04/03/2009

Portugueses contra a privatização da água

Segundo os resultados obtidos pela sondagem/Marktest, encomendada pelo STAL e realizada entre os dias 6 e 15 de Janeiro, na sequência da campanha ‘Água é de todos, não o negócio de alguns’, uma grande maioria dos portugueses (69%) não concorda com a privatização ou gestão privada dos serviços de abastecimento de água e saneamento, apontando três razões principais: “a água é de todos” (75,5%), é um “serviço público essencial” (65%), “as pessoas com menores rendimentos deixariam de ter acesso à água” (57,1%).


Em coerência com a defesa clara do serviço público com gestão pública municipal, 79,4% dos inquiridos não concordam com a retirada das competências às câmaras na gestão da água, tratamento de esgotos e definição dos preços, as quais o governo pretende transferir para empresas onde as autarquias perdem capacidade de decisão.
Os que partilham esta opinião afirmam que as “Câmaras são mais atentas às necessidades da população” (25,2%); que os “serviços fornecidos pelas Câmaras são bons” (11%), que caso deixem de os prestar “os preços vão aumentar” (10,5%); que as Câmaras são a garantia da continuação do “serviço público” (10,5%); que “os serviços são mais bem geridos localmente” (10,1%).
Pelo contrário, para sete em cada dez inquiridos (73,4%), consideram que a retirada desta competência não contribuiria para melhorar o serviço de abastecimento de água e saneamento, uma vez que as Câmaras municipais são quem melhor «”conhece as necessidades da população”.
Uma expressiva maioria de pessoas (86,7%) respondeu que a protecção do meio ambiente constitui uma característica “importante” ou “muito importante” da gestão dos serviços públicos. Seguem-se como critérios prioritários a “qualidade” (85,9%); “universalidade de acesso” (83,5%); “boas condições de trabalho dos funcionários” (81,9%); “participação dos cidadãos” (80%); “transparência das decisões” (72,6%).
A sondagem encomendada pelo STAL mostra assim claramente que cerca de três quartos da população portuguesa discordam de forma fundamentada com a privatização do sector da água e saneamento e consideram que a sua gestão não deve ser retirada às autarquias locais.
Num momento em que o actual governo, prosseguindo e aprofundando políticas anteriores, pretende transformar a água e outros serviços públicos de âmbito local em mercadorias como as demais, os portugueses afirmam, inequivocamente, que a água, saneamento e resíduos sólidos são direitos sociais e humanos que não podem ser reduzidas à mera lógica do lucro e expressam a sua confiança nas autarquias enquanto órgãos democráticos para continuarem a assegurar estes serviços essenciais.
Porque a ‘Água é um direito, diga não à sua privatização!’

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