17/09/2009

Alterações climáticas originam a abertura da passagem no Árctico

Dois navios mercantes alemães conseguiram atravessar a perigosa 'passagem do Nordeste', junto à costa da Sibéria, tirando partido do preocupante degelo causado pelo aquecimento global. Ao longo de séculos, muitos tentaram fazer este trajecto, mas poucos o conseguiram. Um navegador português do século XVI poderá mesmo ter sido um dos primeiros.

Agora, dois navios mercantes alemães completaram a travessia da passagem do Nordeste, ligando a Ásia à Europa através do Oceano Árctico. Um feito que muitos tentaram e poucos alcançaram ao longo dos séculos. Mas que poderá tornar-se rotineiro 'graças' às mudanças climáticas no planeta.
Se tudo correr como previsto, chegarão hoje ao porto de Antuérpia, na Holanda, concluindo uma viagem que começou a 23 de Julho na Coreia do Sul. A rota seguida pelos navios, ao longo de 16 mil quilómetros, representa uma poupança de sete mil quilómetros em relação ao tradicional percurso pelo sul, que obriga a contornar toda a Ásia e a entrar na Europa pelo canal de Suez, no Egipto.
A mítica passagem do Nordeste foi uma obsessão para os exploradores marítimos desde a fatídica viagem de uma tripulação que perdeu a vida em 1553, quando procurava uma passagem marítima a norte para a Rússia. Também um barão sueco terá sido o primeiro a ser creditado com a ligação do Atlântico ao Pacífico através da costa da Sibéria, em 1879.
Mas há relatos, que geraram muita polémica entre os historiadores, indicando que o feito terá sido conseguido pelo português David Melgueiro, na segunda metade do século XVI. A primeira travessia sem escalas desta passagem aconteceria, mais tarde, em 1932 e há décadas que navios russos a fazem. Mas esta terá sido a primeira vez que a rota comercial do Norte foi feita por uma companhia ocidental.
A proeza, abre caminho a outros armadores, que já anunciaram a intenção de adoptar este trajecto muito mais económico. Mas revela também a rapidez com que as mudanças climáticas estão a provocar o degelo a norte. O ano passado foi o primeiro, em que as duas passagens do Árctico estiveram livres de gelo em simultâneo.

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