30/10/2007

Mercado global de emissões

O presidente da U.E., o comissário europeu do Ambiente e vários governadores norte-americanos reuniram-se, em Lisboa, para assinar a declaração política que representa o primeiro passo da criação do mercado global de carbono. Repete-se: mercado.
Este é um mecanismo de comércio de emissões de dióxido de carbono, criado para facilitar a adopção do Protocolo de Quioto, em especial no sector da indústria. Repete-se: comércio.
A reunião tem como objectivo fundamental possibilitar a uniformização internacional dos mercados, o que implicará uma concertação ao nível global 1. Repete-se: global.
Há por isso quem afirme que “o mercado e o ambiente não têm de ser inimigos, pelo contrário, podem ser aliados contra um inimigo comum, as alterações climáticas”, posição reforçada pelo vice-presidente do Deutsche Bank que defendeu que “o mercado de carbono é a forma mais eficiente para reduzir emissões”.
Esta troca de carbono resume-se à possibilidade de uma empresa poder vender parte da sua licença de emissão de CO2 e de outra poder comprar e emitir. Isto porque, hoje em dia, nalguns países, a quantidade de CO2 que cada empresa emite está limitada, de modo a cumprir os objectivos do Protocolo de Quioto 2.
Ou seja, quando um país desenvolvido atinge os limites de poluição estabelecidos internacionalmente para esse Estado, e os seus sectores económico e industrial ficam impedidos de os ultrapassar, recorre aos países em vias de desenvolvimento para adquirir as respectivas taxas de poluição.
Eis, por palavras simples, a resolução da equação: globalização do mercado de emissões, sob a diáfana capa do Protocolo de Quioto.

1. Ler o original em Destak 2007-10-29, p. 4
2. Ver
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=63418

Sem comentários: