29/10/2007

Biocombustível é crime contra a Humanidade

A produção de biodiesel e bioetanol cresceu tão depressa - impulsionada pelos interesses económicos dos agricultores dos EUA, Brasil e Europa - que o preço dos alimentos aumentou e ameaça criar uma nova onda de fome mundial.
Daí que um sociólogo e perito das Nações Unidas tenha, entretanto, pedido a uma comissão da Assembleia-Geral da ONU uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis, para permitir desenvolver novas tecnologias e estabilizar os preços dos alimentos.
É que num só ano, o custo do trigo duplicou e o de milho quadruplicou, devido ao crescente interesse pelos biocombustíveis, considerados como boa alternativa ao petróleo. Mas, para o sociólogo suíço, estes produtos não passam de “um crime contra a Humanidade”. Segundo afirma, os biocombustíveis estão a provocar o aumento vertiginoso no preço dos alimentos, com potenciais efeitos catastróficos nos países em desenvolvimento, sobretudo nas camadas mais pobres da população.

Uma em cada seis pessoas passa fome, ou seja, um total de 854 milhões, e o flagelo atinge as crianças de forma desproporcionada. Segundo a ONU, o planeta produz alimentos suficientes para alimentar 12 mil milhões de seres humanos, quase o dobro da população mundial. Mesmo assim, o número de pessoas severamente mal nutridas subiu, nos últimos 30 anos, de 80 milhões para 200 milhões. Em cada dia que passa, morrem de fome, ou das suas consequências directas, 100 mil pessoas.
Por outro lado, a ciência está a evoluir depressa no campo dos biocombustíveis que, “em apenas cinco anos, será possível produzir bioetanol e biodiesel a partir de restos agrícolas”. O perito referia-se às partes celulósicas das plantas, hoje inúteis, em vez de milho, trigo e cana de açúcar. Os cientistas também estão a estudar alternativas, como o de um arbusto que cresce em zonas áridas e impróprias para a agricultura.
A argumentação do perito da ONU centra-se na questão da alimentação, mas é também controversa a ideia de que há cortes substanciais de emissões de gases de efeito de estufa no uso de biocombustíveis na gasolina. Alguns cientistas dizem que a fase de produção anula esses ganhos. Um outro exemplo adiantado pelo sociólogo é o do milho, um dos alimentos menos eficientes nos biocombustíveis, no qual são precisos 250 quilos de milho para produzir apenas 50 litros de bioetanol. Só aquela quantidade permitiria alimentar uma criança durante um ano inteiro.
Com a apresentação oficial do relatório, o debate chega, enfim, ao mais alto nível político, após os mesmos argumentos terem sido sublinhados pelo presidente cubano Fidel Castro, mas também pelo próprio Fundo Monetário Internacional 1.
Mas a ganância dos grandes monopólios pelo lucro imediato jamais se preocupará com o desenvolvimento sustentável do nosso planeta e da população mundial 2.
2. Sobre o tema dos Biocombustíveis ler também http://osverdesemlisboa.blogspot.com/search/label/Biocombust%C3%ADveis

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