01/03/2007

Utilização de águas subterrâneas


Segundo a Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), “a seca que assolou o nosso País em 2004/2005, provocou uma maior procura de água subterrânea para consumo humano e outras valências, nomeadamente para a agricultura e para a indústria, e trouxe novamente para a ordem do dia a importância que as águas subterrâneas devem desempenhar no planeamento e gestão dos recursos hídricos nacionais. Por outro lado, a obrigatoriedade de Portugal em cumprir várias directivas comunitárias para a protecção das águas subterrâneas exige cada vez mais um conhecimento técnico-científico aprofundado na área da Hidrogeologia.
A futura directiva-filha sobre águas subterrâneas, a publicar a curto prazo e as alterações do acesso à actividade de pesquisa e captação de água subterrânea, enquadradas no Decreto-Lei nº 133/2005, são diplomas que vão seguramente alterar, em alguns casos significativamente, a situação da monitorização, protecção e exploração dos recursos hídricos subterrâneos. Em outra vertente, a água subterrânea, enquanto recurso geológico, assume um papel relevante na economia nacional como é o caso das águas minerais naturais, águas de nascente ou em sectores como o hidrotermalismo”.
Neste sentido, a APRH realiza no LNEC, entre hoje e amanhã, um novo Seminário sobre “Águas Subterrâneas”, com o objectivo de promover um amplo debate sobre o estado do conhecimento e os trabalhos desenvolvidos em Portugal nos últimos anos, nos diferentes aspectos das águas subterrâneas1.
Em cidades como Berlim, capital da Alemanha, que “está localizada numa região rica em lençóis de água subterrâneos (os quais) implicam a extracção permanente em vários pontos da cidade, sob pena de colocarem em risco a fundação dos edifícios, arruamentos e estradas. Mas toda esta riqueza existente no subsolo não é desperdiçada. Uma rede especial de canalizações – pintada de rosa-choque, para não ser confundida com o saneamento mais comum – distribui o precioso líquido pelas zonas verdes de Berlim, que assim são regadas com água não potável, mas que pode ainda ser utilizada2.
E se fosse em Lisboa?
No ano passado, na Conferência Internacional organizada pela Fundação Luso-Americana, consagrada ao tema “A Água como catalisador da mudança”, que decorreu no LNEC, a vereação do Ambiente e Espaços Verdes da CML anunciou que pensava vir a adoptar várias medidas para a gestão sustentável da água no município, como a monitorização dos actuais recursos hídricos e captação de águas subterrâneas e pluviais nos parques e matas, sublinhando “a importância de que se reveste o Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água” e assumindo o “compromisso de empenho do Município de Lisboa na adopção de medidas que concorram para a concretização desse plano”.
No seu programa eleitoral “Vamos a isto Lisboa”, a actual gestão camarária defendia “a captação de águas subterrâneas e a água da chuva para a rega e a lavagem”, a autarquia afirmava que iria apostar no “uso das águas subterrâneas e da chuva para a rega e lavagem (...) através da construção de um sistema de retenção, bem como a reutilização de água em fontes” e que alguns “recursos hídricos subterrâneos de Monsanto, provenientes das minas e caudais, poderão também vir a ser utilizadas em sistemas de rega e de protecção de incêndios” 3.
Neste sentido, três meses depois, na AML, e perante a proximidade de mais um Verão estival, "Os Verdes" propuseram à CML a adopção, com carácter de urgência, de medidas de controlo, racionalização e gestão integrada da água potável neste município, tendo a proposta sido então aprovada por UNANIMIDADE.
Porém, durante o Verão, assistiu-se em vários pontos da cidade de Lisboa – por exemplo, jardins de Belém, da A.R. ou saída do Metro de Telheiras – à rega normal por aspersão, invariavelmente, durante o meio do dia... em pleno auge do calor !
Como água ‘leva-a o vento’ e palavras ‘evapora-as o Sol’, de novo em Outubro de 2006 "Os Verdes" recomendaram à CML que efectivamente implementasse o Programa Integrado de Gestão Sustentável da Água.
Recordando que, segundo dados da Matriz da Água de Lisboa o maior consumo de água potável da CML é feita nos jardins, representando 55% dos gastos, enquanto a segunda maior parcela (22%) são gastos em lavagens de ruas, bem como que um uso mais eficiente da água é essencial para uma prática e um exemplo ambiental, numa perspectiva de sustentabilidade, propuseram que progressivamente se adoptasse medidas que implementassem “sistemas de rega mais eficientes, gota-a-gota, nebulização, micro-aspersão, que permitam uma melhor calendarização e temporização, controlando os picos de consumo e as condições climatéricas mais adequadas à rega”, de modo à CML utilizar processos de rega mais eficiente. Desta vez a Recomendação foi rejeitada, apenas com os votos contra do PSD.
E agora, que futuro ‘subterrâneo’ para as águas prevê a CML durante o Verão de 2007 ?

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