14/07/2015

Intervenção sobre a Proposta nº 395/2015 – Alienação do Terreno da antiga Feira Popular


 
Como sabemos, foi anunciado pelo Sr. Presidente da CML que era intenção do executivo camarário proceder à alienação dos terrenos da antiga Feira Popular ao longo do ano de 2015. Disse ainda que estes terrenos são dos mais importantes até a nível europeu, sendo que nenhuma capital europeia hoje tem um terreno com aquelas características dentro da cidade.

Tendo conhecimento disto e estando preocupados com o que poderia vir a ser construído, os representantes das Associações de Moradores começaram a recolher assinaturas para entregarem a Petição nº 11/2015, que apreciámos há pouco, com a finalidade de serem ouvidos e de serem esclarecidos na AML, uma iniciativa cívica bastante louvável.

Também no seguimento das declarações do Sr. Presidente da CML, Os Verdes tomaram a iniciativa de apresentar uma recomendação nesta Assembleia Municipal, no sentido de salvaguardar um conjunto de situações que nos preocupavam e preocupam. Essa recomendação não acolheu a maioria dos votos favoráveis mas o PEV mantém naturalmente as suas reservas em relação à proposta que agora discutimos.

A proposta nº 395/2015 foi aprovada na CML no dia 1 de Julho e, passados apenas 13 dias, estamos já a discuti-la em plenário porque há uma certa pressa na sua aprovação. Concordamos que se deve resolver este assunto mas de forma correcta, sem atropelas e sem que subsistam dúvidas.
 
Por isso mesmo, ontem, na Conferência de Representantes, propusemos que a proposta pudesse ser discutida posteriormente para haver mais tempo para apreciar tanto a proposta como os demais documentos referentes a esta matéria, incluindo as recemendações.

Essa proposta não foi aprovada e é caso para perguntar se esta assembleia tem ou não liberdade para efectuar o seu próprio agendamento das propostas, sem que haja qualquer interferência ou pressão da CML nesse agendamento? É que para Os Verdes os trabalhos desta casa não podem funcionar como discos pedidos: a Câmara pede e a Assembleia toca.
 
A verdade é que os Grupos Municipais tiveram um prazo bastante reduzido para apreciar esta proposta e o respectivo parecer, assim como as recomendações que surgiram da discussão. Dada a importância, a complexidade e os antecedentes da matéria em apreço teria sido desejável conceder mais tempo para a sua apreciação. Aliás, há inúmeros exemplos que comprovam que este é o procedimento mais correcto e a Assembleia tem-no feito, mas desta vez decidiu que não.
 
Esta proposta quer alienar os terrenos de Entrecampo para um projecto imobiliário que prevê uma predominância de pelo menos 60% de comércio e serviços, ou seja, do que sabemos pelo menos até agora, nada impede que venhamos a ter um novo Centro Comercial de grandes dimensões e escritórios associados.

E estamos a falar de uma zona da cidade consolidada a nível residencial e já com uma elevada oferta de serviços e comércio , onde se destaca uma boa oferta hoteleira e um conjunto de edifícios de escritórios.

Defendemos que deverá haver ali equipamentos de utilização colectiva, nomeadamente a reconstrução do antigo Teatro Vasco Santana enquanto elemento de memória histórica daquele espaço, quer do ponto vista cultural quer também do ponto de vista político.

Também é de referir que não há um compromisso concreto por parte da Câmara para a construção de equipamentos, que tipo de equipamentos nem um prazo.

Depois há outro aspecto que nos preocupa que é a indefinição e omissão quanto ao futuro aproveitamento do subsolo, nomeadamente a construção de caves ou de parques de estacionamento subterrâneos que terá implicações no aumento da área impermeabilizada e no acréscimo de veículos numa zona da cidade já de si bastante congestionada em termos de tráfego automóvel, apesar de bem servida de transportes públicos colectivos.

Portanto falta além de um estudo de tráfego, um estudo hidrogeológico.
 
Portanto, são estas as apreciações e reservas queOs Verdes têm relativamente à proposta em apreço.

É desta forma que o executivo pensa estar a devolver aquele espaço à cidade e aos cidadãos como prometeu? É assim que teremos uma cidade mais humanizada? Ou é mais uma oportunidade desperdiçada?
 
Por fim, se há aspectos ainda em negociação, questões a clarificar, se até há disponibilidade da Câmara e se até assistimos ao conclave do bloco central nesta sala, propomos novamente que não se trabalhe em cima do joelho e que se adie a votação da proposta, tal como propusemos ontem na Conferência de Representantes.

Não há nenhum motivo para que a proposta não possa ser adiada!
 

            Cláudia Madeira
            Grupo Municipal de “Os Verdes

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