20/03/2009

Escassez de água potável causa milhões de mortes

Quando uma torneira é aberta para extrair o suficiente para encher um simples copo de água, raras vezes vem à lembrança que em certas zonas do globo comunidades inteiras têm de percorrer dois a três km por dia para aceder a uma torneira pública.
A falta de acesso a água potável e a um saneamento adequado causam, em todo o mundo, 1,6 milhões de mortes por ano. Perante este cenário, não é de estranhar que um dos grandes desafios do século XXI passa por levar este recurso precioso ao maior número de torneiras, mas, sobretudo, assegurar a paz através da sua distribuição equilibrada e equitativa.
Mas o panorama pode tornar-se mais negro. Em 2025, estima-se que 1,8 mil milhões de pessoas vivam em países ou regiões com escassez grave de água, sendo que dois terços da população mundial deverá estar em condições de stress hídrico, que se aplica a situações em que não existe água suficiente para toda a procura, quer seja na agricultura, indústria ou doméstica. A disponibilidade mundial de água per capita será menos de metade do que era nos anos 60 do século passado e terá diminuído 25% em relação a 1990.
Por outro lado, até 2025, prevê-se que a procura de água aumente 50% nos países em desenvolvimento, e 18% nos países desenvolvidos. Esta situação decorre do significativo crescimento da população, sobretudo nos países mais pobres, e da sua concentração em grandes cidades.
Face a estas dificuldades, a escassez de água levará países e grupos armados a entrarem em conflito nos próximos 25 anos, sendo mesmo a primeira causa das guerras em África até 2030, principalmente em regiões pobres que compartilham rios e bacias hidrográficas. Foram identificados 46 países, onde vivem 2,7 mil milhões de pessoas, nos quais há alto risco de conflitos violentos provocados pela escassez de água.
Os países do Médio Oriente, da Ásia e de África terão cada vez menos água. Nessa altura, metade das camas dos hospitais estará ocupada por pacientes que sofrem doenças de vector hídrico. Actualmente, dois mil milhões de pessoas, cerca de um terço da população mundial, dependem das reservas de água subterrâneas.
Por outro lado, cerca de metade dos rios do planeta estão poluídos ou com as suas reservas naturais esgotadas. Algumas das zonas húmidas ou águas interiores mais importantes do mundo, incluindo o Mar de Aral ou os pântanos da Mesopotâmia, foram-se reduzindo, e mais de 20% das 10.000 espécies conhecidas que viviam na água doce extinguiram-se.
Mesmo as regiões do mundo com maiores disponibilidades de água vão passar a conviver de perto com a escassez. Quase toda a Europa entrará em alerta amarelo em 2025 (Espanha, Alemanha e Itália são já hoje países neste nível de alerta), com destaque para os países da orla mediterrânea. De acordo com um relatório recente da Comissão Europeia, 33 bacias hidrográficas localizadas em 13 Estados-membros sofrem de escassez de água, representando 12% do total do território europeu e 19% da população europeia.

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www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=7788

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