acauteladas pelo PDM. “Pode dizer-se que esta vereação está a levar a sério as questões ambientais e do ordenamento do território”, resume, advertindo, contudo, que será “muito mau sinal” se for em diante o projecto dos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus para a esquina das ruas Alexandre Herculano e do Salitre, no Largo do Rato.
O historiador Rui Tavares, morador na freguesia da Graça, considera sobretudo que a maioria PS/BE está a ter uma “atitude pouco visível”. Reconhece que “há um grande torpedo na acção da Câmara que é a falta do empréstimo”, mas insiste que “está tudo lento de mais” na actuação do executivo. “O problema é que as coisas boas são coisas que não acontecem.
Entre o plano geral e o grande plano, há quem reconheça que a beleza de Lisboa se impõe afinal nas pequenas coisas.
Apesar do “estado calamitoso” das finanças camarárias, Appio Sottomayor, antigo jornalista do jornal ‘A Capital’, considera que “há tarefas que, pelo menos aos olhos do alfacinha - de certidão ou simples uso da cidade - parecem fáceis e não muito dispendiosas e que tardam”. “O trânsito continua caótico, as prometidas passadeiras para peões esmoreceram, há ainda descoordenação entre os transportes, os buracos pululam em muitas ruas, há jardins com ar triste e de abandono”, aponta o olisipógrafo.
A socióloga Maria Filomena Mónica que raramente sai do ‘perímetro Estrela-Lapa’, onde reside, queixa-se do “estado lamentável das ruas” mas enaltece o Jardim da Estrela, “que está cada vez mais bonito” e assume que algumas das “coisas positivas” que reconhece na cidade não se devem necessariamente à nova liderança da CML. É o caso dos concertos a que tem assistido na Basílica da Estrela e na Igreja dos Mártires, locais onde, como não é crente, não entrava há muito tempo e ficou “satisfeita” ao constatar que estão “maravilhosamente restaurados”.
Porém, “preocupa-me o estado do Terreiro do Paço. A ideia de que possam vir a transformar a praça numa zona com hoteizinhos, boutiquezinhas e cafezinhos horroriza-me. Sendo a sede e o símbolo do poder, deve continuar como está. Não precisa de mais nada, devendo apenas ser reposto o que de lá tiraram, as colunas”, defende.
O sociólogo Luís Salgado de Matos aponta, por seu lado, que “o emblema de Lisboa 2008” seja a “substituição do projecto Ghery para o Parque Mayer por um concurso de ideias”, lançado pela autarquia para a realização do plano de pormenor que sirva de base à reabilitação da zona.
Já Luísa Schmidt entende que o concurso de ideias pelo qual a autarquia optou “é um processo ainda com incógnitas”, mas aplaude a “solicitação à participação pública" que tem envolvido. Esta socióloga, especialista em Ambiente, e uma das impulsionadoras da iniciativa cívica ‘Um dia por Lisboa’, diz que “a cidade continua suja”, permanece uma “imagem de desmazelo” do espaço público e que na ausência de “um plano de mobilidade” e “apesar da operação das passadeiras, o peão continua a ser o parente pobre”.
Este diagnóstico é agravado por Luís Salgado de Matos, para quem Lisboa é ainda uma cidade de “obras que nunca acabam, engarrafamentos nas horas de ponta, prostituição de rua nas ruas de sempre, venda de droga aos estudantes do secundário, carros a atravancarem os passeios ou as passagens de peões ou em dupla fila, calçada intransitável, jardins públicos sujos, alcatroados e abandonados, recipientes colectivos de lixo que são lixeiras, árvores que adoecem e não são tratadas, falta de flores, excesso de mendigos, 'arrumadores' de automóveis”.
Para Luísa Schimdt, é um “óptimo sinal” que tenha sido “retomado a sério o Plano Verde”, acompanhado de “medidas cautelares” que protegem de operações urbanísticas áreas da cidade, como a frente ribeirinha, não acauteladas pelo PDM. “Pode dizer-se que esta vereação está a levar a sério as questões ambientais e do ordenamento do território”, resume, advertindo, contudo, que será “muito mau sinal” se for em diante o projecto dos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus para a esquina das ruas Alexandre Herculano e do Salitre, no Largo do Rato.
O historiador Rui Tavares, morador na freguesia da Graça, considera sobretudo que a maioria PS/BE está a ter uma “atitude pouco visível”. Reconhece que “há um grande torpedo na acção da Câmara que é a falta do empréstimo”, mas insiste que “está tudo lento de mais” na actuação do executivo. “O problema é que as coisas boas são coisas que não acontecem.
Entre o plano geral e o grande plano, há quem reconheça que a beleza de Lisboa se impõe afinal nas pequenas coisas.
Ver Lusa doc. nº 8518975, 07/07/2008 - 09:30
Sem comentários:
Enviar um comentário