12/09/2007

A moda dos biocombustíveis

Os biocombustíveis podem causar problemas à biodiversidade e não serão rendíveis sem novas políticas governamentais, considera a OCDE num relatório de conclusões imprevisíveis ontem divulgado em Paris, intitulado “Biocombustíveis um Remédio Pior que a Doença?” na sequência duma mesa-redonda sobre o desenvolvimento sustentável.
Nele se considera que “a tendência actual em prol dos biocombustíveis cria tensões insustentáveis que agitarão os mercados sem gerar benefícios ambientais significativos”. De igual modo, é feita uma referência à área cultivável ‘importante’ que a produção dos biocombustíveis ocupará e que “sujeitará a pressão os preços da alimentação e da água” a troco de vantagens “muito limitadas” e que os biocombustíveis apenas poderão reduzir em 3%, no máximo, as emissões de gases com efeito de estufa.
Uma das tendências para que a mesma organização chama a atenção será a da substituição de ecossistemas naturais, como as florestas, por culturas destinadas à bioenergia. Tal acontecerá, prevê o mesmo documento, sem que os valores ambientais sejam integrados pelos mercados 1.
As conclusões da OCDE não constituem porém qualquer novidade.
Já em Junho a FAO havia alertado para que “a crescente demanda por biocombustíveis, como o álcool, deve fazer com que os custos mundiais de importação de alimentos atinjam recorde neste ano” 2.
Também em Maio Fidel Castro defendera que os biocombustíveis não vão melhorar o meio ambiente, “muito pelo contrário, porque haverá um aumento na degradação do solo por causa da monocultura e do desmatamento”, de modo a que os alimentos sejam “convertidos em combustíveis para viabilizar a irracionalidade de uma civilização e sustentar a riqueza e os privilégios de alguns poucos” afirmou 3.
A principal crítica aponta que o biocombustível consumirá toda a oferta mundial de alimentos, ameaçando levar fome às populações. “O que ocorrerá quando centenas de milhões de toneladas de milho forem dedicadas à produção de biocombustível? E não vou mencionar as quantidades de trigo, painço, aveia, cevada, sorgo e outros cereais que os países industrializados utilizarão como fonte de combustível para os seus motores”.
“O que se impõe de imediato é uma revolução energética que consiste não só na substituição de todas as lâmpadas incandescentes como também na reciclagem maciça de todos os equipamentos domésticos, comerciais, industriais, de transporte e de uso social, que com as tecnologias anteriores exigem duas a três vezes mais energia” 4.

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