01/02/2009

Borboletas em fuga devido às alterações climáticas

O romancista inglês Charles Dickens escreveu um dia: “Só peço para ser livre. As borboletas são livres”. Mas serão mesmo?
Com efeito, uma borboleta mediterrânea que voava pelos Alpes já fez soar o alarme e uma investigação sobre o efeito das alterações climáticas na Europa deu o aviso: as borboletas podem desaparecer do continente nas próximas décadas, voando para Norte, mas outras podem mesmo extinguir-se, incluindo as que têm o seu habitat em Portugal.
O Sul da Europa será a zona mais fustigada, uma vez que as espécies vão começar a fugir para norte para procurarem temperaturas mais amenas. Portugal não é excepção e, provavelmente, perderá muitas espécies.
O estudo ‘Climatic Risk Atlas of European Butterflies’ veio dar a confirmação: se a temperatura do planeta continuar a aumentar a um ritmo elevado, dentro de décadas os entomólogos europeus terão de se mudar todos para a Escandinávia, pois será este o único local do Velho Continente onde encontrarão borboletas.
Este estudo, organizado por peritos de cinco países, refere que a subida dos termómetros, num primeiro momento, vai alterar o ciclo reprodutivo dos insectos. Porém, há outras consequências graves do aumento da temperatura: o desaparecimento de vários tipos de vegetação. Ora, sem plantas, não há borboletas.
Por isso os responsáveis deste estudo não têm dúvidas de que os humanos deviam tomar este como um sério aviso, porque, se agora são estes pequenos animais a sentir as alterações climáticas na pele, mais tarde serão os seres humanos.
Esta fuga das espécies para Norte pode ter também um outro efeito. Em Portugal, por exemplo, vai começar a existir uma ‘invasão’ das espécies típicas do Norte de África. No Alentejo, as borboletas-monarcas têm aparecido a um ritmo alucinante. Esta espécie, típica do Norte de África, começou por ser vista na Andaluzia, mais tarde no Algarve e, hoje, já são várias populações com habitat em Odemira.
A presidente do Centro de Conservação das Borboletas de Portugal corrobora a ideia de que as alterações climáticas terão um “efeito devastador” nas espécies e alerta para “várias extinções de borboletas no Norte de Portugal”.
Já o autor do livro Borboletas em Portugal lembra aquela que “as borboletas para sobreviverem vão acabar por fugir para as montanhas, para a altitude, já que estes são territórios mais poupados pelo homem”.
Lembra ainda que há muitas espécies que não conseguirão ir longe, pois “se no próximo século não for nada feito em termos de aquecimento global, daqui a 50 anos, há espécies que não vão para Norte nem vão para lado nenhum, vão desaparecer”, lamenta este especialista português. A ‘fuga’ das borboletas para Norte será muito difícil, uma vez que muitas espécies não passarão a difícil barreira física que são os Pirinéus”.
Donde, o aquecimento global ameaça assim ser o grande responsável pelo desaparecimento das borboletas. Os europeus devem tomar este facto como um aviso. Porque, como alertam os biólogos responsáveis pelo estudo, “hoje são as borboletas, amanhã podem ser os humanos”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente hoje, pode ser bem visivel a fuga das borboletas...