31/05/2009

Há demasiadas auto-estradas e pouca mobilidade ecológica

Um especialista em desenvolvimento sustentável considerou hoje que em Portugal “há demasiado investimento em auto-estradas em detrimento da mobilidade ecológica”, lamentando que o consumo de energia no sector do transporte seja “cada vez mais parecido ao dos EUA”.
“Em Portugal, como no resto da Europa, o investimento em auto-estradas para o transporte rodoviário tem sido demasiado elevado e os fundos comunitários não foram aplicados na mobilidade ecológica”, afirmou um dos redactores da Agenda 21, o Plano de Acção para o Desenvolvimento Sustentável consagrado na Cimeira da Terra de 1992.
Falando à margem da conferência internacional ‘Roteiro Local para as Alterações Climáticas: Mobilizar, Planear e Agir’, que até 6ª fª reuniu em Almada vários especialistas nacionais e internacionais, bem como responsáveis autárquicos, para debater o papel dos municípios na luta contra o fenómeno climático, aquele técnico lamentou que o “consumo de energia em temos de transporte esteja a tornar-se cada vez mais semelhante ao dos EUA”.
“Isto é altamente negativo e preocupante. As pessoas sempre apontaram o dedo aos americanos, mas vocês [portugueses e europeus] estão a seguir o mesmo caminho”, salientou o canadiano especializado em urbanismo e desenvolvimento sustentável.
Segundo o relatório ‘Climate for a Transport Change’, divulgado no ano passado pela Agência Europeia do Ambiente, Portugal apresentava o quinto pior resultado dos 27 Estados-membros da União Europeia no que diz respeito ao aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) associados ao sector do transporte.
O documento, que analisou as tendências mais marcantes no sector de transportes da Europa, referia que as emissões de GEE ligadas a esse sector aumentaram 96% entre 1990 e 2005 em Portugal, valor apenas ultrapassado pela República Checa, Chipre, Irlanda e Luxemburgo.
O mesmo estudo, baseado em dados de 1992 a 2004, adiantava que o investimento na rede rodoviária em Portugal era aproximadamente quatro vezes acima do investimento feito na ferrovia, e que os portugueses utilizam cada vez mais o transporte individual em detrimento do transporte colectivo, nomeadamente autocarros e comboio.
Segundo o autor do livro ‘Welcome to The Urban Revolution, How Cities Are Changing the World’, a forte aposta na criação de auto-estradas teve também outras consequências: “Portugal está a desenvolver-se cada vez mais num padrão suburbano e os portugueses começaram a ter um modo de vida ao estilo norte-americano, ou seja, em que vão trabalhar de uma área semi-rural para as grandes cidades”.
“Isto é altamente ineficiente no que toca às emissões por quilómetro e a eficiência energética", criticou o especialista, lembrando também que os portugueses são dos povos da UE que "menos recorrem a meios de transporte alternativos”.

Ver Lusa doc. nº 9728184, 28/05/2009 - 18:13

1 comentário:

Mário Pinto disse...

Lógico.
Desde falta de planeamento urbanistico à falta de transportes alternativos, também no seu aspecto económico, passando pela politica ambiental dos 33 últimos anos, cada vez mais se atiram potencialidades ecológicas às malvas.

CDU!

A revolução é hoje!