08/04/2007

Páscoa mais solidária

Os mais carenciados vão poder conviver e comer uma boa refeição no domingo de Páscoa. O projecto “Por uma Lisboa Mais Solidária” oferece hoje um almoço na Voz do Operário aos sem-abrigo e idosos carenciados da cidade. O projecto, a lançar nas 53 freguesias da capital, pretende lutar contra a pobreza dissimulada.

São esperadas cerca de mil pessoas, pois “apelámos a várias Juntas de Freguesia para fazer o levantamento de idosos carenciados que vivam sós e de pessoas que vivem nas ruas para os podermos contactar”, disse o mentor do projecto. Foram também contactadas várias associações de imigrantes para indicarem pessoas para participarem no almoço, que se pretende seja “um espaço de integração cultural”, com comida portuguesa, cabo-verdiana e brasileira 1.

Para além de A Voz do Operário, o projecto conta com o apoio das Juntas de Freguesia de Campolide, Sacramento e Benfica, prestando apoio psicológico e social aos mais carenciados da cidade. O projecto começou na Junta de Freguesia de Campolide, que criou uma base de dados sobre as necessidades dos mais velhos que representam 30% da população local.

Os participantes podem ainda fazer um rastreio médico com uma equipa disponível para o efeito. Para as pessoas que tenham dificuldades de deslocação, a organização assegura o transporte.

O objectivo é combater a “desumanização” e a “exclusão social” numa cidade onde existem mais de 900 sem-abrigo e 133.304 idosos, dos quais 33.770 (25%) vivem totalmente sós, segundo o Recenseamento de 2001.

“Infelizmente a realidade é muito dura em Lisboa, há muita pobreza encapotada”. E se aparecerem na Voz do Operário mais comensais do que o número esperado? “Não há problema, havemos de arranjar uma solução”.

1. Ver
www.noticiasdamanha.net/?lop=artigo&op=96da2f590cd7246bbde0051047b0d6f7&id=b568e3db1bff03844f667ea1680bc354

5 comentários:

Anónimo disse...

Este tipo de iniciativas são meras tentativas de enebriar os mais distraídos, que em nada acrescentam à resolução efectiva do estigma social e de uma real inclusão. Parecem-me sempre promocionais da existência de cidadãos de primeira e outros de segunda, situação que interessa aos diversos executivos manter. Confesso-me algo desiludida com o facto do PEV se identificar com este género de iniciativas.

Sobreda disse...

Cara srª anónima,
Agradece-se o seu comentário inserido há pouco mais de uma hora atrás.
Quanto à posição de que estas iniciativas "nada acrescentam à resolução efectiva" do(s) problema(s), se reparar, no penúltimo § da notícia diz-se que «o objectivo é combater a “desumanização” e a “exclusão social”» e os termos estão... entre-aspas.
Donde, o artigo nem sequer tomou qualquer posição contra ou a favor da iniciativa em curso. Deu a notícia.
Todos sabemos porém que uma medida isolada sobre a questão dos sem-abrigo não resolve um problema tão vasto. Cada caso é um caso particular. Não podem por isso ser 'arrastados' nem para a provisória 'sopa do Sidónio', nem para albergues que os escondam de olhares púdicos, como muitos gostariam de o fazer.
Para além dos problemas sociais e de conflitos familiares, económicos originados pelo desemprego e subsequente exclusão, há casos que se arrastaram também por motivos de saúde (dependências e demências).
Trata-se de uma situação muito diversificada, mas cuja resposta não pode ser a da mera aplicação de medidas uniformes.
Leia por favor o nosso artigo "Sob aquela soleira sopra um vento gélido (Parte I)" neste blogue com o URL http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/02/sob-aquela-soleira-sopra-um-vento-glido.html e, depois, o artigo da sua nota de rodapé com o URL www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=229810&idselect=228&idCanal=228&p=200 mais os respectivos comentários finais dos leitores.

O que me diz agora? Alguém se tem esforçado por resolver a questão?
Obrigado de novo pela sua muito pertinente observação.

Anónimo disse...

Permitam-me sugerir um programa de verdadeira inclusão, cujos resultados surpreenderam os mais conservadores. http://www.pathwaystohousing.org/

Sobreda disse...

Caros anónimos,
Talvez o artigo "Pobreza e exclusão social" publicado hoje, dia 10 de Abril, neste blogue, seja mais esclarecedor sobre a proliferação das desigualdades sociais que conduzem ao desemprego e a alguma 'forçada' exclusão social.
Com os 'paninhos quentes' da caridadezinha não vamos lá...

Cláudia Madeira disse...

O PEV está ciente e sabe que o problema não se resolve com pequenos gestos de caridade e solidariedade inseridos numa medida isolada. A solução passa pela adopção de medidas que invertam a actual situação dos sem-abrigo e dos demais problemas sociais em crescendo, infelizmente.
Todavia, se pudermos alegrar e preencher um pouco um dia na vida das pessoas que mais necessitam, julgo que é uma atitude preocupada e humana, que deveria merecer o apoio de todos.
Agora, é necessário não ficar apenas por estas medidas, e incluí-las num programa (a sério) de reinserção social.