
O estudo elaborado pela comissão, que avaliou em especial as obras lançadas entre 2001 e 2006 pela empresa municipal responsável pela gestão dos bairros sociais, revelou má gestão e descontrolo dos custos das empreitadas. O Departamento de Auditoria Interna analisou as situações mencionadas no relatório da comissão e considerou que alguns factos descritos no documento “carecem de fundamento quanto à sua irregularidade e/ou são manifestamente inconsequentes”, enquanto outros foram confirmados pelos auditores.

Entre as situações relatadas no primeiro relatório e que a auditoria considerou sem fundamento encontram-se a adulteração da base de dados da correspondência enviada, autos de medição e respectivas facturas com preços unitários diferentes da proposta adjudicada ou apresentados em simultâneo para fases distintas da obra e proibição aos fiscais da empresa de tomarem conhecimento dos preços unitários das propostas adjudicadas. Outros casos na mesma situação referem-se à adjudicação de empreitadas por valores muito superiores ao valor real, em detrimento de propostas anuladas, uma empresa a realizar trabalhos de fiscalização que é função dos fiscais da Gebalis, facturas de trabalhos a mais de 150 mil euros em contratos de avença que não foram conferidos nem fiscalizados e, por último, a suspeição de que a Gebalis suportaria de um fornecedor avençado (Hidrauli Concept - Sociedade de Canalizações) preços de materiais muito superiores aos praticados no mercado.
Relativamente a 57 das empreitadas analisadas, a auditoria revela, nas conclusões, que existem indícios de fraccionamento da despesa, sendo que 50 dessas obras foram lançadas por concurso limitado e sete por ajuste directo. Atendendo ao valor global de cada grupo de empreitadas, as 50 obras deveriam ter sido objecto de procedimento por concurso público e as sete por concurso limitado com consulta a cinco empresas, refere o documento.
Segundo o relatório da comissão, a presidência da Gebalis autorizou, por mais que uma vez, duas propostas de lançamento da mesma empreitada com dois preços distintos. Mencionava ainda a adulteração do valor base para concurso proposto pelo projectista, sem alterações ao projecto que o justificassem, após o recebimento das propostas das empresas concorrentes. Os auditores da Câmara consultaram os processos de empreitadas em causa e verificaram que o valor base considerado pelos serviços da Gebalis na informação da proposta de lançamento para cada empreitada é diferente do indicado pelo projectista no seu e-mail enviado à Direcção de Engenharia, sem que nos respectivos processos exista qualquer fundamentação para tal.“Na verdade, constatou-se que os valores propostos pelos concorrentes preferidos encontram-se acima dos aferidos pelo projectista em mais de 25 por cento, chegando a atingir 49 por cento” no caso de uma empreitada, refere o documento do Departamento de Auditoria Interna.

Pelo que, “independentemente dos argumentos apresentados em sede de audiência dos interessados quanto à elevada competência técnica destas empresas, afigura-se que o procedimento contínuo de não serem (ao longo de vários anos) consultadas quaisquer outras empresas destes ramos de actividade, colide com os princípios fundamentais que devem presidir à contratação pública - transparência e submissão à concorrência” 2.
Os auditores propuseram à Câmara de Lisboa o envio do relatório à Gebalis, ao Tribunal de Contas e à Inspecção-Geral de Finanças e à Polícia Judiciária. Mais arrasador não podia ser.
1 comentário:
E porque o Partido - Os Verdes, não nos ajudam.
Têm técnicos competentes. Nós na Gebalis somos competentes mas estamos presos a uma malha de negócios pouco claros geridos agora pela PSD depois pelo PS. Estranhamos que quando se levanta uma suspeita (que para nós é totalmente verdadeira - pois vivemos com a Hidrauli diariamente) todos tapem os olhos, os ouvidos e a boca. É estranho, mas afinal é este o país que temos. Pequeno, mesquinho e corrupto. Penso que entendem porque não assino.
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