02/06/2015

Intervenção sobre a Proposta nº 07-A/2015 – Alteração da Proposta nº 07/2015 referente à fixação de factores de ponderação, a introduzir na fórmula de cálculo das compensações urbanísticas

 

Assembleia Municipal de Lisboa de 2 de junho de 2015

Esta proposta apresenta uma nova redacção relativamente à anterior,  prevendo agora a fixação de quatro factores diferenciados de ponderação, a introduzir na fórmula de cálculo das compensações urbanísticas e permitindo uma maior clarificação na sua aplicação ao serem identificadas, num mapa elaborado pelos serviços da CML, as áreas de Lisboa onde os mesmos incidem.
Relativamente às áreas urbanas de génese ilegal e áreas onde se situam os BIP/ZIP, propõe haver uma redução total da compensação, atribuindo um factor de ponderação igual a zero. Também propõe que as áreas abrangidas por operações de reabilitação urbana sistemática tenham um factor de ponderação igual a 0,1. Até aqui, concordamos com o que é proposto, pois estamos a falar de áreas da cidade com reconhecidas necessidades de reabilitação urbana por serem zonas bastantes vulneráveis do ponto de vista físico, económico, social e ambiental.
Contudo, não entendemos a razão para a área da Colina de Santana apresentar um factor de ponderação nulo pois a Proposta nº 4/AM/2014, aprovada nesta Assembleia Municipal prevê e passo a citar “a preparação, para o território da Colina de Santana, de uma ou mais Operações de Reabilitação Urbana Sistemática”, pelo que o factor de ponderação a aplicar devia ser igual a 0,1, segundo a proposta em apreço.
A proposta apresenta também um factor de ponderação específica de 0,3 quando a operação urbanística ocorra em Áreas de Reabilitação Urbana ou em áreas consolidadas. Nas restantes operações urbanísticas, o factor de ponderação será de 0,5.
Curiosamente, parte da área da Freguesia do Parque das Nações não possui qualquer factor de ponderação atribuído, apesar de integrar o Município de Lisboa, situação que carece ser esclarecida pelo executivo camarário. Também entendemos desadequado o factor de ponderação atribuído às áreas situadas no interior do Parque Florestal de Monsanto, que deviam ter um factor de ponderação de 0,5 como forma de preservar esta importante área verde da cidade e dissuadir a sua ocupação com novas edificações construídas de raiz.
Convém esclarecer que nas Áreas de Reabilitação Urbana de Lisboa estão incluídas zonas como Alcântara, Aterro da Boavista ou Amoreiras que apresentam vazios urbanos, sem quaisquer edifícios para reabilitar, onde irá ocorrer a construção de novos edifícios de raiz, tal como está previsto na Alta de Lisboa, e que já foram objecto de uma enorme valorização imobiliária ao passarem de áreas com usos industriais obsoletos para áreas com usos residenciais e terciários, onde se prevêem densidades de edificação média a alta, e que, por isso, deviam ter um factor de ponderação de 0,5 e nunca um factor de redução idêntico aos das áreas consolidadas.
Não faz, portanto, qualquer sentido que as compensações sejam reduzidas em terrenos que já tiveram uma valorização astronómica, que transformou zonas industriais em zonas urbanas residenciais e de escritórios.
Isto acontece porque estamos a falar de projectos e empreendimentos privados de grandes promotores imobiliários que pretendem construir nestas grandes áreas urbanas que já estão abrangidas por Planos Urbanísticos, nomeadamente Boavista Nascente e Alcântara.
Quando discutimos a primeira versão desta proposta dissemo-lo e voltamos agora a chamar a atenção para o facto de esta proposta aparecer quando alguns grandes empreendimentos de grupos privados estão quase a ser licenciados, parecendo mesmo que estamos perante um caso de subjugação aos interesses de privados.
Esta medida irá contribuir para, por um lado, reduzir os encargos de construção desses promotores imobiliários e, por outro, as receitas do município. Só esta subjugação poderá explicar tamanha preocupação da Câmara com os promotores imobiliários.
E é por estes motivos, que «Os Verdes» mantêm algumas reservas em relação a alguns aspectos desta proposta.

Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

Sem comentários: