05/05/2009

Transportes ferroviários são a aposta no futuro energético

Viajar no serviço ferroviário Intercidades do Alentejo tornou-se um hábito que deriva do preço, do conforto e da pontualidade. Esta é a leitura que pode ser feita, após se questionar os passageiros residentes em Beja sobre as vantagens e as desvantagens do uso deste meio de transporte que se está a tornar alternativa aos autocarros e até ao automóvel, principalmente nas deslocações a Lisboa.
São os estudantes e os idosos os seus principais utilizadores. Uma deles, de 17 anos, que nas deslocações para o Seixal ou Lisboa para estar com familiares e amigos, ou apenas para passear, comprar livros ou ir ao cinema, há pelo menos dois anos que a sua preferência vai para o comboio. E acrescenta-lhe outras razões: “Observo, comodamente sentada, como o Alentejo é bonito”.
Também sozinha ou acompanhada de amigos, outra já se habituou ao comboio para ir a Lisboa ao médico ou ao hospital. Com os seus 72 anos, não tem outro motivo de força maior para se deslocar à capital: “Dá para a gente ir de manhã e vir ao fim do dia. Tratamos do que temos a tratar e ainda dá para comer uma guloseima ou ver as montras”.
O único motivo de queixa que encontra vai para os comboios que, nalguns dias, partem de Lisboa, da Gare do Oriente, muito cheios, com passageiros de pé, mas que ficam na sua maioria nas estações até Pinhal Novo. Isto acontece, sobretudo, aos domingos ou 6ªs fªs. É que duas carruagens é muito pouco. Com efeito, uma delas é de primeira classe, que “leva sempre poucos passageiros”, e a outra “é para o povo”.
Mesmo quando partem de Beja, tem observado que o comboio “vai bem composto”, embora de Lisboa venha sempre mais gente.
Também um jovem alemão que visita com frequência o Sul, pois tem amigos na serra algarvia e um primo em Ourique, diz que tem queixas dos horários, por não “encaixarem” entre as composições regionais e o Intercidades. “Não compreendo porque não conjugam os horários” para evitar perdas de tempo e dinheiro.
Ou seja, quem viaja de Lisboa no Intercidades chega a Beja às 11h30, mas só tem comboio para Ourique às 14h17. E no sentido contrário chega-se à capital do Baixo Alentejo às 16h16, mas o comboio para Lisboa é só às 19h14. Os horários estão também desarticulados nas ligações a Évora, para onde circulam diariamente três Intercidades oriundos de Lisboa. A oferta poderia ser ampliada se houvesse em Casa Branca regionais que dessem ligação aos dois Intercidades de Beja.
Mas acontece que os horários estão feitos de tal forma que parece que a CP brinca com os clientes. O comboio rápido Lisboa-Beja pára em Casa Branca às 10h49, mas o regional para Évora saiu às 10h28. E o mesmo acontece à noite: o Intercidades para Beja passa às 21h01, mas a automotora para Beja já partiu há 18 minutos.
Desta forma, a CP tenta concentrar todo o mercado daquele eixo nos Intercidades, procurando justificar assim por que motivo o serviço regional dá prejuízos. Só que se perde clientes é porque reduz o leque de possibilidades de as pessoas escolherem a sua ida e volta.
É a habitual desculpa da pescadinha de rabo na boca.

Ver
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1377696

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