10/09/2009

Falta uma política integrada de transportes nas áreas metropolitanas

Embora existam cerca de 140 mil viaturas registadas no concelho de Lisboa, diariamente deslocam-se para a cidade à volta de 450 mil veículos, vindos dos concelhos limítrofes.
De acordo com os dados em que se baseia o Plano Estratégico de Transportes (PET), em 2001, o transporte individual (TI) representava mais de 43% das deslocações na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e mais de 52% na Área Metropolitana do Porto (AMP).
Para diminuir estes números, um perito da Quercus (junto da União Europeia) sobre a política e directivas de transportes e ruídos, defende que “há que fazer um esforço nas áreas metropolitanas (AM) para termos políticas integradas de transportes intermunicipais”.
Critica, por isso, que o PET seja uma “manta de retalhos” e que os sistemas de transportes das AM não encontrem, neste plano, “qualquer medida que potencie uma melhor integração dos vários sistemas de transportes, de forma a melhorar a sua eficiência ao nível da articulação de horários, da bilhética ou dos interfaces”.
No caso da capital, este problema poderá ter resolução com o novo PDM, ainda em processo de revisão (embora tal não seja suficiente), pelo que há que tomar medidas, que englobem os vários municípios da AML, como a criação de parques dissuasores nos concelhos periféricos.
Terá de haver uma concertação entre os vários municípios, estabelecendo regras de ‘fair play’. “Por exemplo, se Oeiras, que apresenta boas condições para os empresários estabelecerem os seus escritórios, não fizer restrições de tráfego e tiver um bom circuito rodoviário, poderá colher os lucros das restrições impostas para entrar em Lisboa de automóvel”.
É também identificada uma outra lacuna no actual sistema de mobilidade da capital: “O desenho das redes da Carris e do Metropolitano de Lisboa não se ajustam, uma vez que são paralelas e não complementares”. O ideal será que os pontos de intersecção entre os autocarros da Carris e as paragens do Metro se articulem e complementem, acabando assim com “uma visão de competição que não se justifica, tratando-se de duas empresas públicas”.
A nova versão do PDM de Lisboa deveria também introduzir uma “política diferente de classificação das vias”. Estas poderiam passar a ser classificadas “não em termos de quantidade de veículos, mas em termos de qualidade de circulação”, pelo que, segundo o especialista, “é preciso restringir e qualificar a entrada e a passagem pelas ruas da capital”.

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