10/06/2009

Bicicleta que produz electricidade

É desde pequeno o inventor da família. Desde criança que foge para a garagem para inventar. A última invenção foi uma bicicleta que produz energia, concebida por amor de uma cadela bebé com medo do escuro.
Aproveita materiais que mais ninguém quer e passa a maior parte do tempo a inventar. Na garagem da sua casa na Maia, ainda se vê o que resta de uma pequena discoteca que criou na adolescência. Ao lado, os carros, que já equipou com sistemas de segurança e bancos antifadiga.
Em 2006, criou um sistema auxiliar de auto-recirculação de ar. Um mecanismo para automóveis que ia trazer maior rendimento ao veículo e ao mesmo tempo seria menos poluente. Registou a patente, e participou em algumas feiras espanholas. Ganhou certificados, uma medalha de bronze e apesar do esforço que fez para comercializar o invento, nunca teve apoios em Portugal.
Em Outubro de 2008 terminou a última invenção. Uma bicicleta ecológica capaz de produzir energia. Uma bicicleta antiga, ferros, um voltímetro, um velocímetro, fusíveis e tantos outros materiais reaproveitados transformaram o simples acto de pedalar em energia com capacidade para acender candeeiros, televisões ou carregar telemóveis. Demorou cerca de dois meses a concluí-la. Dedicava-lhe “dias, noites, fins-de-semana. Todos os tempos livres que tinha. Escolhi a bicicleta porque isto acaba por ter dois efeitos: serve para fazer exercício e beneficia o ambiente, porque é uma forma de poupar alguma energia”.,
Ao olhar para a cadela, no jardim, afirma a sorrir que foi ela que o fez criar a bicicleta. “Quando ela era pequenina, ficava sozinha e para não ter medo criei um sistema de lâmpadas. Mas para não gastar muita electricidade, lembrei-me de usar baterias. A bicicleta foi uma forma de as carregar”.
O material que não conseguiu aproveitar, comprou. Ao todo, gastou cerca de 200 euros. Em troca, poupa na factura da electricidade. “Os ginásios podiam adoptar este tipo de soluções. Todas as máquinas têm movimento e era só aproveitá-lo para produzir energia. Já servia, pelo menos, para a iluminação”.
O registo desta patente é uma hipótese que não afasta. No entanto, “há algumas variantes deste tipo de equipamento. Quando a fiz pensei que fosse única, mas não. A maneira como está concebida é que é nova”.
O tempo que dedica aos inventos deixou-o muitas vezes “à margem da família”. Depois do trabalho, passava longas horas a “exercitar a massa cinzenta” e estava mais ausente da família. Os amigos adoram as invenções, “tiram fotografias” e “acham fenomenal”.
Hoje, com 34 anos, trabalha numa empresa de automóveis e garante que a partir de agora as coisas vão ser diferentes. “Vou casar e isto vai ser o fim de um ciclo e o começo de outro”. Talvez mude o ‘ramo’ das invenções. Pelo menos por agora.

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