08/07/2014

Declaração Política sobre investimentos estruturantes na rede de transportes colectivos, Assembleia Municipal de Lisboa, 8 de Julho de 2014



«Os Verdes» elegeram, para esta sessão de declarações políticas, os investimentos estruturantes a médio prazo na rede de transportes colectivos de passageiros.

Não é novidade que a sustentabilidade da mobilidade urbana só é possível através de um planeamento que tenha em conta todos os modos de transporte, com o objectivo de satisfazer as necessidades de mobilidade, numa relação de equilíbrio entre a qualidade ambiental, a equidade social e a qualidade de vida dos cidadãos.

Estas têm sido, precisamente, as propostas que «Os Verdes» têm apresentado nesta Assembleia e, uma vez que o Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas inclui um eixo específico dedicado aos Transportes Públicos de Passageiros, importa ponderar sobre os investimentos estruturantes a médio prazo na rede de transportes no concelho de Lisboa, de forma a que se responda efectivamente às necessidades de uma mobilidade mais sustentável, mais amiga do ambiente e se prepare a cidade para os desafios futuros.

Promover uma mobilidade sustentável passa por aumentar a atractividade dos transportes colectivos face ao transporte individual, elevar a sua qualidade na prestação do serviço público, melhorar as acessibilidades e melhorar as redes de transporte existentes, apostar em veículos amigos do ambiente e investir numa rede de transportes colectivos de passageiros que, estando a funcionar devidamente, é a solução mais consistente para a prestação deste serviço público.

Esta rede de transportes deve, necessariamente, articular as redes pesadas do comboio e do metropolitano com as redes semi-pesadas de eléctricos históricos e rápidos de superfície. Só assim conseguiremos promover a criação de interfaces intermodais de transporte e responder eficazmente aos principais fluxos de deslocação na cidade.

Acontece que, actualmente, Lisboa tem apenas 5 carreiras de eléctricos servidas por 57 veículos, com uma extensão de 48 quilómetros e apenas uma linha de eléctricos rápidos (a linha 15 entre Algés e a Praça da Figueira).

Convém lembrar que a rede de eléctricos da Carris chegou a ter uma extensão de 145 quilómetros, divididos por 39 carreiras e, durante 43 anos, o eléctrico foi o único meio de transporte público da cidade de Lisboa. O eléctrico acompanhou a expansão urbana da cidade e foi o modo de transporte da grande maioria dos lisboetas de todos os estratos sociais.

O eléctrico é um ícone tradicional e emblemático da cidade, cuja importância, infelizmente, tem vindo a decrescer, mas que ainda serve 20 milhões de pessoas por ano e, além das vantagens turísticas tem também vantagens ambientais, por ser menos poluente que os restantes modos de transporte de superfície.

Não nos podemos esquecer que Lisboa é invadida diariamente por 430 000 veículos vindos dos concelhos limítrofes, sendo uma grande fonte de destruição do ambiente e do congestionamento da cidade.

Para «Os Verdes» a rede de Metropolitano deve ser uma rede complementar das Linhas de Comboios Urbanos de Lisboa, e a rede de eléctricos históricos e rápidos de superfície deve ser uma rede complementar do Metropolitano, para que haja capacidade de resposta às necessidades de transporte e de acesso, algo que hoje não se verifica.

É com base neste entendimento que defendemos que os investimentos estruturantes na rede de metropolitano, de eléctricos históricos e de eléctricos rápidos em Lisboa podem ser concretizados no âmbito do próximo QREN (2014-2020) e que estes devem ser incluídos no eixo de Transportes Públicos de Passageiros do Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas (PETI).

A CML deverá, assim, interceder junto do Governo com vista a um conjunto de situações, como:
- a conclusão das obras de ampliação das estações do Areeiro e Arroios,
- o prolongamento das linhas do Metro
- a reactivação e prolongamento das linhas de eléctricos, fulcrais para o dia-a-dia dos cidadãos
- e a criação de linhas de eléctricos rápidos entre o Cais do Sodré e o Parque das Nações, aproveitando o canal ferroviário paralelo à Avenida Infante Dom Henrique.

Defendemos, por isso, que a CML deverá continuar a exigir a melhoria das condições de mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa, promovendo desta forma o direito à mobilidade da população e a melhoria da sua qualidade de vida.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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