05/02/2009

Mobilidade na Baixa

O ‘novo conceito de circulação para a Frente Tejo, entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré’, está neste momento em debate público por deliberação da CML. Aqui se transcreve (em duas partes) um artigo de opinião sobre o documento.
“A nosso ver incorre numa série de erros e omissões graves e, em alguns casos, ingénuos, até. Antes de os indicar, e porque sempre fomos defensores de menos carros na Baixa, enviamos daqui o nosso aplauso à câmara por, pela primeira vez em anos, decidir intervir e inverter a ‘espiral de morte’ da cidade.
De facto, a presença maciça do automóvel ali assume foros de escândalo: o ar é irrespirável, o ruído infernal. Há carros a mais e pessoas a menos. É preciso escolher e agir, sob pena de ser tarde de mais. Escolher uma solução harmoniosa cidadão/automóvel, até certo ponto, caso contrário só há uma escolha possível: o cidadão.
A proposta em apreço está longe de ser perfeita, mas é um bom sinal de que as coisas começam a mudar. Um sinal de stop à poluição, ao estacionamento abusivo e à circulação automóvel sem limites. E um sinal verde ao peão, ao usufruto da cidade histórica, plana, dos espaços comerciais e de lazer, à qualidade de vida essencial a uma capital europeia.
Aplauso ainda para o recuo em relação ao que de errado constava no relatório final do Comissariado da Baixa-Chiado: estacionamento sob a Praça do Comércio (600 lug.), 'Circular das Colinas' (obra megalómana, em túneis, esventrando a cidade consolidada, para gáudio dos empreiteiros do costume) e, recentemente, a remoção do eléctrico da Rua do Arsenal (logo essa rua que devia ser fechada ao trânsito e aberta a esplanadas, ao sol e à sombra) em prol de um eléctrico panorâmico em ziguezague pelo Terreiro do Paço. Lisboa agradece.
Mas o documento agora em debate público ignora o problema a montante, o que nos leva a fazer crer, involuntariamente, que tudo afinal não passe de cosmética para que o Terreiro do Paço seja um anfitrião limpo e asseado do Centenário da República.
Pior, contudo, é quando as poucas medidas preconizadas a montante assentam em premissas erradas e perigosas”.

Ler Bernardo Carvalho, Carlos Moura, Miguel Carvalho e Paulo Ferrero IN
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