02/02/2009

Nem sempre o que é verdade deve ser dito

Já muito se disse e se escreveu sobre o aviso do cardeal patriarca às mulheres cristãs e do que li e ouvi ficou-me a ideia de que mais ou menos todos os comentadores entendem que o aviso do Bispo é essencialmente correcto, mas que não foi conveniente proferi-lo em acto público (…)
“Daria o mesmo conselho ao primeiro-ministro, que, por essa altura, no Parlamento, invectivou a deputada Heloísa Apolónia de uma forma que pelo menos eu, que sou de uma geração em que as mulheres eram tratadas com punhos de renda (seria um pouco machista, mas era indiscutivelmente simpático...), apodaria de absolutamente incorrecta.
Mas a José Sócrates não há volta a dar! Quando sente um beliscão, responde logo com dois socos.
Vamos, porém, ao que interessa: porque não gostou da intervenção de Heloísa Apolónia, procurou amesquinhá-la dizendo que “Os Verdes” não são mais do que um ‘embuste político’ e um ‘apêndice do PCP’. E fez mais: acrescentou que esse partido era, como as melancias, “verde por fora e vermelho por dentro”.
Jovem como é, Sócrates talvez não soubesse que essa piada de péssimo gosto era usada pelos salazaristas quando falavam, por exemplo, de um livro: “azul (a capa) por fora, mas vermelho (esquerdista) por dentro”.
Ora aqui temos mais um exemplo de uma coisa em que pode pensar quem quiser - mas melhor seria que se calasse. O primeiro-ministro foi muito deselegante, pois “Os Verdes” têm tanta legitimidade para estar no Parlamento como o PS.
Mas andou com sorte José Sócrates: poderia Heloísa Apolónia ter-lhe pago na mesma moeda, dizendo algo em que pensará, mas que pelo menos no momento achou preferível calar: ou seja, que por vezes da prática do PS se pode dizer que é rosa por fora mas laranja por dentro”.

Ler Sérgio de Andrade IN
http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=1121314

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